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quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Uma forma elevada de vida





PARA as pessoas no altiplano da Bolívia a ‘forma elevada de vida’ é um assunto diário. Bem, se for como a maioria das pessoas, quando entra no ar rarefeito a bem mais de um quilômetro e meio de altitude começa a sentir a cabeça um tanto leve, até mesmo tonta. Mas aqui, neste elevado planalto a bem mais de três quilômetros acima do nível do mar, uns dois terços do povo da Bolívia vivem e trabalham confortavelmente — sua cabeça um tanto ‘nas nuvens’, seus pés no chão.

O altiplano é uma ampla e plana chapada, que se estende entre as acidentadas cordilheiras ou serras das altaneiras Montanhas Andinas. Assolado pelo vento e árido, o platô quase não tem árvores. Contudo, possui sua própria beleza incomum. A luz parece diferente aqui no ar rarefeito — tão brilhante, fazendo as cores se destacarem com uma clareza não vista nas terras em altitudes mais baixas. Para estes bolivianos, como se deu com seus ancestrais por séculos passados, este é seu lar, e gostam de sua forma elevada de vida.

Seja o que for que falte ao altiplano em vegetação ou variedade, o povo compensa com seus trajes coloridos. Ponchos, grandes cobertores de lã quadrados com uma abertura no meio por onde se enfia a cabeça, constituem o regular traje exterior masculino. Sandálias de fabricação caseira possuem provavelmente solas cortadas de pneus refugados. Para as mulheres polleras de cores vivas, saias franzidas na cintura e se abrindo ao máximo na base, atingem um comprimento padrão a meio caminho entre o joelho e o tornozelo, quer a pessoa que as use seja jovem ou idosa. Algumas das cholas (mulheres de ascendência mestiça espanhola e índia) talvez vistam cinco, seis ou até dez saias, uma em cima da outra. Em suas costas há um saco quadrado de pano tecido à mão em que se carrega talvez um bebê, ou talvez alguma roupa de cama, ou produtos destinados ao mercado. Com as mãos livres, ao andarem, as mulheres podem tecer fio da lã de carneiro ou de lhama, usando um simples fuso manual.

De que parte do país são? Seus chapéus em geral revelam. As cholas que vivem nas cidades de La Paz e Oruro, ou nas proximidades delas, usam um sombrero marrom, bege ou preto do tipo de chapéu-de-coco. As da região de Cochabamba usam chapéus de palha dura esmaltados de branco com uma copa alta, cingida na base com uma fita preta. Mulheres sem chapéus? São provavelmente de Sucre, no centro-sul da Bolívia.

Sejam de onde forem nunca precisam preocupar-se com estilos antiquados — pois estes trajes permaneceram basicamente os mesmos por séculos. E ainda são atraentes.

Poucos lugares se igualam aos movimentados mercados em questão de vida e cor. As cholas se agacham no chão ou se sentam entronizadas no meio de suas mercadorias e seus artigos empilhados em volta delas. Frutas e legumes formam pequenas pirâmides bem arrumadas. Os compradores regateiam os preços com os vendedores, que nunca esperam que se pague o primeiro preço que mencionam. Quando se faz a compra, os vendedores seguem o costume latino-americano de dar a yapa (ou ñapa) — aquele punhado extra de qualquer que seja o produto comprado. Se acontecer de ser o primeiro freguês na manhã, as tentativas de vender serão estrênuas. A superstição afirma que o primeiro freguês tem de comprar algo senão o negócio irá mal aquele dia inteiro. Talvez beijem o dinheiro daquela primeira venda, idolatrando-o na ocasião pelo que supostamente deve trazer em matéria de bons negócios.

Por perto, meninos brincam com brinquedos simples. Tampinhas de garrafa, macetadas pacientemente com uma pedra até ficarem chatas, são usadas num jogo similar ao de bolinhas de gude. Aqui vem um garoto com algo mais fantasioso — um pequeno caminhão feito de algumas latas de sardinha com rodas feitas de carretéis de linha vazios e com um cordão para puxar.

As pequenas cholitas, talvez de cinco ou seis anos de idade, brincam com bonecas de pano feitas pelas mãos amorosas de suas mães. Como suas mães, vestem um traje completo de chola, inclusive um saco nas costas, talvez cheio de espigas de milho, gravetos ou trapos — tudo que faça parecer que estão também carregando sua própria pequena carga.

Coisas simples em comparação com o que muitos meninos e meninas nos países industrializados têm. E contudo estas crianças são obviamente felizes ao brincarem.

Explorando o Altiplano

A maioria dos visitantes à Bolívia descem em La Paz, amplamente conhecida como “a mais alta capital do mundo” (embora Sucre seja realmente a capital oficial). Vindo de avião pelo norte, pode-se obter uma vista do reluzente Lago Titicaca, suas águas azuis extraordinariamente profundas refletindo o limpo e claro céu acima. A uns 3.800 metros acima do nível do mar, este corpo de água de uns 220 quilômetros de extensão é o mais alto lago navegável da terra.

Para o sudeste assoma o Monte Illimani, encimado de neve, o maior de todos os picos da Bolívia. E milhares de metros abaixo de seu cume, numa profunda e estreita garganta, situa-se La Paz.

Para os viajantes terrestres, a aproximação a La Paz fornece uma vista simplesmente sensacional. Pois, até quase chegar a ela, a cidade está escondida, oculta da vista. Daí, subitamente em certo ponto da estrada, olha-se para baixo e lá, banhada pela brilhante luz do sol, a cidade se espalha como se estivesse na concavidade de uma cratera do feitio de um terraço.

A maioria das pessoas se satisfazem em apenas ver algumas das principais cidades “no alto do céu” da Bolívia, tais como La Paz, Cochabamba e Sucre. Mas, uma viagem para o interior do altiplano pode ser recompensadora — se for alguém interessado em pessoas e em obter uma compreensão dos variados modos de vida da grande família humana da terra.

Modo de Vida

Tome como exemplo o pequeno povoado onde um casal chamado Desiderio e Francisca e seus seis filhos vivem — casas simples, a maioria delas de apenas uma única sala, paredes de tijolos de adobe, telhado de colmo e chão de terra batida. Esta casa grande é a de Desiderio. Na verdade, tem uma só grande sala com diversas estruturas separadas de adôbe construídas em volta dela, todas coligadas. No centro há um pátio de terra com seu próprio poço.

“Entre! Entre!” dizem eles, e a gente vai entrando. Os móveis são bem modestos. Um item interessante é aquele rabo de vaca pendurado abaixo do espelho na parede. Para que serve? Obviamente, para se prender o pente nele. As camas simples são isoladas com peles de carneiro, mantendo a família quente quando os ventos do altiplano sopram com força nas frias noites de inverno. Não há eletricidade, e se passar a noite com eles os encontrará de pé ao raiar do dia para que não se desperdice nenhuma das horas preciosas do dia. Ainda se sente um pouco sonolento? Uma rápida lavagem na bacia ao lado do poça lá fora no pátio se encarregará disso — especialmente se for inverno e tiver de quebrar o gelo primeiro.

Agora pode avaliar por que um lugar favorito é a cozinha, uma estrutura ligada à sala principal, mas separada da mesma. Francisca está lá sentada diante de seu pequeno fogão de adôbe, seu fogo sendo alimentado com esterco seco de lhamas, vacas ou ovelhas. Na hora das refeições, toda a família se reúne no calor da confortável mas um pouco enfumaçada cozinha. O cardápio? Talvez um pouco da deliciosa carne de lhama com arroz da Francisa, seguida de sopa. Mas, para você talvez prepare uma iguaria especial: a cabeça de um carneiro. Primeiro seus chifres são arrancados com um golpe forte contra uma pedra, tira-se a pele da cabeça e daí esta é cozida como está sendo então colocada num prato, de frente para você, com olhos, dentes, focinho e orelhas tudo ali. Talvez como complemento possa ter um alimento mais familiar — batatas. Mas, aqui no altiplano cultivam mais de 112 variedades distintas. E amiúde as batatas são preparadas como chuño, sendo alternadamente congeladas e secadas pela exposição ao ar frio da noite e à quente luz do sol e daí espremidas até ficarem livres de qualquer umidade remanescente. “Não se adiciona nenhum preservativo” — nem é preciso! Duram quase que indefinidamente desta forma.

in Despertai de 8/12/1971 pp. 20-22

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OBRIGADO RUI COSTA!

AMOR MEU, DOR MINHA

DOR MINHA QUE BATES NO CORAÇÃO,
OLHOS TEUS QUE CRUZAM COM A PAIXÃO;

PARA ONDE FORES CONTIGO IREI,
ONDE ESTIVERES AÍ FICAREI;

NA ROTA DO AMOR BUSCAMOS SINTONIA,
SENDO O MAIS IMPORTANTE A COMPANHIA;

FELIZ AQUELE QUE TE AMA,
E QUE PODE ALIMENTAR A CHAMA;

FICAREI. FELIZ. SINTO O TEU ABRAÇO FORTE,
SINTO QUE O AMOR NÃO ALIMENTA A MORTE;

POR TUDO ISTO UM ADEUS NÃO PERMITO,
NO NOSSO CORAÇÃO O AMOR NÃO É MALDITO.