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quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Borobudur — filosofia em pedra





NUM ambiente pitoresco de campos esverdeados de arroz dispostos em terraços na parte central de Java, acha-se localizado Borobudur. Construído por volta de 800 E. C., tem um nome que se pensa significar “mosteiro da colina”. Mas, ao invés de ser um mosteiro, trata-se de enorme pilha quadrada de pedras, de quarenta e dois metros de altura, que envolve o topo duma colina. Bastante estranho é que a filosofia de Buda se ache refletida nesta pilha gigantesca de pedras.
O ensino budista não concebe a Deus como ser pessoal. Assim, o homem se torna a coisa importante. É por isso que muitos budistas chineses são, ao mesmo tempo, também seguidores do tauísmo e do confucionismo, para preencher a falta religiosa do budismo. Visto que o budismo não é tanto uma crença como é uma filosofia, Borobudur se assemelha, não a um lugar de adoração, mas a um de meditação.
Hoje, além de ser atração turística favorita, Borobudur serve de lugar sagrado para os budistas indonésios. Muitos deles fazem uma peregrinação anual ali, a fim de celebrar sua festa mais importante, o esclarecimento de Buda, durante a noite de lua cheia de maio.

Mágica Levada a Sério

Naquela noite, os seguidores de Buda se reúnem no campo que cerca Borobudur. O lugar se torna, crêem eles, forte reserva de poder mágico. “Magia branca” é obtida, segundo se diz, para combater a “magia negra”. O espírito de Buda, segundo se pensa, aparece em forma visível no topo duma montanha meridional, e, depois de terminada a celebração, leva-se “água mágica” de Borobudur para aqueles que não puderam comparecer à celebração, bem como para curar os doentes.
Aqueles que testemunharam a Waiçak, ou a celebração do esclarecimento de Buda, já viram quão importante o espiritismo ou ocultismo é para os budistas. Tais observadores talvez fiquem corretamente pensando em por que os budistas não acreditam em Deus, e, todavia, consideram mui seriamente o poder mágico de criaturas invisíveis.

Representada a Evolução Budista

A própria forma do monumento de Borobudur se assemelha à filosofia do budismo. Como assim? Construído em dez terraços, com pequeno quarto no topo, representa o conceito budista da transferência gradual do ser humano para o destino final de Buda — nirvana. Isto é representado pela câmara superior central. Não há entradas claramente marcadas. Mas, de todos os quatro lados há lanços de escadas e entradas de portões que levam à câmara superior da pirâmide escalonada.
A evolução é parte da filosofia budista. Pensa-se que toda vida originou-se nas rochas. Diz-se que a rocha se torna areia, a areia vira plantas, as plantas transformam-se em insetos, os insetos em animais selvagens, os animais selvagens em animais domésticos, e os animais domésticos, segundo pensam os budistas, se tornam humanos.
Não se exigem elos, como no darwinismo, visto que se pensa que a evolução do tipo budista é alcançada pela reencarnação. Assim, crêem os budistas que Gautama Buda mesmo, antes de se tornar humano, viveu certa vez como coelho, outra vez como tartaruga, daí, como macaco. Em seguida, tornou-se homem, segundo a filosofia budista, mais tarde, um espírito, e, finalmente, entrou no nirvana.
Então, todos estes diferentes estágios de vida, segundo o conceito budista, são ilustrados por meio de esculturas e estátuas artísticas no inteiro monumento de Borobudur. Por exemplo, a suposta vida pré-humana de Buda é representada como um coelho, ou como uma boa tartaruga que salva as vidas de marujos náufragos por levá-los de novo seguramente para à praia. Assim, as esculturas representam a filosofia budista da evolução do homem.

Esforços de Eliminar o Sofrimento Humano

Ilustrado em Borobudur, nas centenas de baixos-relevos bem preservados, nos primeiros cinco terraços, é o conceito budista da vida plena de sofrimento.
Siddhartha Gautama, chamado o Buda, que significa o Iluminado, segundo se diz, viveu de 563 a 483 A. E. C. Movido pela súbita compreensão da doença, da velhice e da morte, deixou seu lar em busca de sabedoria que eliminasse o sofrer humano. Isso se deu há longo tempo, e seus ensinos se espalharam pela Ásia inteira. Mas, se pensarmos um instante, o que conseguiu realizar?
Com suas boas intenções, será que Gautama por fim teve êxito em solver os problemas humanos? Eliminou a doença e sua causa, a velhice e a morte e suas causas? Ou as pessoas, até mesmo hoje em dia, 2.500 anos depois do esclarecimento de Gautama, sofrem doenças, velhice e morte? Talvez diga: “Naturalmente, eu também me sinto doente às vezes; tenho visto pessoas envelhecerem e morrerem.” Daí, teve Buda realmente êxito em livrar as pessoas do sofrimento?
Depois de gastar sete semanas sob a sombra de uma árvore bo, chegou à conclusão certa noite que a caridade e a renúncia são as chaves para o nirvana. Seu argumento foi que se uma pessoa de forma alguma é afetada pelo que vê, ouve, cheira, sente, prova e pensa, torna-se livre, não envolvido, inconsciente da vida, da morte, da velhice e da doença. Entra no que é chamado de nirvana, que é descrita, não como um lugar em alguma parte, mas como condição, o fim de todo sofrer.
Talvez fique naturalmente pensando: Como se consegue ficar completamente indiferente à vida; não ouvir nada, ou não ver nada? Se, por exemplo, vê algo muito horrível, algo realmente repugnante feito a seu amigo, não se sente de imediato movido a agir? A maioria se sentiria. Ou, se subitamente compreendesse que está pondo a mão em algo muito quente, não a retiraria logo dali? É isso que toda pessoa normal faria.

Nenhuma Lembrança na “Reencarnação”

O que vem em seguida na filosofia do budismo é mostrado nos próximos quatro terraços. Esta parte de Borobudur não tem forma de quadrado como a parte inferior, mas é circular e se acha coberta de setenta e duas câmaras em forma de sino, de pedra perfurada. Cada câmara contém uma estátua de Buda. Tais estátuas, não tendo ornamentos, são consideradas pelos budistas como indicando a vida espiritual num nível mais alto do que o humano. Embora a posição principal de Buda seja a mesma em cada estátua, as posições diferentes de suas mãos, segundo se pensa, indicam o progresso a virtudes mais elevadas.
Visto que parecia impossível que um humano ficasse completamente dissociado da vida, que não sentisse nada, nem visse, ouvisse, cheirasse ou pensasse algo durante seu curto período de vida, Gautama continuou na crença hindu da reencarnação, a evolução do homem numa forma mais elevada, após sua morte.
Após a morte da pessoa, segundo este conceito, sua verdadeira personalidade espiritual é imediatamente transferida para um bebê recém-nascido em outra parte, e este agora tem oportunidade de continuar seu progresso humano até alcançar a vida inconsciente. Se viveu uma vida boa durante o primeiro período de vida, pensa-se que sua nova vida será uma melhora. Isto é, talvez tenha pais mais ricos, seja mais simpático ou tenha melhores características de sua personalidade. Por outro lado, se foi ruim, pensa-se que talvez renasça sob condições mais pobres, seja mais feio, ou, se foi realmente um sujeito ruim, talvez seja até transferido novamente para um animal doméstico recém-nascido.
Mas, talvez pense: Que benefício há na reencarnação, em uma experiência, se não pode lembrar-se de nada do que aconteceu na vida anterior? Como poderia haver melhora da personalidade, ou empenho de alcançar um desejo mais elevado, se todas as lições da vida prévia não são mais lembradas?

Dissociação ou Gozo da Vida?

Ao visitar as setenta e duas estátuas nos quatro terraços, o peregrino budista põe-se em busca da liberdade da vida humana. Cada imagem, por meio de como as mãos são seguradas, fornece indícios, segundo dito, de como dissociar-se, ou ficar inconsciente da vida. Talvez se quede pensativo, contudo, de como a pessoa pode vir a ser feliz, gozar e compartilhar a felicidade, se dissociar-se da vida. Pois justo o contrário é necessário para se gozar a vida — a participação, o uso dos sentidos e o uso do cérebro.
Será que Buda realmente ensinou o amor à vida? Ou sua filosofia indica, ao invés, o temor da vida? Tentar fugir dela, dissociar-se da vida, não é certamente um meio bem sucedido de tornar a si mesmo feliz ou tornar felizes a outros. Não é a filosofia de esclarecimento de Gautama antes um meio de livrar-se da vida, de acabar sua existência, enquanto a pessoa tenta convencer a si mesma e a outros duma nobreza incerta de assim fazer?
O tormento num inferno de fogo, numa vida após a morte, foi sempre uma expectativa temerosa do hinduísmo; o budismo tenta abolir este temor por concentrar-se na não-participação. Visto que o uso dos sentidos seria necessário para tornar o inferno um lugar a ser temido, Buda pensou que, por lançar os sentidos fora de ação, isto tornaria ineficaz o inferno; e o estado de não-participação aboliria todas as coisas, boas e ruins, agradáveis bem como desagradáveis.
O décimo e último terraço de Borobudur é formado por enorme estrutura em forma de sino. Contém uma câmara vazia, com dois compartimentos. Se o peregrino chega a alcançar estas salas, mantém completo silêncio, meditando que, agora, de forma simbólica, alcançou o nirvana, a maior forma de dissociação. Deixa de existir. O mundo ainda está ali, mas ele mesmo já saiu dele. Nenhuma questão material ou espiritual o atingirá mais, crê-se. Para ele, o mundo acabou, e não há nada mais que venha depois disso.

in Despertai de 22/8/1972 pp. 17-20

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OBRIGADO RUI COSTA!

AMOR MEU, DOR MINHA

DOR MINHA QUE BATES NO CORAÇÃO,
OLHOS TEUS QUE CRUZAM COM A PAIXÃO;

PARA ONDE FORES CONTIGO IREI,
ONDE ESTIVERES AÍ FICAREI;

NA ROTA DO AMOR BUSCAMOS SINTONIA,
SENDO O MAIS IMPORTANTE A COMPANHIA;

FELIZ AQUELE QUE TE AMA,
E QUE PODE ALIMENTAR A CHAMA;

FICAREI. FELIZ. SINTO O TEU ABRAÇO FORTE,
SINTO QUE O AMOR NÃO ALIMENTA A MORTE;

POR TUDO ISTO UM ADEUS NÃO PERMITO,
NO NOSSO CORAÇÃO O AMOR NÃO É MALDITO.