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sexta-feira, 27 de maio de 2011

O que significa ser um bombeiro duma grande cidade



MUITAS pessoas me têm dito: “Deve ser excitante ser bombeiro. “Consideram subir escadas, salvar pessoas e combater as chamas como um trabalho atraente. De maneira que ficam surpresas quando lhes dou uma impressão muito diferente.

Nos meus dezoito anos de bombeiro da cidade de Nova Iorque, já corri a milhares de incêndios. Tenho pulado no carro e corrido para centenas de edifícios em chamas. No entanto, lá dentro, num quarto ou corredor repleto de fumaça — que os outros não podem ver — não há nenhum atrativo ou excitação. Ali, o bombeiro luta pela sua vida e talvez pelas vidas de outros.

Trabalho Duro e Arriscado

A fumaça não raro é tão grossa que não se pode ver nada — uma luz brilhante a apenas alguns metros talvez se torne difícil de ver. Tudo precisa ser feito pelo tato. Tem-se uma sensação de inutilidade — “ateando-se pelo interior de um prédio desconhecido.

Rapidamente, o bombeiro procura uma parede e se arrasta ao longo dela. Procura sentir corpos e achar uma janela que possa quebrar para deixar escapar a fumaça venenosa. Tossindo e sentindo-se sufocado, luta para conseguir respirar. As vezes, precisa manter o rosto a alguns centímetros do chão para respirar. A cada inalação dolorosa, traga mais fumaça irritante, carregada do mortífero monóxido de carbono e outros gases tóxicos. Seus olhos ardem. Sobe a temperatura do seu corpo, à medida que o calor sufocante mina-lhe as forças.

Às vezes, os bombeiros são sobrepujados pela fumaça e pelo calor. Daí, precisam ser arrastados para um lugar seguro. Mas, alguns não são tão felizes — cerca de oito bombeiros de Nova Iorque morrem cada ano no cumprimento do dever. Os demais encaram as perspectivas de uma vida mais curta, devido aos produtos tóxicos da combustão que inalam semana após semana. Visto que até mesmo a regular poluição atmosférica da cidade é perigosa para a saúde, pode imaginar os danos causados aos bombeiros que repetidas vezes entram em prédios tão cheios de fumaça que até sua visão fica obscurecida!

Além dos riscos pessoais, porém, há a sensação angustiosa e impotente quando se chega tarde demais para ajudar. Já vi vítimas tão queimadas que praticamente se desfizeram nos meus braços. Não há nenhum atrativo na morte, ou em se ver mães soluçando e histéricas agarrar-se aos restos de seus filhos. Nem é excitante a tristeza nos rostos daqueles que perderam tudo que possuíam. Tenho visto estas coisas, vez após vez, e é desesperador.

O Que o Incêndio Pode Causar

Os bombeiros, creio eu, tem um conceito inteiramente diverso do incêndio e de perigos do que os outros cidadãos. Sabemos o que o incêndio pode causar e quão imprevisível pode ser. Tenho visto incêndios que arderam por horas a fio em fogo lento e, de súbito, romperam em chamas e engolfaram um quarto. Tenho estado em incêndios que, minutos depois de ocorrerem, envolveram prédios de muitos andares. Tenho visto como a fumaça de um colchão em combustão pode matar. Até mesmo pessoas muitos andares acima do incêndio real morreram pela inalação de fumaça.

Gostaria de transmitir-lhes o que um incêndio pode causar — não com a intenção de assustar ou chocar o leitor — mas a fim de que tome medidas para proteger a si mesmo e seus entes queridos. Pense só: Os incêndios ceifam 12.000 vítimas por ano apenas nos EUA! Pense também, nas dezenas de milhares de pessoas que sobrevivem, mas que ficam dolorosamente queimadas, algumas aleijadas para o resto da vida.

As estatísticas são frias e sem vida. Mas, quando a pessoa se acha pessoalmente envolvida, adquire uma impressão indelével. Tenho muitas memórias que fornecem um quadro mais vívido do que um incêndio pode causar do que qualquer estatística.

Pode Despedaçar-lhe o Coração

Anos atrás, respondi a um chamado, chegando a um apartamento em Brooklyn, onde tudo parecia sob controle. Havia-se apagado o incêndio. Quase o único sinal dele era uma cortina parcialmente queimada. A menininha, de cerca de sete anos, contudo, ficara ferida. Havia incendiado a cortina, e, aparentemente, ao tentar apagar o incêndio, puxara a cortina e incendiara seu vestido. Seus pais combateram as chamas.

Não pareciam imaginar que sua filhinha estivesse seriamente ferida. Mas, quando olhei para ela de perto, meu coração quase parou. O lado interno de suas pernas estava horrivelmente queimado, também parte de suas costas. Ela estava em estado de choque, e, assim, não sentia efeitos adversos. Com efeito, parecia normal. Estava sentada e, a seu pedido, foi ligado seu programa favorito de TV. Senti-me tão inútil esperando que chegasse a ambulância, tão sem jeito e sem saber o que fazer. Na manhã seguinte telefonei ao hospital. A menina falecera durante a noite.

Não é preciso um grande incêndio — um momento de descuido e alguns segundos bastam para a pessoa ficar fatalmente ferida. Acontece regularmente! A pessoa mediana simplesmente não compreende quão perigoso é o incêndio, quão rápido se espalha.

Em outra ocasião, acabávamos de nos sentar para almoçar no quartel quando soou o alarma. Uma casa de dois pavimentos em Brooklyn ardia em chamas. Ao chegarmos lá, o fogo envolvera a cozinha e todo o primeiro andar. Visto que era por volta do meio-dia, pensamos que todos tinham saído. Mas, depois de apagar o incêndio, descobrimos o corpo dum garoto na cozinha. E, momentos depois, por trás da cozinha, no banheiro cheio de fumaça, praticamente tropecei sobre outra criança, morta. Quão rapidamente haviam sido sobrepujadas!

A mãe castigara seu filho por mandá-lo para o quarto. De alguma forma, o incêndio começou ali, mas ela não ficou sabendo dele até que as chamas se tornaram visíveis a ela e seu filho saiu correndo. Sua primeira reação foi subir as escadas e ajudar uma pessoa aleijada que morava com eles. Quando conseguiu retirá-la, já o primeiro andar ardia em chamas. Ela pensou que seus filhos, com `cerca de oito e meio anos de idade, também haviam saído. Ela ficou procurando por eles. Mas, aparentemente hesitaram demais ou entraram em pânico.

Apanhei o corpo na cozinha e o levei para o hospital do outro lado da rua. Estava tão queimado que quase não se mantinha unido. A mãe ficou histérica. O médico olhou para os restos tostados e rapidamente virou a cabeça, desesperado.

Por volta dessa hora, os escolares voltavam para almoçar. Alguns exclamavam excitadamente: “Vejam, há um incêndio ali!” E, ao chegarem mais perto: “É no meu quarteirão!” Daí, pude ouvir um deles afirmar, num tom inteiramente diferente, cheio de ansiedade “Oh, é na minha casa.” Isto realmente me feriu. Pois um jovem estava prestes a saber que seus irmãos mais jovens haviam morrido de forma horrível. Nunca esquecerei o desespero que senti.

O que me fere quando vejo estas tragédias é que não precisariam ter acontecido. Poderiam ser evitadas. As vezes, trata-se simplesmente dum ato tolo ou de descuido. Um exemplo me vem a mente, um que, em realidade, é um tanto comum.

Certa mãe que morava num prédio dum conjunto municipal foi fazer compras e trancou seus dois filhos em idade pré-escolar no apartamento. Sem dúvida havia feito isso muitas vezes antes. Mas, desta vez, começou um incêndio; é provável que um dos garotos estivesse brincando com fósforos. Quando chegamos, apenas um pouco de fumaça estava saindo. Corremos pelas escadas acima para o apartamento, mas a porta trancada, aprova de fogo, provocou a demora em entrarmos.

Lá dentro, a fumaça era grossa. Não podíamos ver coisa alguma. Assim, era uma questão de lançar-se ao chão e arrastar-se, “ateando pelo caminho. Na maioria das vezes, o bombeiro encontra alguém por tropeçar nele ou por senti-lo. Encontramos os dois garotos, e rapidamente os tiramos de lá.

Um já estava morto, a fumaça o matando. O outro parecia ter alguma vida. Assim, imediatamente comecei a ressuscitação pelo processo de boca a boca. Então trouxemos o ressuscitador do carro. Fizemos isso até chegar a ambulância, mas este garoto também morreu.

Por volta dessa hora, a mãe voltou. Pode imaginar como ela se sentiu, em especial por saber que era parcialmente responsável, visto ter deixado os dois filhos sozinhos. Quando um bombeiro vê tais coisas, só pode desejar que as pessoas tivessem mais juízo. Não há simplesmente razão pela qual os incêndios deviam ceifar 12.000 vidas estadunidenses a cada ano.

Pensar Nisso de Antemão

Tenho proferido muitos discursos perante grupos estudantis e outros, sobre a proteção contra incêndios. Procuro colocar-me no mesmo nível que eles, dizendo de forma direta: “O motivo pelo qual estou aqui é para tentar salvá-los — para ajudá-los a saber o que fazer no caso dum incêndio. Um pouco de previsão, ter um plano a seguir, pode significar a diferença entre viver e morrer.”

Sempre que entro num prédio, automaticamente penso: “Como sairia daqui em caso dum incêndio?” Em especial se deve pensar nisso em relação com sua própria casa. Conhece todo modo de se sair de sua casa? O que dizer das saídas de outros prédios que usa. Numa emergência, as pessoas quase que invariavelmente tentam sair da mesma forma que entraram, resultando numa correria. No desastre no Teatro Iroquois em Chicago, há muitos anos atrás, das dez saídas disponíveis, apenas três foram usadas — 575 pessoas morreram!

A previsão é vital, pois o incêndio usualmente acontece à noite, quando as pessoas, sendo subitamente despertadas, talvez fiquem um tanto desorientadas. Se ficarem indecisas, não sabendo exatamente o que fazer, talvez entrem em pânico. Talvez fiquem imóveis, arrastando-se sob a cama, correndo para dentro do armário, ou fazendo alguma outra coisa tola. Isto acontece com freqüência, e custa muitas vidas. É interessante, contudo, que nas incursões de incêndios nas cidades, durante a Segunda Guerra Mundial, quase não havia sinal de pânico, pois todos sabiam o que fazer.

A fim de incentivar o planejamento, costumo perguntar aos grupos: “O que fariam hoje à noite se sofressem um incêndio, Como conseguiriam sair? Para onde iriam? Suponhamos que a porta de seu quarto de dormir estivesse fechada e se dirigisse a ela e sentisse que a maçaneta estava quente. Sairia por aquela porta?”

Isso seria a pior coisa a fazer. Abrir a porta adicionaria oxigênio ao incêndio e provavelmente faria que entrasse pelo quarto antes que pudesse fugir. Assim, jamais abra uma porta quente.

Também é geralmente perigoso sair para uma escadaria. Isto se dá porque o calor e as chamas sobem, e rapidamente subirão por uma escadaria. Compreender este fato teria salvo certo pai e filho que retirei dum incêndio há alguns anos atrás.

O incêndio se deu numa casa de três andares em que moravam várias famílias. Iniciou-se no primeiro andar. Quando a fumaça começou a encher seu apartamento, a mãe pegou um dos filhos e subiu para um lugar seguro através da janela do banheiro. Mas, o pai pegou seu filho e correu para fora da porta. Sendo que as chamas fecharam a entrada da frente, ele correu para cima, em direção ao telhado. Quando cheguei através do telhado, momentos depois, encontrei o senhor e seu filho perto do alto da escadaria, ambos mortos. O calor e a fumaça sobrepujaram-nos antes que pudessem chegar a um lugar seguro.

Exercícios Domésticos Contra Incêndios

Numa emergência, precisa-se saber o que fazer automaticamente, de outra forma um movimento errado, possivelmente fatal, é bem provável. Assim, tenho recomendado aos grupos estudantis que façam exercícios contra incêndio no lar. Têm exercícios contra incêndio na escola, assim, por que não realizá-los no lar, onde muito mais pessoas são feridas e perdem sua vida em incêndios?

Uma janela é, com freqüência, a melhor via de fuga, em especial se for desperto à noite. Mas, é preciso prática pois, num quarto cheio de fumaça, perdesse a visão, o senso de direção — tudo é feito pelo tato. Dificilmente poderá avaliar o que significa isso, a menos que o tenha experimentado. Usualmente, é melhor encontrar uma parede e segui-la até a janela. Costumo encorajar os estudantes: “Quando chegarem ao seu quarto hoje à noite, fechem os olhos ou coloquem uma venda e tentem encontrar o caminho até a janela. Daí, vejam se conseguem abri-la.”

É surpreendente quão difícil isto pode ser, em especial se houver janelas de guilhotina ou telas. Mas, saber como abri-las rápido pode salvar-lhe a vida. Também, costumo sugerir que consigam uma escada de corda, praticando com as crianças como usá-la e a mantendo onde possa ser rapidamente achada em caso de emergência.

Milhares de vítimas estariam vivas hoje se tivessem feito tais exercícios. Apenas recentemente, no Conjunto de Jamaica, um subúrbio da cidade de Nova Iorque, irrompeu um sinistro no primeiro andar, depois de a família ter ido dormir no segundo andar. O pai, um advogado, correu para o dormitório dos filhos para tentar salvá-los — como resultado, todos morreram. Se cada um tivesse saído pela sua própria janela, teriam continuado vivos. Mesmo do segundo andar se pode ficar pendurado da beirada dá janela e deixar-se cair. Possíveis ferimentos resultantes da queda são muito melhores do que a morte quase certa!

Também é vital que a família tenha um local de encontro comum do lado de fora, depois de escaparem da casa. Não raro, vamos a incêndios e vemos os pais clamarem: “Meu filho está lá dentro. Tirem-no de lá!” Com freqüência, o filho já saiu, mas entramos correndo à procura dele. Temos perdido homens por fazer isto. Na primavera setentrional passada, o Capitão dos Bombeiros, John Dunne pelejou através das chamas para atingir um apartamento no terceiro andar em Brooklyn. Foi-lhe dito que quatro crianças se achavam ali, quando, em realidade, haviam escapado antes. Dunne ficou enredado nas chamas e morreu.

Outra coisa que com freqüência destaco é não voltar para o edifício em chamas para apanhar alguns pertences. Isto tem custado muitas vidas. Lembro-me de um edifício comercial em que todos os trabalhadores saíram. Então, quando as chamas não pareciam tão ruins, correram para pegar algumas coisas, e foram mortos.

O que a maioria das pessoas em tais circunstâncias não entendem é o perigo da fumaça; é extremamente venenosa. O incêndio em si raramente as mata, a fumaça o faz. E seus efeitos são cumulativos, abreviando a duração da vida do bombeiro que ficar repetidas vezes exposto a ela.

Carga de Trabalho Fustigamento Desesperadores

Algumas coisas tornam especialmente desesperadora a incrementada carga de trabalho que o bombeiro da cidade grande tem de assumir. É inacreditável! Quando comecei na corporação há cerca de vinte anos atrás, eu servia numa das dez companhias mais ocupadas da cidade, o Posto 17, em Bronx do Sul. Tínhamos de fazer uns 1.800 atendimentos num ano. Agora, algumas companhias atendem a quase 10.000 alarmas num ano!
É verdade que muitos alarmas são falsos — cerca de um em cada três. Mas, jamais sabemos que um é falso até que o respondemos. Assim, isto não raro significa correr a todo o tempo, dificilmente se tendo tempo para se comer um pouco. Durante oito anos, eu estava lotado em Brownsville, Brooklyn, mas o trabalho ali estava ficando demasiado — realmente é apenas para um rapaz. Felizmente consegui ser transferido para uma área menos movimentada — o Posto 143 em Queens.

Brownsville tem agora uma taxa surpreendente de 10.000 alarmas por milha quadrada por ano! É um incêndio após outro, um dia após outro. Não raro, o homem tem de combater vários sinistros por dia. Acho que uma experiência do bombeiro Bob Daily mostra quão comuns os incêndios se tornaram ali.

Havia começado um incêndio num prédio de apartamentos, e Bob se dirigiu à porta vizinha para ver se o apartamento também fora atingido. A porta estava trancada e, presumindo que as pessoas haviam saído, derrubou a porta para entrar. Ali, no quarto fumacento, achava-se uma senhora idosa. Desculpou-se profusamente, perguntando por que ela não havia aberto a porta. “Oh”, disse ela, “temos tido tantos incêndios ultimamente que eu já não presto mais atenção a eles”.

Às vezes, praticamente a área inteira está em chamas, literalmente! Nunca me esquecerei de quando Martin Luther King foi morto. Na noite do seu enterro, as companhias de toda a cidade foram convocadas a Brownsville. Lembro-me de estar no alto de uma fábrica, derramando água num incêndio. Pude ver chamas deflagrarem por toda a área, em toda a parte em que olhava.

Mas, tal situação não é mais ímpar. Tem acontecido várias vezes desde então. Por exemplo, aconteceu na primavera passada, quando a cidade reduziu os pagamentos de pensionistas. Os jornais noticiaram que Brownsville sofreu mais de 120 incêndios naquele dia! Às vezes os avisos são colocados dizendo o dia em que certa área pegará fogo, e pega mesmo. Em resultado, Brownsville, Bronx do Sul e outras seções de Nova Iorque se assemelham a cidades bombardeadas e incendiadas da Europa depois da Segunda Guerra Mundial.

Já é bastante desesperador combater tantos incêndios, mas, agora, nós, os bombeiros, também temos de defender-nos dos incendiários. Em algumas áreas barragens de pedras e garrafas atacam os bombeiros que tentam apagar as chamas. No ano de 1970, houve mais de 800 incidentes em que os bombeiros municipais foram atacados, e 343 foram feridos.

Por que isto acontece? Bem, os desprivilegiados destas áreas sentem-se completamente frustrados. Seus prédios são velhos e caem aos pedaços e vêem poucas melhoras, apesar das promessas de renovação urbana. Assim, creio que destroem tudo em ira, queimando prédios vazios e condenados na esperança de conseguir uma ação mais rápida. E, visto que nós os impedimos de fazer isto, atacam-nos. Acho, também, que lutam contra nós porque nos identificam com as “Instituições” que odeiam.

Talvez alguns não gostem dos próprios bombeiros. Sei que uma queixa freqüente é que nós somos maldosos — que causamos danos desnecessários às casas. Mas a razão de as pessoas pensarem desta forma é porque não entendem realmente os perigos dum incêndio, como se pode espalhar, ou a maneira em que os prédios são construídos. Deixe-me explicar.

Apagar o Incêndio

Quando chegamos, digamos, a um prédio de apartamentos de seis ou sete andares em chamas, cada homem conhece sua designação e corre para cumpri-la. Compreende que as vidas de seus colegas talvez dependam de cumpri-la. Um homem sobe rapidamente ao telhado, abrindo a porta da escada de incêndio, removendo as clarabóias, fazendo tudo para ventilar o prédio, de modo que as fumaças tóxicas dos corredores e escadas internas possam escapar. Daí, desce por uma escada de incêndio, abrindo janelas para mais ventilação.

No ínterim, dois homens talvez se apoderem dum extintor de incêndio e corram para localizar o próprio fogo. Dentro de um quarto cheio de fumaça, suas vidas e as de quaisquer outros que talvez se achem ali estão em jogo. Assim, como pode avaliar, não há tempo para se abrir com delicadeza as janelas. Quando encontradas, são rebentadas com qualquer coisa que haja disponível; permitindo-se respirar o ar sustentador da vida. Não raro conseguimos retirar as crianças com vida, bem como outros que talvez tenham ficado enlaçados ou foram vencidos pela fumaça venenosa.

Este trabalho de ventilação também permite que os homens que seguem arrastem sua pesada mangueira de água; até o fogo. Se a fumaça não tiver nenhum lugar para escapar, quando empurrada pelo jato d’água, ficaria ainda mais comprimida numa dependência ou corredor. Daí, poderia voltar sobre as cabeças daqueles homens e começar um incêndio por trás deles. Daí, ficariam em séries dificuldades — tudo porque os homens encarregados da ventilação não abriram com suficiente rapidez o telhado e as janelas.

Todavia, alguns objetam que seu teto ou suas paredes sejam rebentados quando seu apartamento se acha a alguma distância do incêndio. Mas, há razão para isso, também. Os bombeiros conhecem a direção que o fogo pode tomar. Compreendem que pode percorrer longas distâncias sem ser visto. Há alguns anos, algumas centelhas de um aparelho de cortar provocou um incêndio numa metalúrgica. Os empregados extinguiram completamente o incêndio — segundo pensavam — usando a mangueira vertical da fábrica. Mas, cerca de trinta minutos depois, as chamas tendo percorrido as paredes ocas, irromperam do teto. Foi uma catástrofe.

Os bombeiros entendem de incêndio, e, assim, procuram nos quartos e apartamentos anexos os sinais dele. Retiro minhas luvas e sinto a parede; se estiver quente, talvez haja fogo ali. Assim, tem-se de fazer um buraco na parede para verificar isso. O fogo, especialmente, pode percorrer horizontalmente sem ser percebido. Se derrubamos um teto de um apartamento e houver o mínimo sinal de fogo, não nos sentimos seguros até que tenhamos derrubado o teto do apartamento seguinte para ter certeza de que não foi mais além. Assim, talvez se cause dano a um apartamento quando o incêndio nem sequer o atingiu. Mas, isso não é feito por maldade, como alguns quererem crer, mas, antes, visa proteger as pessoas.

As incompreensões, o fustigamento, a incrementada carga de trabalho, a freqüente inalação de fumaça, a procura de vítimas engodadas, o desespero nos olhos das vítimas que perderam tudo, ver morrerem os colegas bombeiros e outros — tudo isto é o desespero dum bombeiro duma grande cidade. Nosso trabalho é um trabalho árduo e arriscado. Todavia, usufruímos uma recompensa raramente igualada por qualquer outra ocupação. É a de poder ajudar as pessoas em dificuldades, estando presentes para fazer algo quando clamam por ajuda. Isto, para mim, ultrapassa todo o desânimo.

in Despertai de 8/6/1972 pp. 12-18

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OBRIGADO RUI COSTA!

AMOR MEU, DOR MINHA

DOR MINHA QUE BATES NO CORAÇÃO,
OLHOS TEUS QUE CRUZAM COM A PAIXÃO;

PARA ONDE FORES CONTIGO IREI,
ONDE ESTIVERES AÍ FICAREI;

NA ROTA DO AMOR BUSCAMOS SINTONIA,
SENDO O MAIS IMPORTANTE A COMPANHIA;

FELIZ AQUELE QUE TE AMA,
E QUE PODE ALIMENTAR A CHAMA;

FICAREI. FELIZ. SINTO O TEU ABRAÇO FORTE,
SINTO QUE O AMOR NÃO ALIMENTA A MORTE;

POR TUDO ISTO UM ADEUS NÃO PERMITO,
NO NOSSO CORAÇÃO O AMOR NÃO É MALDITO.