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terça-feira, 6 de setembro de 2016

A que se atribuem as variações de raça?



RAÇA — actualmente a própria palavra traz a muitas mentes os preconceitos demonstrados de alguma forma em quase toda parte do mundo. Compreensivelmente, a falta de conhecimento é a fonte aparente de tanto preconceito. As pessoas perguntam: ‘A que se atribuem as variações de raça?’
Responder a esta pergunta exige, primeiro de tudo, que descubramos o que significa o termo “raça”. Numerosas definições têm sido sugeridas, usualmente variando uma da outra apenas em pequenos pontos. Em geral, contudo, “raça” é um grupo de pessoas que descenderam de um ancestral comum, e que têm certas semelhanças físicas, tais como a cor da pele ou a estatura.
Falando-se estritamente, há apenas uma única raça humana! Virtualmente todos os antropólogos concordam neste ponto. Assim, na Terceira Declaração Sobre Raça da Organização das Nações Unidas Para a Educação, a Ciência e a Cultura, vinte e dois peritos afirmam: “A humanidade é uma só . . . todos os homens pertencem à mesma espécie, Homo sapiens. . . . todos os homens são provavelmente derivados do mesmo tronco comum.”
Mas, se isto é verdade, por que existem todas as variações no tamanho do corpo humano, na cor, na forma e nas habilidades? Por um lado, os homens que se ramificaram deste “tronco comum” estavam constituídos geneticamente de forma a permitir grande variação. Compreender como funcionam os genes humanos é de ajuda para se avaliar isto.
Os genes são diminutas partículas que determinam que características a pessoa herdará. Para cada característica, crê-se, as pessoas comumente herdam dois genes, um da mãe e outro do pai. Destes dois genes, o “dominante” sobrepujará o “recessivo” e determinará a característica que a pessoa terá.
Suponhamos, por exemplo, que certo genitor tenha um gene para os cabelos negros e o outro genitor tenha um gene para cabelos louros. Se o filho tiver cabelos pretos, é evidente que o gene para os cabelos negros era o dominante.
À medida que a família humana cresceu de seu pai e mãe originais, houve grande dose de mistura. As moças com genes para o cabelo negro e crespo, para citar um exemplo, encontraram e se casaram com rapazes com genes para cabelos louros e lisos. Isto, naturalmente, seria também o caso das outras características, tais como a cor da pele, o formato da boca, do nariz e das orelhas.
No entanto, à medida que os grupos de pessoas se isolaram da maior parte da humanidade pelas barreiras geográficas, linguísticas e outras, escolheram-se cônjuges necessariamente de uma esfera menor. A variação se limitava ao “grupo” restrito de genes disponíveis de imediato. Por conseguinte, naquela área restrita, certas características tais como cabelos lisos ou pele escura apareceram regularmente. Com o tempo, estas características diferençaram esse grupo ou “raça” de pessoas dos demais. Por esta razão, as pessoas hoje na Escandinávia têm comumente pele clara, ao passo que os isolados delas, como na Índia, são mais morenos.
Naturalmente, há limites nesta variação. As raças podem variar de tamanho, como um pigmeu de menos de um metro e meio para um watusi de uns dois metros e quinze centímetros, mas os genes humanos jamais permitem um homem de trinta centímetros ou um de uns 3,65 metros. Provando, contudo, que todos os homens são realmente parte de uma raça comum é o fato de que até mesmo as pessoas nos “extremos” da estatura ou da cor podem casar-se com outros membros da família humana e produzir descendência. Por conseguinte, as diferenças nos homens não são de grande magnitude. Bem pelo contrário, conforme observado pelo antropólogo Ashley Montagu:
“Todos os estudiosos de competência que consideraram o assunto crêem que, sem comparação, o maior número de genes são tidos pela humanidade em comum, e que não há provavelmente mais do que 10 por cento do total que sejam tidos em separado. Visto que os cientistas crêem que a humanidade obteve seus genes originalmente de um mesmo grupo de genes, esta grande semelhança não é surpreendente.
“Assim que chegamos abaixo da pele, a semelhança na base física sugeriria que o número de diferenças de genes que existem até mesmo entre as ‘raças’ mais ‘extremas’ do homem é inferior a 10 por cento.”

Evoluíram as Raças Para Ajustar-se ao Seu Ambiente?

Mas, visto que todos os homens provêm dum “tronco comum”, por que é que os homens de diferentes raças parecem tão bem ajustados a seu ambiente? Será que os esquimós, para exemplificar, se adaptaram ao clima frio pelo processo evolutivo? Ou, no extremo oposto, preparou a evolução apenas os povos de pele escura para viverem nos quentes climas tropicais?
Alguns cientistas fazem tal afirmação. Mas, será deveras verdadeira? No passado, alguns especularam que as características adquiridas por um genitor seriam transmitidas à prole. O erro desta teoria já abandonada se torna logo claro. Exemplificando: se dois genitores de pele clara ficassem com corpos profundamente bronzeados, sua prole não nasce com corpos escuros, será que nasce? Não. Ao invés, seus filhos precisam ficar expostos à luz solar para se escurecer da mesma forma. Os genes dos pais não foram alterados de modo a transmitir a pele escura.
Todavia, os cientistas hoje realmente crêem que as mudanças nas características raciais resultaram das mutações de genes, isto é, súbitas mudanças de genes. Tais alterações, crêem, são então transmitidas à prole. Mas, as mutações observadas resultaram principalmente em mudanças prejudiciais, e não em melhoramentos. Ademais, há grande incerteza quanto a como ocorreram tais supostas mutações. L. C. Dunn, da Universidade de Colúmbia, reconhece:
“Não se sabe como [certas mudanças no corpo] ocorreram na história; nem se sabe exactamente como as mutações ocorrem hoje, apesar da extensiva pesquisa biológica sobre esta questão nos últimos 30 anos.”
Bem, se não for pela genética, como explicamos por que as raças parecem tão bem adaptadas a seus ambientes?

Mais do que os Genes São Responsáveis Pelas Raças

Tais ajustes são principalmente culturais. As influências culturais ou ambientais são extremamente persuasivas. Com efeito, até mesmo antes de uma criança nascer, o estado emocional de sua mãe, grandemente determinado pelo próprio ambiente dela, começa a influir na mente e no corpo da criança. Daí, desde o momento em que a criança nasce, vê-se mergulhada num modo de vida constituído das vistas, dos sons, cheiros e clima locais, bem como “maneiras peculiares” de fazer as coisas.
Por exemplo, os esquimós criaram roupas especialmente pesadas, também habitações que os protegem de temperaturas abaixo de zero. Ademais, com o tempo, surgiu incalculável familiaridade com a geografia do árctico e dos modos de agir dos animais que fornecem aos esquimós muitas das necessidades da vida.
Mas, não são os esquimós protegidos do frio por um metabolismo mais alto herdado? Não. Ao passo que o metabolismo dos esquimós é às vezes cerca de um terço mais alto do que o dos estranhos que chegam a seus ambientes frios, não é herdado, mas tem origem dietética. Removendo-se sua usual dieta de elevadas proteínas de carne, a taxa metabólica dos esquimós cai em questão de dias.
A respeito desta e de outras aparentemente “inatas” adaptações, os evolucionistas J. F. Downs e H. K. Bleibtreu declaram em Human Variation (Variação Humana; 1969):
“Podemos ver que os esquimós desenvolveram muitos instrumentos culturais para lidar com o frio . . . Seu nariz estreito, e o de certos povos vizinhos da Sibéria, tem sido chamado de adaptação que o ajuda a evitar aspirar grandes quantidades de ar frio nos seus pulmões. O fato de que alguns povos vivem em climas igualmente frios sem esta característica sugere que sua importância adaptava é apenas uma suposição. Similarmente, o amplo nariz que amiúde encontramos na África, na Austrália e na Nova Guiné, segundo se afirma, é um instrumento que resfria o ar; mas grande parte da Austrália, é muitíssimo fria à noite e os altiplanos da Nova Guiné jamais são excessivamente quentes. Na África, uma vez deixemos de lado os estereótipos, encontramos grande variedade de larguras de narizes . . . Falando-se em geral, as adaptações biológicas ao frio não são então bem entendidas e parecem ser, onde realmente existem, ajustes fisiológicos de curta duração — e não alterações genéticas evoluídas por meio da selecção natural.” — Páginas 201-203.
Mas, o que dizer da cor da pele? Não resultou isto da evolução, de modo que o homem negro, por exemplo, acha-se melhor adaptado para os trópicos? Note a resposta do biólogo de Londres, Alex Comfort:
“Talvez suponhamos que a cor da pele seja ou tenha sido adaptativa, mas permanece o fato que, salvo por aqueles indivíduos brancos que se queimam sem se bronzear, nenhuma raça parece ter nítida vantagem ou desvantagem hoje por motivo da cor em seus encontros com o calor ou a luz solar. A única exceção é na resistência ligeiramente superior ao câncer da pele que se observa nos povos de pele escura nas partes do corpo expostas ao sol. À parte disto e do fato de que não sofrem queimaduras do sol, os negros não dispõem de qualquer outra grande vantagem em suportar o calor, em comparação com os homens brancos adaptados.”
No entanto, as pessoas de pele branca, recém-chegadas nos trópicos, amiúde têm problemas por causa das formas incomuns de vida e de uma variedade de doenças ali. Os nativos, por outro lado, cabalmente adaptados a este modo de vida, podem vicejar.

in Despertai de 22/8/1973 pp. 5-7

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