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sexta-feira, 22 de abril de 2011

Raridades e Recordações ( 54 )

Tem a palavra "gay" mas não é o que parece.

O ábaco — calculadora de contas do oriente


NA LOJA local, no Japão, uma senhora comprara vários itens. “Quanto é, por favor?” — pergunta ela. O lojista japonês apanha seu ábaco, e, com rápida inclinação e golpe de mão, ‘limpa-o’ dos cálculos anteriores. Daí, tão rápido quanto possa citar os preços individuais, soma-os. Ao citar o último preço, ele lê o total. A senhora paga a quantia sem mais perguntas. Para ela, a resposta tem tanto peso como a de uma caixa registradora.

Um viajante num banco de Tóquio resolve cambiar em ienes todo o seu dinheiro de bôlso. O funcionário apanha seu ábaco e, em menos tempo do que levaria para anotar os algarismos para multiplicá-los, fornece a resposta. Olhando em volta do banco bem-equipado, o ocidental talvez fique intrigado. Há muitas máquinas de calcular modernas e máquinas de escrever. No entanto, cêrca de três quartos dos empregados confiam no ábaco para fazer seus cálculos.

Sim, seja onde fôr no Japão ou na China, com certeza verá a versão oriental desta mais antiga das calculadoras, o ábaco, em uso constante. Ao ver o lojista usá-lo para adicionar alguns números, talvez tenda a desprezar seu verdadeiro valor. “Por que não fazê-lo mentalmente ao invés de confiar em sua calculadora de contas?” — talvez pense. Pelo menos foi assim que pensei quando fui à primeira vez ao Japão e vi quão dependentes pareciam ser as pessoas de sua calculadora de contas.

Não obstante, quando se vê que os funcionários e caixas de banco usam o ábaco para resolver problemas mais complexos, sem dúvida o respeitará mais. Se perguntar sobre ele, talvez se lhe diga que o operador não só calculou o problema naquele curto tempo, mas o verificou por inverter o cálculo a fim de obter os números originais. “Deveras surpreendente!” — pensará. Tudo isso com uma armação de madeira que contém algumas contas?

Dos Tempos Antigos à Atualidade

O ábaco é um dos mais antigos instrumentos de contar conhecidos pelo homem. Era usado, por exemplo, pelos antigos gregos e romanos. Visto que os numerais romanos não têm um sistema de valor-posição, nem o conceito de zero, alguma espécie de ajuda no eáleulo era essencial. Se tentar somar os numerais romanos XCVIII e LXXXIX, apreciará melhor o problema. O esforço de multiplicar estes dois números demonstrará ainda mais o problema. O desenvolvimento de numerais ‘arábicos’ com seu sistema de valor-posição reduziram a necessidade do ábaco no Ocidente.

No entanto, entre os chineses e japoneses, o ábaco encontrou um nôvo lar acolhedor: Mas até no Ocidente, há uma forma simples de ábaco em uso atualmente que muitos conhecem. Sim, o leitor talvez tenha começado a obter conhecimento dos números por meio dum instrumento semelhante ao ábaco. Trata-se dum pequeno jogo de barras horizontais com contas coloridas que se acha nos quadrados ou “chiqueirinhos” de brinquedos das crianças em todo o mundo.

O ábaco chinês é chamado snan-pan, ao passo que a versão japonêsa é conhecida como soroban. Os ábacos orientais dispõem de varas verticais divididas em dois, com as contas sobre a barra tendo o valor cinco vêzes superior aos das contas abaixo. Observe que na ilustração, o suan-pan chinês dispõe de duas contas acima da barra ou divisor e cinco abaixo. O moderno soroban japonês por outro lado, tem uma conta acima e quatro abaixo do divisor.

Uma diferença básica entre os ábacos japonês e chinês é o tamanho e a forma. A versão japonêsa usa contas menores e usualmente dispõe de mais varas. O ábaco chinês usa contas maiores e tem menos varas. O ábaco japonês, por conseguinte, é comprido e estreito, ao passo que o ábaco chinês não é tão comprido. A construção menor do instrumento japonês contribui para a manipulação mais rápida, ao passo que a construção mais larga do ábaco chinês torna menos provável o movimento acidental das contas e também facilita a leitura. No entanto, a tendência aqui em Formosa nos dias atuais é de mudar para o estilo japonês.

Aprender os Princípios Básicos

Decidi aprender os rudimentos de operação do ábaco. Comprei o ábaco japonês padrão, com seis centímetros de largura por trinta centímetros de comprimento. Sobre a barra divisória há um pontinho em certas varas. O operador seleciona uma delas como a vara unitária. A vara à esquerda é a vara das dezenas, a seguinte à esquerda é a das centenas e a terceira à esquerda é a vara dos milhares.

O valor das varas à direita diminui às dezenas, de modo que igualam os décimos, centésimos e milésimos, e assim por diante. É, assim, um sistema decimal.

Foi-me explicado que o ábaco é ‘limpado’ por uma inclinação rápida em direção à sua própria pessoa, de modo que as contas todas escorreguem para a base das varas, ou, no caso das contas superiores, para o divisor. Daí, as contas superiores são levadas para cima por rápido movimento junto à sua ponta inferior pelo dedo indicador.

Se agora erguer uma conta na vara unitária até que entre em contato com a barra ou divisor, lançou um no ábaco. Puxe outras duas destas contas e agora terá três das contas inferiores na posição superior, de modo que tem três lançado no ábaco.

Agora, abaixe a conta superior (que possui um valor cinco vêzes maior que as contas abaixo do divisor), e terá adicionado cinco. Isto significa que tem cinco acima do divisor e três abaixo da barra divisória, tendo um total de oito. Se desejar adicionar outros três, não disporá de suficientes contas restantes na vara das unidades, de modo que tem de passar para a vara das dezenas à esquerda. Não pensa em têrmos de 8 + 3 = 11, mas pensa em têrmos de 3 = 10 - 7. Remove sete por fazer deslizar o cinco para cima e duas das contas unitárias para baixo. Daí, adiciona dez, (isto é, move para cima uma conta da vara à esquerda da vara unitária) e o resultado será onze, como na ilustração. Naturalmente, há muitos modos de explicar como operam estas regras de movimentação, mas, na prática real, tornam-se automáticas.

Quando dispõe de números maiores, como procede? Simplesmente começa à esquerda, ou na coluna mais alta envolvida em seu cálculo, e trabalha da esquerda para a direita. Assim, se tiver 548 e desejar somar 637, primeiro colocará 548 na calculadora. Daí, adiciona 6 ao 5. Segue a regra ou padrão 6 = 10 - 4 por remover o 5 na vara das centenas e adicionar 1 na mesma vara (-5 + 1 = -4) daí, adicione uma das contas de milhares à vara à esquerda. Daí, passa a somar o três ao quatro, o sete ao oito, e seu ábaco aparecerá como na ilustração. Pode ler a resposta? É 1.185.

Devido a operar assim, da esquerda para a direita, pode começar seu cálculo assim que saiba o primeiro dígito. Na aritmética mental ou escrita, calcula a partir das unidades ou do lado direito do problema. O ábaco possui uma vantagem.

Pondo Meu Conhecimento a Funcionar

Aprendi a somar e a subtrair, e, mais tarde, quando necessitei de mais adição, decidi pôr meu conhecimento a funcionar. Os resultados foram desapontadores às vêzes e encorajadores em outras. Decidi descobrir por quê.

O estudo dum folheto sobre a técnica me mostrou que não dispunha de sistema algum e que não usava os dedos da maneira correta. Aprendi que, com ábaco japonês, deve-se usar apenas o indicador e o polegar, e deve-se seguir uma ordem especial em movimentar as contas se desejar exatidão e velocidade. Com o ábaco chinês, o uso de um dedo adicional é recomendado, devido à sua construção mais larga.

Com pequeno estudo e prática, minha exatidão melhorou, de modo que, um amigo do ultramar que recentemente me visitou ficou surprêso de ver a mim, um ocidental, usar minha pequena calculadora oriental não só para somar e subtrair, mas também para multiplicar e dividir. Naturalmente, não sou de modo nenhum um, operador perito e, assim, sou muito vagaroso segundo os padrões japoneses e chineses, mas certamente economiza muito trabalho para alguém que de outra forma teria que depender da escrita dos números em colunas e somá-los laboriosamente.

Vantagens, Desvantagens

Uma distinta vantagem do ábaco é que os custos de manutenção também se harmonizam com seu baixo custo inicial. Recentemente, meu ábaco estava ficando tão pegajoso que eu estava tendo dificuldades em operá-lo. Resignei-me em ter de comprar um novo. Ao ir comprar um, mencionei meu problema. “Está bem”, disse o proprietário. “Temos um estojo de manutenção.” Consistia em cerdas que saíam da tampa de um invólucro plástico parecido a um saleiro. O estojo continha giz francês. Os buracos entre as cerdas permitiam que um pouco de giz saísse quando se usava a escova para escovar as contas. Algumas escovadelas e meu ábaco ficou como que nôvo, com as pequenas contas tirintando de um lado para o outro em escorregadas fáceis. Um tanto diferente da manutenção de uma calculadora elétrica!

Há, naturalmente, várias desvantagens a enfrentar. Uma delas é a falta de registro dos passos envolvidos no cálculo. Somente a resposta se torna disponível quando se termina o cálculo. Também, para se obter certo grau de perícia, muita prática se acha envolvida. Por não ter tal prática e raramente fazer cálculos, não raro sinto dificuldade em multiplicar e dividir, quando há vários dígitos envolvidos no multiplicador ou divisor.

O ábaco Oriental tem muita coisa a seu favor mesmo nesta era eletrônica. Todas as crianças japonesas e chinesas aprendem a manejar um ábaco na escola primária. Há também numerosas escolas para preparar os estudantes a fim de fazerem exames regularmente feitos no Japão. Há três graus principais a ser alcançados, e, se a pessoa se habilitar como operador de primeiro grau, ele ou ela tem muito melhor oportunidade de conseguir um bom emprego de escritório. Isto é verdade, muito embora a firma talvez disponha das mais recentes calculadoras.

O treino mental fornecido pelo uso do ábaco é outro fator de sua popularidade. Tamanho é o treino mental que certo operador de ábaco, Sr. Yoshio Kojima, segundo registrado, forneceu respostas corretas a cinqüenta problemas de divisão, cada um contendo de um a sete dígitos em seu dividendo e divisor, no tempo de um minuto, 18,4 segundos. Daí, em 13,6 segundos, adicionou dez números de dez dígitos cada um. Tudo isto sem seu ábaco, sem papel ou qualquer outra ajuda! Diz-se que tais homens fazem isto por resolverem mentalmente problemas num ábaco imaginário!

Ao passo que o ábaco na China e no Japão está cedendo um pouco de terreno para as máquinas mais sofisticadas, ainda detém firme posição no mundo comercial do Oriente. Apesar de seu futuro, este instrumento comercial do Oriente e brinquedo educativo do Ocidente detém uma posição ímpar no progresso do homem com a matemática. Sou um ocidental que verdadeiramente aprecia a calculadora de contas do Oriente.

in Despertai de 22/5/1972 pp. 17-20

Provérbio da semana ( 19:25 )

Deves golpear ao zombador, para que o inexperiente se torne argucioso; e deve-se repreender ao entendido, para que discirna o conhecimento.

sábado, 16 de abril de 2011

Mas afinal quem manda aqui?!

Raridades e Recordações ( 53 )

Ainda o amor... agora num templo!

A pedra de Roseta — chave dos hieróglifos egípcios



ERA o ano de 1799. A uns seis quilômetros e meio do pequeno povoado egípcio de Rashid, ou Roseta, uma unidade de soldados franceses trabalhava arduamente, fazendo alterações no Forte Julien. Lançados na defensiva pela vitória da armada inglesa sob Nelson, o exército francês debaixo de Napoleão se preparava para a última resistência.

Subitamente, um dos soldados deparou com uma pedra muitíssimo incomum. Era negra e possuía um som metálico quando se lhe batia com a picareta do trabalhador. Três cantos haviam sido quebrados. Olhando mais de perto, notou que estava coberta com uma escrita curiosa. Um oficial chamado Boussard reconheceu o valor da pedra. Inquestionavelmente, a escrita era muito antiga. O que é mais, havia tipos diferentes de escrita que constituíam a inscrição, um dos quais incluía caracteres gregos.

Quando Napoleão ouviu falar da pedra, ordenou que fossem feitas cópias da mesma, e, mais tarde, quando a pedra foi entregue como parte do despojo de guerra, foi levada para a Inglaterra. Por volta do fim de 1802, estava em exibição no Museu Britânico, onde ainda ocupa a posição mais destacada na Galeria de Escultura Egípcia.

A Pedra de Roseta é de importância para os lingüistas porque a sua inscrição se acha em duas línguas, egípcio e grego. No alto, os intrigantes caracteres hieróglifos são talhados na pedra, e em baixo disto, aparece a forma demótica, a forma mais popular e simplificada, a escrita do povo em geral. A última faixa contém a tradução grega.

Trabalho Primitivo Nesta Nova Chave

A escrita desconhecida sempre atraiu a curiosidade do homem. Mas, desvendar o mais difícil e secreto dos códigos não raro se prova simples pela comparação com alguns escritos antigos. No passado, os hieróglifos egípcios foram considerados erroneamente como simples adorno. De algum modo, pensava-se que os chineses estivessem envolvidos neles, e, na melhor das hipóteses, eram considerados como simbolismo puramente pictórico. Mas, na décima oitava centúria, foram feitas tentativas mais sérias para desvendar seus mistérios, e as idéias e teorias começaram a tomar forma.

A Pedra de Roseta foi rapidamente reconhecida como descoberta de valor imenso para os estudantes da história do Egito. A tradução da parte grega aparecera em francês e inglês por volta de 1802, e, armados disso, os estudiosos de diversos países começaram a estudar os textos egípcios. David Akerblad, orientalista sueco, identificou todos os nomes gregos na seção demótica e formou um alfabeto parcial de dezesseis letras. Seu erro, contudo, foi de pensar que a escrita demótica era exclusivamente alfabética.

Em 1814, um cientista inglês, Thomas Young, começou a fazer algum progresso com os hieróglifos. Começou a dividir a totalidade dos textos para corresponder ao grego. Notou algo que outros investigadores antes dele haviam comentado. Seis grupos de sinais estavam encerrados por um anel oblongo chamado cartucho, e isto os destacava de forma proeminente dos outros sinais. Suas posições correspondiam a um nome no texto grego, o do Rei Ptolomeu. Young tentou desvendar os sinais em letras e sílabas do nome dele.

Outro inglês, W. J. Banks, descobriu um obelisco na ilha de Philae, no Rio Nilo, e identificou o cartucho de Cleópatra. Continha três dos sinais encontrados no cartucho de Ptolomeu. Tendo outros textos hieróglifos para ajudá-lo, e um tanto de adivinhação judiciosa também, Young fez uma lista de mais de 200 palavras por volta de 1818, mas apenas um terço delas estava certo. Adicionalmente, contudo, foi o primeiro a compreender que muitos dos sinais tinham valor fonético ou silábico.

Nesse ponto, Young perdeu o interesse pelos seus estudos, e desapareceu de cena. O campo ficou aberto para o homem que deveria desvendar os segredos do antigo passado do Egito da maneira mais decisiva e final.

Champollion Intensifica a Pesquisa

Jean François Champollion não tinha ainda nove anos quando se encontrou a Pedra de Roseta. Em tenra idade, compreendeu que a antiga língua cóptica descendera da ainda mais antiga língua egípcia, e, assim, empenhou-se em dominar o copta. Que esta foi uma alpondra vital ficou demonstrado quando seu conhecimento do copta o levou a seu primeiro êxito com os hieróglifos.

À medida que vários sinais deixaram escapar seus significados por meio de intensivos e dolorosos esforços de Champollion, uma idéia simples, porém importante, lhe ocorreu, em 1821. Somou o número de sinais hieroglíficos da Pedra de Roseta, e descobriu que o total era 1.419. Mas, o texto grego continha apenas 486 palavras, assim, de modo patente, os hieróglifos não poderiam ser apenas ideografias ou símbolos, visto que havia três vezes mais deles.

Retornou ao nome Ptolomeu, já parcialmente decifrado por Young. Corretamente, leu-o agora como ‘Ptolomis’.

Com a descoberta do obelisco de Bankes, Champollion pôde também corrigir sua própria leitura sugerida do cartucho de Cleópatra. Tendo analisado estes dois nomes, letra por letra, Champollion estudou cada cartucho real ao seu alcance.

Ao ir soletrando um nome após outro, foi observado que sempre pareciam pertencer ao posterior período de declínio da história egípcia, em tempos ptolemaicos ou romanos; também, nenhum dos nomes era genuinamente egípcio, mas eram estrangeiros. Será que sua interpretação também abriria os segredos dos faraós mais antigos? Certo dia, apareceu um cartucho diferente. O primeiro sinal, ele sabia que era o do sol, que em copta é ‘Re’. No fim havia um ‘s’ duplo. Se o sinal do meio era um ‘m’, ora, o nome tinha de ser ‘R - m - s - s’, Ramsés! Os hieróglifos não haviam mudado radicalmente por centenas de anos.

Agora, por fim, Champollion estava certo de que encontrara a chave para desvendar os segredos da história egípcia, mas, a pesquisa excitada e incansável, levada a efeito não raro contra suas necessidades físicas, o deixara fraco e exausto. Por cerca de uma semana, ficou doente demais para anotar suas descobertas de modo apresentável. Quando sua evidência se tornou conhecida em 1822, suscitou muito ceticismo em certas áreas, e, até sua morte devido a um derrame, em 1832, não conseguiu aplacar a tempestade controversial suscitada pela sua decifração.

A Pedra Conta Sua História

Mas, agora, a porta estava aberta. Outros estudiosos reassumiram o trabalho onde Champollion parara. Em especial, Karl Richard Lepsius, um alemão, determinou obstinadamente elucidar cada pormenor, e, em 1837, forneceu um tratado cabal sobre o assunto. Outra inscrição encontrada em Tanis (no Baixo Egito) em 1866 era semelhante à Pedra Roseta. Tal estela continha um texto hieróglifo e um grego; um texto demótico se achava na margem. Veio a ser chamada de Decreto ou Tábua de Canopo. Lepsius leu os textos hieróglifo e grego na sua primeira tentativa.

Agora que a Pedra de Roseta podia ser lida por completo, junto com milhares de outras inscrições egípcias, que história tem a contar? Contém um decreto feito pelos sacerdotes do Egito no nono ano de Ptolomeu V Epifânio, que corresponde a 196 A. E. C. Devido aos atos benéficos do rei durante seu reinado, as honras tributadas a ele como “Salvador do Egito” seriam aumentadas. Sua estátua seria erguida em todo templo no Egito, e estatuetas de ouro seriam usadas em procissões. Seu aniversário de nascimento e de sua coroação seriam festas “para sempre” e todos os sacerdotes assumiriam um novo título, “Sacerdotes do beneficente deus Ptolomeu Epifânio, que aparece na terra”. Por fim, o decreto deveria ser esculpido em tábuas de basalto e eregido junto de sua estátua nos templos, e gravado na “escrita da linguagem do deus” — a linguagem hieroglífica.

Quase dois mil anos depois, ao ser desenterrada a Pedra de Roseta do quase esquecimento total, os templos do Egito jaziam em ruínas. A glória do Egito tornara-se uma lenda, seus reis e faraós tendo morrido há muito. Os deuses e as estátuas haviam caído de seus nichos, impotentes de ajudar seus sacerdotes na celebração das festas de Ptolomeu “para sempre”. Até mesmo a linguagem do deus fora perdida e esquecida, e a busca de indícios para desvendar de novo os segredos do passado iria provar se um desafio que exigia a engenhosidade de mais de uma geração de estudiosos.

in Despertai de 8/5/1972 pp. 24-27

Provérbio da semana ( 19:24 )

O preguiçoso encobriu a sua mão no tacho de banquete; não a pode nem trazer de volta à sua própria boca.

sábado, 9 de abril de 2011

Raridades e Recordações ( 52 )

O amor pintado de música.

As águas da terra — uma solução para a escassez de alimentos?




A AVOLUMANTE população da terra significa dezenas de milhares de novas bocas a alimentar a cada ano. Todavia, até mesmo agora, muitas pessoas morrem de fome, e outras estão famintas. Onde pode ser obtido o alimento para satisfazer a todos?

Crê-se comumente que as águas da terra sejam a fonte adequada. Certo escritor asseverou: “Não há necessidade de que ninguém passe fome na terra quando há uma reserva ampla, praticamente inexplorada e possivelmente ilimitada de alimento no mar.” Mas, será isso verdade? Dispõem os mares de suficiente reserva de alimentos?

Potencial Alimentar dos Mares

A quantidade de alimentos tirados das águas da terra aumenta dramaticamente. De menos de 19 milhões de toneladas métricas em 1950, a colheita anual aumentou para mais de 60 milhões de toneladas métricas. Isto talvez pareça uma grande quantidade. No entanto, calcula-se que equivale a pouco mais de 3 por cento do alimento humano total produzido. Pode o mar produzir muito mais?

Alguns, observando a amplitude do mar — cobre cerca de três quartos da terra — afirmam que pode. Mas, há um fato que alguns deixam de considerar. E este é que a maior parte do mar é virtualmente improdutiva de alimento, assim como a maior parte do solo.

O novo livro Environment — Resources, Pollution & Society (Ambiente — Recursos, Poluição e Sociedade), editado por W. W. Murdoch, observa: “O alto mar — calculadamente 90 por cento do oceano — é considerado um deserto biológico, contribuindo quase que nada para a atual pesca mundial e oferecendo pouco potencial para o futuro.” A maioria das criaturas marinhas vivem e são apanhadas nas relativamente rasas águas costeiras. Com efeito, os peixes se concentram em certas áreas próximas da costa. Por quê?

As áreas muito piscosas dispõem da correta combinação de vento, correntes e a inclinação da plataforma continental que traz das profundezas oceânicas a água carregada de nutrientes da vida marinha decomposta. Ao atingir os níveis do oceano em que a luz solar penetra, os nutrientes “ressurgentes” resultam da rápida proliferação das diminutas plantas e animais flutuantes de que se alimentam os peixes. Assim, a fonte acima-citada observa: “As áreas ressurgentes formam apenas cerca de 0,1 por cento do oceano, mas produzem a metade das reservas piscosas do mundo.”

De que significado é a concentração dos peixes em pequenas áreas do oceano e sua escassez nas demais partes? É como o biólogo William Ricker, especialista em pesca, avisou: O mar não é “um reservatório ilimitado de energia alimentar”. E o explorador submarino Jacques-Yves Costeau avisou, ao voltar de uma exploração mundial submarina, de que a vida nos oceanos diminuiu em 40 por cento desde 1950 devido à pesca em demasia e à poluição.

Assim, aparentemente, o homem não pode contar com os métodos convencionais de pesca a fim de aumentar grandemente as suas reservas alimentares. Com efeito, baseados em relatórios tais como o de Costeau, há perigo de que menos alimento se torne disponível nos mares, no futuro.

Outro Método

Todavia, alguns ainda acham que as águas da terra apresentam a solução para a escassez de alimentos. Observam que frotas pesqueiras singram os mares à procura de sua presa, assim como certa vez era comum os homens caçarem animais na terra. Mas, maior produtividade alimentar foi conseguida quando se transferiu a ênfase para a criação de animais terrestres, ao invés de caçá-los. Acha-se que similar transferência de ênfase poderia aumentar a produtividade do mar. O método de criar criaturas marinhas em cativeiro é chamado aqüicultura (cultura da água) ou maricultura (cultura do mar).

A aqüicultura recentemente captou a curiosidade pública. Mas, quais são suas perspectivas? Podem as criaturas que vivem na água ser criadas para servir de alimento, assim como o são o gado, porcos e outros animais terrestres? O que já tem sido feito neste campo? Será a aqüicultura a solução para se aliviar a escassez mundial de alimentos?

Prática Antiga, Todavia Produtiva

A aqüicultura é realmente uma prática antiga. Já por volta de 475 A. E. C., foi escrito na China, por Fan Li, um tratado sobre a criação de peixes. Outros povos, inclusive os antigos gregos e romanos, também praticavam tal arte.

Na China, a aqüicultura tem sido desenvolvida de modo que é importante fonte alimentar. Cerca de 1,5 milhões de toneladas métricas de carpas e peixes semelhantes são produzidos ali cada ano. Isso representa a maior parte da produção mundial, anual, da aqüicultura, de mais de 2 milhões de toneladas métricas.

O interior da China está pontilhado de tanques de água doce em que são criadas as carpas. A carpa foi reproduzida seletivamente a fim de produzir peixe de rápido crescimento e carnudo, com um mínimo de escamas. E os chineses tomam cuidado para impedir a sua reversão ao tipo selvagem. Que isto pode ocorrer rapidamente é demonstrado pelo que aconteceu quando a carpa foi introduzida nos EUA em 1877, e se permitiu que escapasse para os rios e lagos. Reverteu à variedade selvagem ossuda e escamosa que é com freqüência encontrada nas águas usadas para a pesca esportiva legal.

A aqüicultura também é praticada em ampla escala na Indonésia, nas Filipinas e em Formosa, e, bem extensivamente, na parte setentrional da Itália. Próximo das costas destes países, mantêm-se tanques de água salobre por centenas de hectares. Neles, os peixes-leite (um peixe tropical parecido a um grande arenque) e mugens são criados. Visto que a criação destes peixes em cativeiro se acha em estágio experimental, os filhotes têm de ser apanhados junto às margens e transferidos para tanques para amadurecer.

A produtividade nestes tanques torna proveitoso o esforço. Nas Filipinas, por exemplo, a colheita anual de peixes-leite é de cerca de 19 milhões de quilogramas, dando a média de uns 570 quilos por hectare. Na Indonésia, onde se desviam esgotos para os tanques, a produção anual às vezes excede 4.500 quilos por hectare. Tais peixes, contudo, precisam ser bem cozidos antes de serem comidos.

Cascudos, Trutas e Salmões

Nos EUA, avanços significativos foram obtidos em se criar peixes para alimento. Na última década, a aqüicultura de cascudos progrediu de apenas um punhado de aqüicultores que aprenderam a arte por errarem até acertarem até tornar-se uma indústria de vertiginoso crescimento. Por volta de 1970, havia uns 23.500 hectares de tanques, principalmente na área do delta do Mississipi. Tais tanques produziam cerca de 35 mil toneladas de cascudos! Isto representa uma colheita de quase 1.500 quilos por hectare, muito mais que os 340 a 570 quilos de carne de vaca por hectare produzidos no bom pasto.

A truta e o salmão também são importantes na aqüicultura, especialmente a truta arco-íris. No Vale do Rio das Cobras, em Idaho, EUA, vasto lago submarino torna possível rápido fluxo de água na temperatura correta (14,4° C) para os tanques de peixes, o que é ideal para a criação de trutas. E, por fornecer uma dieta especial às trutas arco-íris, obtém-se uma fantástica colheita anual de mais de 450.000 quilos de peixes por hectare! Colheitas similares por hectare têm sido conseguidas na Indonésia por se confinar a carpa em gaiolas de bambu numa corrente que corre rapidamente, e que é rica em dejeções.

Criar salmões envolve mais a técnica de “viveiros” que a de “cultura”. O salmão procria nos rios, emigra para o mar a fim de amadurecer e, levado pelo instinto, volta a seu lugar de nascimento anos depois para desovar. Pela seleção e alimentação especial, o salmão de rápido crescimento e robusto tem sido desenvolvido. Assim, ao invés de gastar os quatro anos usuais no oceano para amadurecer, alguns da nova variedade voltam a seu local de nascimento em apenas um ano. Visualiza-se que grandes cardumes artificiais de salmões serão produzidos, os quais poderão ser colhidos ao voltarem para sua casa, depois de um ano mais ou menos de pastagem no mar.

Cultivar Moluscos

A maioria dos moluscos, entre 4 a 5 milhões de toneladas métricas por ano, são tirados do mar pelos métodos convencionais de pesca. Mas, a cultura de ostras, camarões e outros moluscos também se torna comum, sendo que os japoneses lideram os progressos. Por exemplo, foram pioneiros no uso de culturas em suspensão para as ostras, práticas que agora se espalha para o resto do mundo.

Depois de sua incubação, as diminutas larvas de ostras nadam brevemente de um lado para outro em busca dum objeto duro adequado para se fixarem permanentemente nele a fim de se transformarem em forma adulta. No Japão, aperfeiçoou-se a prática de suspender fios de balsas de bambu em águas até com quinze metros de profundidade. Penduram-se nestes fios conchas de mexilhões espacejadas. As larvas de ostras, que se fixam às conchas de mexilhões aos bilhões são, depois de algumas semanas, reduzidas pelos cultivadores à densidade apropriada. À medida que as ostras crescem, adicionam-se flutuadores às balsas para evitar que afundem devido ao peso crescente.

Este método de suspensão possui várias vantagens. Protege as ostras dos predadores e de se depositarem no fundo do mar. E também permite que as ostras se alimentem do alimento suspenso na inteira coluna d’água. Usando este método, a colheita anual da Bacia de Hiroxima, no Japão, atinge até mais 56.500 quilos de carne de ostras por hectare!

Os crustáceos que se movem, tais como o camarão, são difíceis de cultivar. Por séculos, têm sido capturados camarões pequenos nas águas costeiras do Extremo Oriente e levados para tanques de água salobre para ali amadurecer até o tamanho de mercado. Não obstante, no Japão, a verdadeira maricultura de camarão é praticada com êxito em escala comercial. Ali, produzem-se camarões agora sob controle, desde os ovos até o mercado.

As fêmeas portadoras de ovos são apanhadas e mantidas em tanques de água do mar cuidadosamente controlados, onde liberam seus ovos. Antes de atingirem a madureza, os filhotes atravessam diversos estágios de larvas, durante os quais são mantidos em tanques interiores de água aquecida. Mais tarde, são transferidos para tanques ao ar livre, com arranjos para arejamento e circulação da água, a fim de amadurecerem para o mercado. Há agora várias fazendas de cultura de camarão no Japão, mas a maioria delas obtém o camarão quando ainda pequeno, visto que não possuem o equipamento técnico para criá-los desde o ovo.

A Verdadeira Maricultura Se Acha na Infância

Como se pode ver, a produção de alimentos pela aqüicultura provém principalmente de tanques de água doce e salobre. O verdadeiro cultivo do mar — a verdadeira maricultura — tem produzido pouca coisa. A maioria dos esforços de cultivar o mar têm sido experimentais, ou se acham apenas no estágio dos planos. Os ilhéus japoneses, que dependem do mar para obter 60 por cento de suas proteínas ingeridas, são especialmente ativos nesta pesquisa.

Represar áreas do mar para reter peixes não é, compreensivelmente, um projeto nada pequeno. No entanto, no Mar Interior de Seto, no Japão, tem sido feito — acham-se em operação fazendas do mar. Em uma fazenda, 72 hectares foram represados por cercas de fios ou redes em águas elevadas e seis hectares em águas rasas. Os olhetes, que crescem ao tamanho de mercado em questão de oito ou nove meses, são criados em alta densidade nestas fazendas fechadas.

Fechar uma área do mar é um verdadeiro desafio. Tem-se visualizado o fechamento de áreas por se lançar uma mangueira de plástico no leito do mar, pontilhada de pequenos buracos e ligada a um reservatório de ar. As bolhas de ar que subam serviriam qual cortina para manter afastada a indesejável vida marinha, e para prender os animais da fazenda.

Tem-se também observado que, no Oceano Pacífico, há atóis de coral em que anéis de recifes coralinos cercam lagoas rasas. Cientistas japoneses propuseram a criação de atum — peixe que pode alcançar centenas de quilos — em tais atóis selados.

Outra via de investigação tem sido a fertilização da água para sustentar os peixes. Em uma experiência, um cano de plástico de uns 9 centímetros foi estendido por cerca de um quilômetro e meio ao largo de Sta. Cruz, nas Ilhas Virgens. A água fria, rica em nutrientes, lançada nos tanques à beira-mar logo pululou de diminutas plantas, tornando-se ideal para a produção de peixes. Um cientista propôs uma draga marinha que trouxesse nutrientes das profundezas do mar e os distribuísse próximo da superfície. Daí, os peixes que talvez pululassem na área, devido ao “ressurgimento” artificial, poderiam ser colhidos.

Na Escócia, conseguiu-se êxito experimental na maricultura por se usar a descarga de água quente de uma usina de energia atômica. Por elevar a temperatura da água numa área fechada do mar, tanto a taxa de metabolismo como o apetite dos peixes — neste caso, solha e linguado — aumentaram, acelerando grandemente seu crescimento. No entanto, ao comentar esta experiência bem sucedida, a revista Sea Frontiers (Fronteiras do Mar) observou de forma interessante:

“‘Cultivar o mar’ é uma frase vista com freqüência, como se isto fosse uma extensão fácil do cultivo do solo. Com efeito, no tempo atual, os problemas são mais comuns do que os resultados, e a criação comercial de uma única espécie sequer representa tremendo esforço.” Assim, lembra-se-nos que a maricultura ainda se acha em sua infância.

Solução Para a Escassez de Alimentos?

No entanto, a necessidade de mais alimento é imediata, visto que muitos dentre a humanidade já estão passando fome. Pode o cultivo dos mares ser desenvolvido para suprir essa necessidade?

Os indícios são de que não pode. Conforme observou a revista BioScience: “É urgente afirmar, neste ponto, que a volta imediata da maricultura provavelmente contribua muito pouco para aliviar a fome dos povos subnutridos do mundo. É improvável que as exigências calóricas dos povos famintos do mundo possam jamais ser satisfeitas pelo mar. A contribuição para o alívio imediato da fome de proteínas será, no máximo, pequena.”

As melhores perspectivas para o cultivo da água parecem se achar no interior, onde, no presente, é muitíssimo produtivo. Isto se dá especialmente em vista da ameaça de que a poluição talvez arruíne o mar como fonte segura de alimento.

Sem dúvida, no futuro, muito mais será feito para se desenvolver a arte da aqüicultura, e muitas pessoas serão beneficiadas. Mas, não se pode depender dela para solucionar a crítica escassez de alimentos por parte do homem.

in Despertai de 8/5/1972 pp. 17-21

Provérbio da semana ( 19:22 )

A coisa desejável no homem terreno é a sua benevolência; e alguém de poucos meios é melhor do que um homem mentiroso.

sábado, 2 de abril de 2011

Raridades e Recordações ( 51 )

Uma música mais recente, mas interessante. "Only" you knows my secret...

Visita ao interior da terra


NENHUM escultor terrestre poderia talhar a beleza que se desvenda no interior da terra. Aqui há um assombroso país das maravilhas; um fenômeno de formações fantásticas — de coloridas estalactites e estalagmites, câmaras belíssimas e águas cristalinas.

As cavernas subterrâneas são encontradas em muitas partes do mundo. No Líbano, temos exemplo deveras notável de sua beleza — as deslumbrantes cavernas Jeita. Localizam-se nas Montanhas do Líbano, não muito distantes do Mediterrâneo azul.

A Caminho

Decidimos visitá-las recentemente. Partindo de Beirute, fomos de carro por cerca de trinta minutos junto ao Mediterrâneo até chegarmos ao Rio Cão, ou Nahr El Kalb, como os árabes o chamam. A nascente deste rio se encontra nas cavernas de Jeita.

Este lugar era a encruzilhada do mundo antigo. Aqui os Faraós marcharam contra os hititas. Os reis sírios percorreram este caminho para conquistar as cidades de Sídon e Tiro. E as legiões romanas sob o General Vespasiano percorreram este caminho para esmagar a revolta em Jerusalém. Todos desconheciam o domínio maravilhoso que jazia tão perto no interior da terra!

Descoberta e Exploração

As cavernas Jeita foram descobertas apenas há um pouco mais de cem anos atrás. Um estadunidense chamado Thomson, quando numa excursão de caça, procurou abrigo numa caverna montanhosa. Ouviu água borbulhante e, com curiosidade, mas cautelosamente, acompanhou o som. Para sua surpresa, deu às margens de um lago subterrâneo. Quedando-se a pensar até onde o levaria, deu um tiro nas trevas. A resposta retornou — um eco reverberante através dum emaranhado de cavernas. Assim Jeita foi descoberta, no ano de 1836.

Trinta e sete anos depois, em 1873, dois engenheiros da Companhia de Água de Beirute, Maxwell e Bliss, fizeram outras explorações, descobrindo a nascente do Rio Cão. Foram os primeiros a pôr os olhos nas coloridas formações de estalagmites e estalactites. Expedições adicionais foram feitas por outros, localizando mais maravilhas. Por fim, as partes mais distantes das cavernas foram atingidas — mais de seis quilômetros e meio!

Em certo lugar, a que apenas se aventurariam os mais ousados exploradores de cavernas, o teto da caverna atinge cerca de 60 metros! Esta caverna alegremente decorada foi aberta ao público em 1955. Em 1958, uma câmara superior foi descoberta a mais de 48 metros acima do rio. Esta, também, possui milhares de formações. Foi oficialmente aberta ao público em agosto de 1967.

Começando a Excursão

Ao chegarmos ao interior da caverna, notamos que o ar é muito mais frio do que lá fora. Aqui, em Jeita, as cavernas permanecem o ano todo sob a temperatura constante de 15° centígrados. Chegando a uma massa d’água, entramos num barco achatado, do tipo de gôndola. Com vívida expectativa, continuamos nossa jornada pelo interior da terra.

Nosso barqueiro fica em pé na proa, com longa vara à guisa de leme que usa aptamente para dirigir nosso barco pelas águas escuras. O canal é amplo, mas rapidamente se estreita. A enorme rocha à direita foi chamada “A Rolha” pelos primitivos exploradores, visto que bloqueara seus esforços de explorar mais as cavernas. Ao passarmos por ela, obtemos o primeiro relance das coloridas estalactites.

Estas lindas maravilhas acham-se penduradas do teto como enormes pingentes de gelo, dosséis, candelabros, e cortinas. E, no que é uma deslumbrante cascata de cores — castanhos, vermelhos e brancos! Também, por todos os lados, estalagmites numa variedade de tamanhos, formas e cores se apinham no solo da caverna. Algumas são com enormes pilares e árvores; uma se parece com a torre inclinada de Pisa. Outras se assemelham a garrafões empalhados, a medusas e até mesmo a figuras de humanos e de animais. Em certos lugares, as estalagmites sobem para encontrar-se com as estalactites penduradas, formando uma coluna sólida.

Formações Assombrosas

Surpreendentemente, o Grande Escultor usou instrumentos bem simples para cinzelar estas obras-primas de arte. Os ingredientes básicos são o calcário e a água. Com efeito, a palavra estalactite significa “gotejamento”.

A água penetra nas cavernas do terreno acima, levando partículas diminutas de carbonato de cálcio dissolvidas do calcário. A água fica pendurada do teto em gotas que se evaporam mui lentamente. O carbonato de cálcio que permanece forma um pequeno anel no teto e se cristaliza. O objeto cresce à medida que as gotas de água continuam a evaporar lentamente e deixam seus depósitos.

Às vezes, a água não se evapora por completo, mas cai, depositando o início de uma estalactite invertida ou estalagmite. Estas formações crescem numa taxa vagarosa. Olhamos com surpresa para uma imensa coluna. Que maravilha! Deve ter quinze metros de altura!

Jeita não é de forma alguma a maior caverna do mundo. A Caverna Gigantesca em Kentucky, EUA, dispõe de mais de 240 quilômetros de túneis inexplorados! No entanto, Jeita fornece o conforto de se admirar suas maravilhas à medida que se desliza silenciosamente pelas águas cristalinas.

As Galerias Superiores

Depois de nossa excursão por vinte minutos neste calmo lago subterrâneo, ainda temos à frente outros quarenta minutos nas assombrosas galerias superiores. Verificamos que estas não deixam de ser outra maravilha.

Aqui, também, as formações de estalactites e estalagmites crescem em todas as formas — algumas reluzindo como preciosas gemas em tons vermelhos e verdes. Outras parecem uma floresta de pinheiros. A mais bela de todas as formações de estalactites são as raras estalactites brancas chamadas calcita, formadas de puro carbonato de cálcio.

A maioria das formações, porém, se acham em combinações de cores. O ácido carbônico capta os minerais do solo, e estes fornecem as cores às formações. O ferro transforma as formações em amarelo, castanho alaranjado e vermelho. O manganês as torna pretas, ao passo que o cobre lhes dá uma tonalidade esverdeada ou azulada. É por isso que o nosso domínio no interior da terra é tão apreciável.

A calma e a quietude aqui nos movem a sussurrar. Apenas o som da água que goteja da estalactite que alimenta sua irmã, a estalagmite, quebra o silêncio. As galerias superiores dão à pessoa a impressão de enorme sala de concertos, e, deveras, são usadas para esse mesmo fim! Quão grandioso deve ser escutar música em tão inspirador ambiente!

in Despertai de 8/5/1972 pp.10-12

Provérbio da semana ( 19:20 )

Escuta o conselho e aceita a disciplina, para que te tornes sábio no teu futuro.

OBRIGADO RUI COSTA!

AMOR MEU, DOR MINHA

DOR MINHA QUE BATES NO CORAÇÃO,
OLHOS TEUS QUE CRUZAM COM A PAIXÃO;

PARA ONDE FORES CONTIGO IREI,
ONDE ESTIVERES AÍ FICAREI;

NA ROTA DO AMOR BUSCAMOS SINTONIA,
SENDO O MAIS IMPORTANTE A COMPANHIA;

FELIZ AQUELE QUE TE AMA,
E QUE PODE ALIMENTAR A CHAMA;

FICAREI. FELIZ. SINTO O TEU ABRAÇO FORTE,
SINTO QUE O AMOR NÃO ALIMENTA A MORTE;

POR TUDO ISTO UM ADEUS NÃO PERMITO,
NO NOSSO CORAÇÃO O AMOR NÃO É MALDITO.