REUNIDOS na Cidade de Quezón, República das Filipinas, um grupo de peritos internacionais tinha alguns assuntos vitais a considerar. Os povos de toda a área do Pacífico estavam vividamente interessados. O tema da discussão não era político. Não, pois se tratava da segunda reunião anual da Comissão de Tufões da Organização Meteorológica Mundial e da Comissão Econômica das Nações Unidas para a Ásia e o Extremo Oriente.
Como tema de discussão, os tufões constituem mais do que apenas curiosidade para as populações do Pacífico Ocidental. Com efeito, muitas destas pessoas já sentiram a fúria dum tufão. Já viram telhados serem levados para longe. Já viram inteiras casas serem esmigalhadas como se fossem feitas de papel e palitos de fósforo. Conhecem o terror causado pela água lamacenta rodeando suas casas — água que caiu em lençóis durante o decorrer da tempestade. Ficam encolhidas e esperando indefesas, à medida que ventos de cento e sessenta quilômetros por hora açoitavam todo o interior.
Assim, não é surpresa que às deliberações de toda uma semana desta comissão comparecessem delegados de Formosa, Hong Kong, Coréia, Laos, Vietnam, Tailândia e Filipinas. Também, representados por observadores, se achavam outros países interessados, tais como a Austrália, França, Holanda, Rússia, Grã-Bretanha e Estados Unidos. Todos estavam ansiosos de ver o que se poderia fazer para restringir este gigante caprichoso, o tufão, quando sai a fazer das suas.
Como tema de discussão, os tufões constituem mais do que apenas curiosidade para as populações do Pacífico Ocidental. Com efeito, muitas destas pessoas já sentiram a fúria dum tufão. Já viram telhados serem levados para longe. Já viram inteiras casas serem esmigalhadas como se fossem feitas de papel e palitos de fósforo. Conhecem o terror causado pela água lamacenta rodeando suas casas — água que caiu em lençóis durante o decorrer da tempestade. Ficam encolhidas e esperando indefesas, à medida que ventos de cento e sessenta quilômetros por hora açoitavam todo o interior.
Assim, não é surpresa que às deliberações de toda uma semana desta comissão comparecessem delegados de Formosa, Hong Kong, Coréia, Laos, Vietnam, Tailândia e Filipinas. Também, representados por observadores, se achavam outros países interessados, tais como a Austrália, França, Holanda, Rússia, Grã-Bretanha e Estados Unidos. Todos estavam ansiosos de ver o que se poderia fazer para restringir este gigante caprichoso, o tufão, quando sai a fazer das suas.
Alguns Fatos Sobre Tufões
O que é um tufão? A palavra descreve um fenômeno meteorológico em que o vento sopra em torno de uma área de baixa pressão. Na mesma família dos tufões se acham os remoinhos de vento, os tornados e as trombas-d’água. Mas, o tufão é o maior de todos em largura, em altura e na velocidade do vento. Deveras, quando a velocidade do vento excede 120 quilômetros por hora, isso é um tufão. Tempestades similares são chamadas “furacões” no mar das Caraíbas e na parte oriental dos EUA.
Quando se considera a tremenda energia liberada por um tufão, não se pode deixar de imaginar de onde é que toda ela veio. A resposta é que vem do vapor d’água. Mas, como? Pense nisto da seguinte forma: Exige-se muito calor para evaporar por completo uma chaleira de água num fogão. Todo esse calor é então encerrado, por assim dizer, no vapor d’água. A energia absorvida durante o processo de evaporação poderia então ser liberada se fizéssemos que a mesma quantidade de vapor d’água se condenssasse de novo em estado líquido.
Por este mesmo processo, num tufão de tamanho médio, há em energia o equivalente a 40.000 bombas de hidrogênio. Isto nos ajuda a ver que, para um tufão manter sua intensidade, é preciso haver contínuo suprimento de água. E isso explica por que, quando passa sobre a terra, o tufão tende a aumentar de velocidade e a perder força, mas, quando sobre a água, diminui de passo e aumenta em intensidade.
Quais são as condições que geram tufões? Até essa época, os cientistas não conseguiram ainda apresentar uma resposta completa. Alguns dos fatores contribuintes, contudo, são conhecidos. Eis aqui três deles: (1) Uma superfície oceânica quente, com a temperatura marítima de pelo menos 79° F.; (2) uma camada grossa de ar úmido que se estende a uma altura de mais de três quilômetros ou ainda mais; e (3) suficiente latitude, visto que as tempestades tropicais não se podem formar no equador, e raramente se formam num raio de cinco graus do equador. A área principal de formação de tufões que atingem o Sudoeste da Ásia é a região sul de Guam, mas ao norte do equador, no Oceano Pacífico. Uma segunda área é o Mar da China.
Necessidade de Aprimorados Sistemas de Alarme
Um dos principais tópicos desta reunião da Comissão de Tufões foi como aprimorar os sistemas de alarme, de modo que as pessoas tivessem amplo tempo para proteger a si e a suas propriedades. Ao considerar a vasta expansão oceânica que constitui a principal região que gera tufões, é fácil entender quão imensa é a dificuldade de se estabelecer estações meteorológicas. Quanto à atualidade, as previsões de tempo dependem das informações de radares, de fotos tiradas por satélites, e cartas de anteriores padrões meteorológicos, a fim de localizar a formação de tempestades.
Ao serem localizadas tais formações, enviam-se aviões para verificar seu progresso e determinar suas posições. Registram-se as pressões barométricas, bem como a velocidade do vento e outros fatores que talvez ajudem a determinar a vida, a velocidade, o curso e a distância da tempestade. À base de tais relatórios, traçam-se mapas e preparam-se avisos para distribuição ao público por meio dos veículos informativos.
Pode-se ver que quanto maior for o número de estações meteorológicas através da área de geração ou junto a ela, tanto mais exatas serão as previsões. Fazem-se esforços de estabelecer melhores comunicações entre os vários países envolvidos, de modo que sejam dados melhores alarmes.
Navios meteorológicos, também, estão em pauta. Tanto a Rússia como os EUA mostram interesse em estabelecer um navio meteorológico oceanográfico no Pacífico perto de Guam. Seu propósito seria localizar tempestades em potencial e registrar fatos meteorológicos na área. Estando bem no local, tal instalação meteorológica flutuante poderia observar os primeiros indícios de perigosa tempestade.
Esforços de Diminuir os Danos
Várias experiências foram feitas no esforço de diminuir os danos dos tufões. Visto que a fonte de energia dum tufão é seu vapor d’água, então condensar o vapor de novo em água liberaria a energia e causaria que o tufão dissipasse sua força antes de atingir a terra. É por isso que se dá tanta atenção a semear as nuvens com substâncias químicas, visando obrigá-las a liberar a água enquanto ainda se acham no mar. Embora não se tenha conseguido realizar muito com isso, por enquanto, espera-se que este método ainda venha a ser desenvolvido, ao ponto de obter êxito.
Grande parte do dano causado pelos tufões surge das formidáveis enchentes causadas pelas suas chuvaradas sobre a terra. Planejam-se represas e barreiras a ser construídas, visando controlar a água em excesso. Há atualmente projetos em curso na bacia do Rio Tansui em Formosa, e na área baixa do Rio Pampanga nas Filipinas.
Naturalmente, reconhece-se agora que uma das causas principais das enchentes tem sido o emprego errado do solo por parte do homem. As derrubadas indiscriminadas de matas desnudaram o país de um preventivo natural da inundação. A chuva pesada dos tufões é realmente proveitosa, se o solo puder absorvê-la. No entanto, quando se removem florestas e o solo é cultivado sem consideração pela conservação do solo, grande parte da chuva simplesmente corre pela superfície, não raro produzindo grave erosão. Procuram-se criar leis para controlar os desmatamentos, e incentivam-se os lavradores a plantar safras de cobertura e praticar a lavoura em curvas de nível.
O Que Pode Fazer
Muito embora considerável aviso de antemão seja agora mesmo dado de tufões que se aproximam, muitos tendem a ignorá-los ou a considerar com leviandade a seriedade do alarma. Talvez tenham sobrevivido a anteriores tempestades e achem que não há necessidade de se preocupar. Ou talvez aconteça que a passagem do tempo desde o último tufão cegou a agudeza de seu sentido de grande perigo. O seu proceder é bastante insensato. O melhor proceder é preparar-se para o pior, acatar os alarmas de tempestade da agência de meteorologia, e familiarizar-se com os significados dos sinais públicos de tempestade em qualquer forma em que sejam dados. Fique a par com as medidas práticas de precaução, e não deixe de segui-las à medida que o tufão se aproxima.
É de ajuda poder reconhecer os sinais que marcam a vinda dum tufão — características do vento e das ondas, seu comportamento em geral. De forma geral, os tufões se movem numa direção norte-oeste no Sudoeste da Ásia.
Recuse-se a ficar indevidamente alarmado pelos rumores. No entanto, preste atenção de perto aos boletins meteorológicos providos pelo rádio, televisão ou jornais. Se avisado que deve evacuar uma área perigosa, faça-o sem delonga. Se se sentir justificado a permanecer em sua casa, assegure-se de levar em conta todas as suas necessidades. Lembre-se, a energia talvez sofra um corte temporário. O suprimento de água talvez cesse ou seja contaminado. Assim, desejará dispor de alimentos que exijam pouco ou nenhum cozimento, e definitivamente precisará duma reserva de boa água potável. Outro equipamento de emergência deve ser examinado para certificar-se de que saiba onde se acha e que esteja em ordem utilizável.
De forma usual, as casas bem construídas são consideradas bem seguras. No entanto, é sábio não ser confiante demais. Em ventos de até 320 quilômetros por hora, talvez não sejam seguras, em especial se situadas perto da costa ou em local desabrigado. Algumas perguntas a considerar de antemão são: Há galhos de árvores ou árvores pesadas que talvez desabem sobre a casa? É seguro o teto? Até que ponto uma enchente representará um perigo?
Em grande parte do Sudoeste da Ásia, as casas não são de construção sólida. O bambu, folhas e produtos de madeira são os materiais de construção. Quando se dá o aviso dum tufão, o que se pode fazer? Para dar mais vigor à estrutura, fincam-se vigas em ângulos contra a casa e enterram-se os mesmos no solo. Cordas de retenção são também ligadas da casa ao solo. Visto que o vento se inverte durante a passagem dum tufão, usam-se vigas e cordas em todos os lados da habitação. Assim, não importa de que lado o prédio seja submetido à pressão, há algo para contrabalançá-la.
O efeito dum tufão sobre os meios de vida da pessoa também precisam ser levados em conta. Em muitas áreas do Sudoeste da Ásia e das ilhas do Pacífico, os coqueiros são a principal fonte de renda. Embora não sejam usualmente desarraigadas, tais árvores sofrem consideráveis danos dum tufão, principalmente o dano às folhas. Parece que as folhas atraem a umidade para nutrir o fruto e contêm a clorofila tão essencial para converterem a luz solar em alimento para a planta. Mesmo que uma árvore continue a dar fruto, depois de grande tempestade, é mais provável que os cocos não tenham água, e, assim não tenham valor comercial.
Não parece haver algo que se possa fazer para impedir os tufões, mas algumas sugestões sobre como evitar certos danos econômicos poderiam ser considerados. Encorajam-se os lavradores, por exemplo, a plantar legumes tais como amendoim, ou mangas e bananas, entre os coqueiros. Em muitos casos, quando se seguiu tal sugestão, os lavradores não só obtiveram uma segunda fonte de renda, mas a safra dos coqueiros aumentou até em 69 por cento. E, se acontecer mesmo que os coqueiros sofram danos devido a tempestade, tais colheitas secundárias crescem muito mais rápido, de modo que o lavrador não fica sem nenhuma renda ou fonte de alimento.
O arroz é outro plantio principal nesta região. No entanto, devido aos repetidos tufões, algumas áreas são inúteis no que tange a produzir colheitas bem sucedidas de arroz. Uma delas se acha na província de Batanes, no extremo norte das Ilhas Filipinas. Ao invés, plantam-se raízes, colheitas não tão gravemente atingidas como o arroz, plantações de camote ou de batata-doce, talvez. Poderia ser uma colheita extra em muitas outras áreas em que as perdas resultantes dos tufões são usualmente elevadas.
Benefícios dos Tufões
Em vista do que se disse aqui sobre os perigos dum tufão, não seria surpresa se as pessoas tivessem a impressão de que os tufões não apresentam quaisquer características redentoras. Todavia, essa não seria a verdade do assunto. Os tufões produzem grande dose de bem, também. Por exemplo, por seu intermédio, milhões de litros de água salgada são dessalinizados e distribuídos amplamente pelo solo seco. Para o homem dessalinizar tão grandes quantidades, seriam necessárias instalações custosas e muitos anos.
É possível que haja outros benefícios concedidos ao homem e ao seu lar pelos poderosos ventos do tufão? Nesse caso, também, o homem simplesmente não dispõe de todas as respostas. Em sua ignorância, o homem sofre os efeitos prejudiciais do tufão e é isso que toma vulto em sua mente. Seu estudo de todos os benefícios do tufão ao homem, para o ar que respiramos e para o solo de onde vem nosso sustento ainda se acha em estágio elementar.
in Despertai de 22/5/1971 pp. 20-23
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