Brandus dream list

Mensagens populares

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Vida comunitária entre as plantas



SE JÁ visitou a Alemanha, talvez tenha notado, nos subúrbios das cidades, grandes lotes de terra subdivididos em muitas pequenas hortas. O inteiro lote talvez tenha de cinqüenta a duzentas hortas. Grande parte desta terra é de propriedade de associações, e somente os que pertencem a uma associação é que podem alugar uma horta. Outras são de propriedade particular. Muito se pode aprender aqui sobre horticultura, de modo que gostaríamos de levá-lo conosco ao visitarmos Hans. É membro da diretoria da associação local “Kleingarten” (pequena horta) e serve como conselheiro para horticultores individuais.

Ultimamente os horticultores vêm passando por certas dificuldades. Parece que ouviram falar de “cultura mista”. Cheios de entusiasmo, foram à horta para experimentar as sugestões. E o resultado? Bem, foi um pouco decepcionante para se dizer o mínimo.

“Alô, Hans!” Ele foi subitamente interrompido em seus pensamentos. “Bom dia, Werner!”, respondeu. “O que aconteceu para estar de pé tão cedo esta manhã?”

“Oh, você sabe o quanto gosto de trabalhar na horta. Mas, você não me escapa hoje. Tenho diversas perguntas a lhe fazer. Sabe do meu fiasco com esta ‘horticultura mista’. O que gostaria de saber é exatamente o que saiu errado e o que deixei de levar em consideração.”

“Ja, Werner, isto não é tão fácil de explicar. Isto se dá porque há muitas coisas a se considerar. Comecemos com a natureza do solo e a influência que as plantas exercem umas sobre as outras.

Que Papel Desempenha a Qualidade do Solo

“Sabia que não é o único a trabalhar em sua horta? Lagartas e minhocas, sim, e um exército de microrganismos em forma de algas, bactérias e fungos lhe são muito úteis. Todos os seus esforços seriam não raro inúteis se estes microrganismos não se ocupassem. Que adiantaria se se desgastasse tentando manter o solo fofo, e daí viesse a próxima chuvarada e os minúsculos grânulos afundassem e se juntassem de modo que o solo ficasse novamente duro e impenetrável?”

“Mas, que papel desempenham estes organismos em manter o solo fofo, e em primeiro lugar como é que foram parar ali?”

“Não procura sempre enriquecer o solo por misturar adubo composto, amadurecido, nele? Resulta numa luxuriante cultura de fungos, consistindo numa extensiva rede de fios fungosos. Estes pequenos fios, com curtíssima duração de vida, seguram as minúsculas partículas de colo para que não possam afundar-se e juntar-se. Mais tarde, as bactérias assumem o serviço, mas não são as últimas de seu tipo a trabalhar o solo.

“Há uma cadeia contínua de vida em muitas formas prevalecentes no solo. Estas cuidam de que o solo seja mantido em boas condições de plantio, o que significa que as partículas de terra são preservadas para que o calor e a água possam penetrar no solo. Ao mesmo tempo estes microrganismos decompõem a matéria na terra de modo que o valor nutritivo no solo possa ser liberado e tornado disponível às plantas.”

“Mas, o que tudo isso tem à ver com a ‘cultura mista de plantas’?”

“Sua pergunta é boa, e espero poder dar-lhe uma resposta satisfatória. Talvez se lembre de que durante a palestra mostrou-se que se empreendeu muita pesquisa. Vez após vez comparou-se a natural vida comunitária das plantas com a cultura de um só tipo de planta. O Professor Sekera fez interessante descoberta. Descobriu que havia uma população muito menor de vários microrganismos no campo cultivado. Uma comunidade mista de plantas, por outro lado, pulula com uma alta população microrgânica no solo.

“Dê uma olhada nas florestas naturais — carvalho, faia, arbustos e aquela congorsa ou pervinca trepadeira que cresce até sobre o luxuriante tapete de musgo. Cada cantinho e frestazinha é utilizado e contudo nenhum estorva os outros. Pelo contrário! Cada um ajuda o outro. E considere que cada árvore, sim, cada planta tem sua própria escolta de microrganismos. O resultado disto é que o solo nunca chega ao ponto em que poderia ficar ‘cansado’ ou improdutivo. Permanece em boa condição de plantio e saudável.

“O ‘teto’ folhoso e as folhas caídas servem de ajuda para o solo. Protegem-no dos raios abrasadores do sol; impedem-no de secar-se com o vento e de ficar lamacento nos temporais. Isto também é uma provisão da floresta para manter o solo em boas condições de plantio.

“Ora, poderá produzir tal condição em miniatura em sua horta. Por exemplo, digamos que plantasse um canteiro de favas européias. Logo veria os pés crescer bastante isolados, lado a lado. A razão é que não podem tolerar o tempo quente e possuem muito poucos ramos. Não haveria folhagem protetora para impedir que o sol abrasador secasse o solo. Aos poucos formaria uma crosta dura no solo. As últimas gotas de umidade escapariam do solo pelas rachaduras. O ácido carbônico, que o solo tem de liberar para as folhas, se acumularia na terra devido à crosta dura. E logo os microrganismos remanescestes, que não se refugiaram nas camadas mais fundas da terra por causa da falta de umidade, seriam envenenados pelo ácido carbônico. Sim, até as raízes ficariam condenadas à sufocação.

“No entanto, se plantasse espinafre entre as fileiras, obteria resultados totalmente diferentes. O espinafre cresce rápido e protege o solo com suas folhas amplas. Sob este teto protetor o solo permanece úmido. O resultado será exatamente o oposto do exemplo anterior. E por quê? Por causa da cultura mista de plantas.

“Isto faz sentido. Mas, veja que pouco consegui com minha cultura mista de plantas.”

A Influência de Uma Planta Sobre Outra

“Ja, Werner, você se esqueceu que as plantas também são coisas vivas. As plantas, como se dá com os humanos e os animais, produzem secreções no processo de metabolismo, e estas podem influir em outras plantas de modo proveitoso ou adverso.

“Nesta questão, o Dr. Madaus-Dresen fala de três diferentes espécies de secreções: cheiro, raiz e folha. As secreções de cheiro e da raiz são na forma de gases. As secreções de folha são de matéria orgânica e inorgânica encontrada especialmente nas folhas molhadas depois do orvalho, chuva ou nevoeiro. Estas matérias retornam ao solo para cumprir sua finalidade mais uma vez.

“Já cheirou repolho do brejo (planta arácea norte-americana)? Algumas plantas não podem suportar outras por causa do cheiro que soltam. Ninguém poderia culpar a erva-doce de não querer o absinto como vizinho próximo. Pode-se entender fácil isto quando consideramos os resultados das experiências feitas pelo Professor D. Koegel. Descobriu que a secreção de cheiro do absinto é tão forte que a erva-doce a 70 centímetros de distância cresceu só à altura de 5,7 centímetros. Mas, à distância de 1,30 metros, a erva-doce atingiu sua altura normal de 39 centímetros. Neste caso a secreção de cheiro teve efeito retardador sobre o crescimento da planta parceira. Seria sábio levar isso em consideração ao plantar a sua horta.

“Quanto às secreções da raiz, descobriram-se outras coisas interessantes. Notou-se que a secreção da raiz de uma planta teve maus efeitos sobre plantas da mesma espécie que estavam em sua vizinhança. Parece como se as secreções de plantas da mesma espécie de planta não são compatíveis com a planta vizinha. Na cultura mista de plantas, porém dá-se exatamente o oposto.

“Olhe, Hans, isto me faz lembrar de um exemplo no reino animal. Um fazendeiro levava seu gado ao mesmo pasto ano após ano. Com o tempo, devido ao estrume do gado, havia alguns trechos especialmente verdes. Os animais recusaram comer este capim. Certo dia, lhe ocorreu a idéia de pastar seu cavalo e suas ovelhas neste prado, e, veja só, comeram com gosto o capim que o gado recusara comer.”

“Quando dou uma olhada em seus feijões, sinto que estão exatamente tão infelizes quanto o gado que sempre pastava no mesmo prado.

“Tente fazer o mesmo que o fazendeiro. Dê a seus feijões um parceiro que ‘consuma’ as secreções metabólicas deles para que possam desenvolver-se em paz. Para eles o mais bem-vindo sócio é a couve lombada. Ela absorve as secreções deles e as torna inócuas, ao passo que as secreções da couve lombada são nutritivas para os feijões. Também, em tirar nutrimentos do solo os dois se complementam maravilhosamente.

“Lembra-se da macieira nova que secou-se pouco tempo depois de plantá-la?”

“Ja, é isso mesmo! Mas não posso entender como isso foi possível. Dê uma olhada naquela cerejeira nova; está exatamente no mesmo local e cresce que é uma beleza!”

“Pense um pouco nisso, Werner. Plantou aquela macieira nova no mesmo lugar em que estivera a velha macieira que fora derrubada pela tempestade. Neste caso não foi só a secreção das raízes, mas também os restos das secreções das folhas que envenenaram a muda. Para a cerejeira nova, porém, é bem-acolhida nutrição.”

“Então como foi possível que a velha macieira crescesse tão bem?”

“O que a árvore nova não pôde fazer, a velha conseguiu. A velha enviou seus finos pêlos absorventes o suficiente longe para sair do alcance de suas secreções. Encontrou nutrição na vizinhança de espécies compatíveis de plantas, e deste modo criou um convívio que a manteve saudável. Naturalmente, não podia ver isso.”

“Como é isto possível”

“Sabemos realmente muito pouco sobre tudo isso. Os cientistas humildes admitem que falta muito para o homem chegar a descobrir todas as relações dentro da vida comunitária das plantas. As coisas já aprendidas, porém, são tão informativas e úteis que compensa considerá-las e aplicá-las.

Como a Vida Comunitária Afeta os Insetos?

“Estava pensando aqui num efeito especial que se pode produzir por cultivar culturas mistas de plantas. Como explica a recente descoberta de que as pestes insetíferas não podem espalhar-se tão fácil nas florestas mistas?”

“Tem isso algo a ver com a cultura mistas de plantas?”

“Certamente que sim! Descobriu-se que as secreções de cheiro de uma planta constituem boa defesa contra insetos para sua planta vizinha. Um exemplo muito bom — confirmado por muitos biólogos e horticultores — é o companheirismo entre a cenoura e os alhos-porros temporãos, de folhas curtas.

“O inimigo da cenoura é a mosca da cenoura, ao passo que o alho-porro sofre com a mosca da cebola e a traça do alho-porro. Se viverem juntos em companheirismo, então o forte e estranhamente diferente cheiro da planta parceira repele tanto os insetos que nem sequer tentam depositar seus ovos na planta vizinha. Levantam vôo o mais depressa que podem para se afastar do cheiro.

“O mesmo acontece com a couve-rábano e os rabanetes em sua vida comunitária com a alface. A couve-rábano e os rabanetes são grandemente afligidos pelas moscas da terra, mas quando as moscas sentem o cheiro da alface no nariz saem voando. Quando as plantas são afetadas por pestes, pode-se em geral aliviar a situação pela cultura mista de plantas.

Vida Comunitária nas Plantações de Frutas

“Agora que já lhe dei alguns conselhos úteis para sua horta, gostaria de lhe falar um pouco sobre um tipo inteiramente diferente de vida comunitária. Sabe quanta satisfação tenho com minhas árvores frutíferas. Algumas pereiras ‘Williams Christ’ (Bartlett) eram meu orgulho e alegria. Mas, apesar de florescerem ano após ano, não davam fruto. Não se devia a qualquer falta de abelhas. Um vizinho meu que plantara a mesma espécie começou a cortá-las todas. Esperei mais um pouco e tentei descobrir a causa.

“Por simples acaso aconteceu de me passar pelas mãos uma tabela de polinização. O pólen, como sabe, é a poeira das flores necessária para tornar a planta frutífera. Fiz uma descoberta interessante. As peras se notabilizam pela auto-esterilidade; isto é, o pólen de certas variedades não polinizam a mesma variedade e assim dependem do pólen de uma variedade diferente da mesma espécie de fruta. As minhas ‘Williams Christ’ (Bartlett) precisavam de pólen da pêra ‘Gellerts Butter’. Visto que nem eu nem meu vizinho tínhamos destas árvores em nosso pomar, as ‘Williams Christ’ não podiam ser polinizadas.

“Por esta razão obtive um rebento da ‘pêra Gellerts Butter’ e o enxertei na copa da ‘Williams Christ’. No ano seguinte este rebento floresceu com os outros. As abelhas assumiram sua parte do trabalho; as peras são um tipo de fruta que só podem ser polinizadas por insetos. Que surpresa! Pouco tempo depois, as árvores estavam carregadas de peras. Fiquei um pouco mais sábio.”

“Descobri vez após vez que há muito a aprender!”

“Ja, Werner, se dá exatamente o mesmo com o universo. Quanto mais nos aprofundamos, maior e mais insondável se torna. Tudo testifica do poder imutável do grande e todo-sábio Criador, a cujas leis temos de nos submeter, porque estão em toda a parte, até mesmo na vida comunitária das plantas.”

in Despertai de 22/11/1971 pp. 17-20

Sem comentários:

OBRIGADO RUI COSTA!

AMOR MEU, DOR MINHA

DOR MINHA QUE BATES NO CORAÇÃO,
OLHOS TEUS QUE CRUZAM COM A PAIXÃO;

PARA ONDE FORES CONTIGO IREI,
ONDE ESTIVERES AÍ FICAREI;

NA ROTA DO AMOR BUSCAMOS SINTONIA,
SENDO O MAIS IMPORTANTE A COMPANHIA;

FELIZ AQUELE QUE TE AMA,
E QUE PODE ALIMENTAR A CHAMA;

FICAREI. FELIZ. SINTO O TEU ABRAÇO FORTE,
SINTO QUE O AMOR NÃO ALIMENTA A MORTE;

POR TUDO ISTO UM ADEUS NÃO PERMITO,
NO NOSSO CORAÇÃO O AMOR NÃO É MALDITO.