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segunda-feira, 16 de junho de 2008

Habitantes das montanhas


MONTANHAS elevadas que penetram nas nuvens e atingem altitudes estonteantes talvez pareçam a nós, humanos, friamente majestosas, solitárias, até mesmo proibitivas. Todavia, para uma grande variedade de animais selváticos elas são o lar. Algumas destas criaturas nunca pensariam em descer a uma altitude mais baixa. E a observação delas num zoológico, mesmo que sobrevivam a tal experiência humilhante, não dá uma idéia realística do seu modo de vida entre os picos e os abismos.
Algumas destas criaturas não são bem conhecidas por nós, ao passo que os nomes de outras se tornaram palavras quase que familiares. Por exemplo, já ouviu falar do niala, com os seus chifres espiralados que chegam a medir até mais de um metro de comprimento? Foi descoberto em 1908, numa altitude de 2.700 metros, nas montanhas do sul da Abissínia. Por outro lado, quem é que não ouviu falar da chinchila? A variedade montanhesca vive numa altitude de 5.000 metros.
Naquelas altitudes há também aves que voam alto e fazem seus ninhos em lugares inacessíveis. Há grande variedade de aves, tais como falcões, águias, o pato fusco, o estorninho zaino de bico fino e uma multidão de outras.
Podemos olhar mais de perto para alguns destes moradores lá no alto, sem arriscarmos a vida ou quebrarmos os ossos? Sim, podemos, pois outros já subiram a tais altitudes atordoadoras e registraram suas observações de primeira mão para nosso benefício.


O Gorila das Montanhas


Comecemos com o gorila das montanhas, o símio gigante descoberto nas grandes elevações das florestas do oeste da África, em 1847. A belicosidade noticiada desta criatura, sua enorme força e o isolamento de sua habitação têm estimulado a imaginação do homem e criado um pouco de mistério, suscitando o interesse popular e científico.
A expedição para investigar os primatas africanos partiu em fevereiro de 1959 para esclarecer o mistério. Alcançar seu objetivo envolveu percorrer as florestas e subir às montanhas encobertas por nevoeiros. Por fim, em janeiro de 1961, chegaram ao lugar de morada do gorila das montanhas, cuja população supostamente soma no total entre 5.000 e 15.000. Durante as 466 horas que passaram em plena vista destas criaturas poderosas, aprendeu-se e registrou-se muita coisa.
Ao todo, os membros da expedição tiveram a oportunidade de estudá-los em 314 encontros separados. Imagine um destes enormes animais aproximar-se a cinco metros de distância — sem que nada lhe impeça chegar-se ainda mais perto! Esta foi a experiência de um dos membros do grupo visitante.
Estes camaradas enormes se levantam cedo, por volta das 6 horas da manhã, e se recolhem por volta das 18 horas. O desjejum pode durar umas duas horas, sendo que seus corpos maciços se locomovem de um petisco para outro. Aproximadamente das 10 às 14 horas, ficam ociosos. Depois começam novamente a buscar alimento — alimento em maior variedade do que qualquer zoológico proveria. Colecionaram-se um total de 100 plantas alimentícias nas diversas áreas em estudo, o que de modo algum constitui uma alimentação monótona!
Os observadores notaram que estas criaturas possuem um total de umas vinte e duas pronunciações ou vocalizações distintas, oito delas ocorrendo com bastante freqüência. Há um murmúrio suave — indício seguro dum símio contente. Uma série de grunhidos abruptos serve para manter o grupo unido. Um grito dissonante pode dar a impressão de que se comete um assassinato. É mais provável que seja apenas uma altercação com muitos blefes. Um grito estridente indica que um filhote tem medo de ser deixado para trás. A mamãe, sem dúvida, responde logo.
Mas que dizer daquele gesto notório dos gorilas, de baterem no peito? Para isso terá que ter paciência, pois não acontece freqüentemente. Mas uma vez que começa, presencia um verdadeiro espetáculo! Começa com uma série de sons semelhantes à buzina, após os quais o animal, ‘buzinando’ num ritmo mais acelerado, se levanta nas pernas traseiras como uma montanha de pêlo, lança algumas plantas ao ar, dá pontapé com uma perna e no auge bate no seu peito maciço diversas vezes com as mãos em concha. Daí corre lateralmente, batendo e arrancando a vegetação, e finalmente bate no chão com palma pesada. Estas batidas no peito foram gravadas; seus urros de alta intensidade são provavelmente os sons mais explosivos em todo o reino animal!
Um exame mais de perto destes brutos poderosos, que pesam até duzentos e setenta quilos, revela que, quanto à vista, ao ouvido e ao olfato, suas faculdades são aproximadamente iguais às do homem. Locomovem-se quase sempre de quatro. O mais longe que se viu um deles andar ereto foi a distância de vinte metros. É também interessante que durante todas as horas de observação nem uma única vez se viu um gorila usar qualquer espécie de instrumento.
Os membros mais jovens do grupo se entregam a uma série de brincadeiras: seguir a um líder em fila indiana, correr, trepar, deslizar e brincar de balança. Levam uma vida relativamente pacífica. Raras vezes se ouvem brigas. O banho de sol é uma das suas principais formas de descanso. Deitam-se de costas, com o peito peludo exposto aos raios quentes do sol. Sempre que chove, qualquer árvore oferece abrigo, ou podem simplesmente ficar sentados juntos, com os ombros encurvados, ao ar livre, esperando pacientemente que passe a tempestade.


Os Camelos das Montanhas


Agora, folheando as anotações dos naturalistas, demos uma olhada nos camelos das montanhas, no seu próprio meio-ambiente, lá no alto dos Andes sul-americanos, nos desertos de pedra ou punas. A vicunha é selvática, muito prezada pelo seu pêlo, ao passo que o lhama é domesticado, genuíno navio do deserto. Têm aspecto bastante diferente da criatura que costumamos chamar de "camelo", no entanto, ambos são verdadeiros camelos.
O lhama é principalmente animal de carga, mas um animal de carga sem igual, pois pode carregar fardos pesados mesmo no ar rarefeito das altas montanhas, amiúde abaixo de zero e no meio de fortes ventos e nevascas uivantes. Todavia, não aceita nem um quilo a mais de carga do que deseja carregar. Os lhamas ficam gordos e lustrosos naquelas encostas despidas, onde não se pode ver nenhuma folha de grama e onde há apenas rocha e areia.
Mas como sobrevivem? É nisto que se mostra a sua habilidade de alpinistas! Procuram petiscos deliciosos (isto é, para eles), tais como líquem-das-renas, outros líquens e cactos, que conseguem em pastos incrivelmente escarpados.
O lhama tem também equipamento especial, e precisa dele, pois alguns dos maiores caçadores do mundo animal vão atrás dele — a suçuarana e o jaguar. Os dedos macios e acolchoados dos pés, quase que como garras, permitem-lhe apegar-se às superfícies muito íngremes, como se tivesse copos de sucção em lugar de pés. Os próprios pés, muito soltos nas articulações, muitas vezes parecem desconjuntados, visto que se ajustam a todo ângulo e fenda.
Uma vista comum, mas espantosa, é ver o rebanho de lhamas pastando em rocha aparentemente despida, tão íngreme que nem mesmo o índio nativo encontra apoio! Ainda outra vista emocionante é ver um único lhama atravessar saliências despidas ou andar através do gelo vítreo duma geleira, centenas de metros acima duma torrente impetuosa. Parece que um passo em falso, poderia lançar a criatura no abismo.
A vicunha, por outro lado, não é mantida em rebanhos. É famosa pelos seus movimentos erráticos e rápidos, e pelos seus enormes pulos. A cerca de cinco mil metros acima do nível do mar, podem ser vistas correr com tal velocidade, que apenas se consegue ver a poeira que levantam, e depois parar instantaneamente. Podem dar saltos de até cinco metros, retorcer-se no ar, e, no momento em que seus pés tocam no solo, disparar como loucas em outra direção inteiramente diferente.
Às vezes se pode ver um rebanho de cinqüenta ou mais correr em círculo, brincar de eixo-badeixo, dar saltos mortais para frente ou para trás, como que para proclamar a sua liberdade. Ao menor sinal de perigo, se desvanecem numa nuvem de poeira. Evidentemente, não têm a mínima idéia, do perigo existente no seu elevado pátio de recreio. Amiúde se ferem ou morrem em quedas, apesar da idéia popular de que nunca dão um passo em falso.
É interessante que parecem ser simplórias. As vicunhas voltam vez após vez ao mesmo lugar de pouso, mesmo que várias delas sejam mortas cada noite. De modo que tudo o que o caçador precisa fazer quando encontra um lugar de pouso é esperar. Apanhará a sua caça na certa. A vicunha não pula por cima, nem rompe ou cruza qualquer barreira, não importa quão frágil. Esta talvez consista apenas em duas cercas de corda fraca, usadas pelos índios para fazer os animais descer num funil, em cuja extremidade podem ser mortas ao emergirem. Elas não tentarão romper a leve barreira de corda!
Seu pêlo valioso fez das vicunhas alvo especial dos caçadores. Um casaco de vicunha é tão fino e leve, que um manto de uns três metros quadrados pode ser dobrado e apertado num pacote de uns vinte e três por trinta e cinco centímetros, e não ter mais de dez centímetros de grossura — um pacote que pesa menos de dois quilos. Os governos do Peru e da Bolívia tiveram por fim de promulgar leis estritas para refrear a matança em massa destas criaturas amantes da liberdade.


Outros Alpinistas Intrépidos


O cenário muda agora para as montanhas do noroeste da América do Norte. Ali habita o cabrito montês de olhos amarelos, na realidade um antílope. Com a sua barba branca balançando serenamente ao vento, faz lembrar um velho professor, a quem o vê. No entanto, nenhum professor poderia acompanhar esta criatura das mais firmes no passo. Vestido de quente roupa de baixo, de lã de sete a dez centímetros de grossura, leva uma vida árdua e difícil acima da linha onde acabam as árvores. Seu casaco é longo e emaranhado, também de pura lã. Mas os naturalistas não têm muita certeza de como, apesar de tal equipamento, ele consegue sobreviver às condições árticas do norte das Montanhas Rochosas. Este animal larga às vezes tanta lã, que os índios podem ajuntar vários alqueires dela num espaço de poucos metros quadrados.
A segurança de passo deste cabrito é realmente fenomenal. Ele raras vezes avança a menos que tenha certeza do que tem na frente de si. Todavia, se a trilha elevada acaba em nada, não fica em pânico. Ele pode retroceder de costas até poder dar volta, ou pode erguer-se nas patas traseiras, com centenas de metros de abismo abaixo de si, encostar-se firmemente contra o rochedo, virar-se por dentro e deixar-se novamente cair sobre as quatro patas, tão facilmente como nós subiríamos à calçada. Mas este não é o limite do seu atrevimento. Pode preferir antes desafiar o abismo embaixo, esticando-se simplesmente para cima e se segurando numa pequena saliência de rocha, e puxar-se ainda mais para cima.
Iguais ao lhama, estes cabritos monteses têm os seus próprios sapatos especiais. A sola de cada dedo do pé é côncava e age como copo de sucção. As fendas entre os dois dedos se abrem para a frente, de modo que quando o animal desce numa encosta lisa de rocha seu peso abre os dedos ainda mais para lhe dar um passo seguro. Estas criaturas têm muita curiosidade a respeito dos homens que de vez em quando invadem interessados o seu meio ambiente montanhesco.
E depois há o carneiro das montanhas rochosas, também nascido num mundo de picos elevados. Esta criatura é realmente um animal ovino, mas sem a tradicional lã. Ele também é ágil e ligeiro de pé. Observou-se um carneiro velho, na Sierra Diablo, no oeste do Texas, descer um penhasco quase vertical de quinze metros de altura. Outro deu um salto de quase cinco metros sobre um abismo. Os carneiros monteses andam na maior parte em rebanhos. As mães vigiam severamente enquanto os cordeirinhos se divertem, brincam de pegador, seguem a um em fila indiana, pulam sobre rochas, correm em volta de picos e se dão cabeçadas.
Outro vizinho nesta região montanhosa do norte é o chamado castor das montanhas. Trata-se realmente dum nome impróprio, pois ele não é verdadeiro castor. Não tem cauda e não tem a reputação do verdadeiro castor quanto à diligência. Ora, o teto do seu túnel é muitas vezes tão fino que desaba. Se o entulho o incomoda, ele simplesmente o ajunta e empurra para fora. Pode ser visto durante o inverno inteiro, seguindo a sua rotina diária, pois não é criatura que hiberna.
Por fim, vamos dar uma olhada no hírax, na região em que normalmente habita, no Monte Quênia, na zona alpina da África. Sem cauda, com o tamanho aproximado dum coelho, diz-se que esta criatura peculiar está aparentada com o elefante e o rinoceronte. Seu esterco é peculiar, pois contém o hiráceo usado nos perfumes elegantes. Menos sofisticado e menos ágil do que alguns dos seus vizinhos montanheses, o hírax mora em tocas, em temperatura um pouco acima do congelamento. Está equipado com um casaco de pêlo marrom de uns cinco centímetros de grossura. Seus primos moram nas pradarias baixas, onde é mais quente, de modo que o seu pêlo tem apenas a grossura de um centímetro e pouco.
Portanto, onde quer que haja elevações montanhosas em toda a terra, há criaturas interessantes que consideram as montanhas o seu lar. A inacessibilidade significa para estas criaturas principalmente segurança contra predadores humanos. Há grandes e pequenas. Incluem uma grande variedade: o forte gorila, a vicunha risonhamente livre, o pacato cabrito montês, o estólido lhama de carga e o ligeiro castor das montanhas. Se vir alguma vez um destes num jardim zoológico, imagine mentalmente o mundo limpo e airoso de picos e abismos que eles chamam de lar.


*** g70 8/7 pp. 17-21 ***

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OBRIGADO RUI COSTA!

AMOR MEU, DOR MINHA

DOR MINHA QUE BATES NO CORAÇÃO,
OLHOS TEUS QUE CRUZAM COM A PAIXÃO;

PARA ONDE FORES CONTIGO IREI,
ONDE ESTIVERES AÍ FICAREI;

NA ROTA DO AMOR BUSCAMOS SINTONIA,
SENDO O MAIS IMPORTANTE A COMPANHIA;

FELIZ AQUELE QUE TE AMA,
E QUE PODE ALIMENTAR A CHAMA;

FICAREI. FELIZ. SINTO O TEU ABRAÇO FORTE,
SINTO QUE O AMOR NÃO ALIMENTA A MORTE;

POR TUDO ISTO UM ADEUS NÃO PERMITO,
NO NOSSO CORAÇÃO O AMOR NÃO É MALDITO.