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quarta-feira, 18 de julho de 2012

O rinoceronte — vítima da superstição do homem





O CHIFRE maciço sobre o nariz do rinoceronte parece perigoso. O que é estranho é que esse próprio chifre tenha trazido perigo para o rinoceronte. Tem sido caçado impiedosamente para se conseguir este chifre, a fim de satisfazer a superstição existente em muitos países orientais. Sim, atribuem-se ao chifre do rinoceronte propriedades mágicas, e um pequeno pedaço do chifre pode alcançar alto preço.

O Chifre Mágico

Quando os caçadores licenciados abatem o rinoceronte, os chifres em geral se tornam propriedade do governo e são vendidos em leilão. Na África Oriental, o governo de Quênia realiza um leilão anual de chifres de rinocerontes, e comerciantes dos países orientais compram o chifre para exportação.
Os caçadores ilegais são incentivados pelos altos lucros a matar muitos mais rinocerontes do que os que são mortos por qualquer outro meio.
Quais são as qualidades atribuídas ao chifre de rinoceronte que movem os homens a pagar tais altos preços por ele? Alguns o consideram dotado de propriedades medicinais, aliviando o reumatismo e outras dores. Alguns crêem que o chifre colocado debaixo da cama de uma senhora grávida aliviará as dores de parto. E o dono dum chifre talvez o alugue com este fim em muitas ocasiões.
Também, fazem-se copos de chifre de rinoceronte e estes, segundo se crê, conseguem neutralizar ou revelar a existência de veneno. Alguns acham que o veneno na bebida fará com que o copo rache ou que a bebida fique coberta de espuma.
Parece que a prática de fabricar copos “à prova de veneno” dos chifres de rinocerontes começou por volta de fins do quarto século E. C. Naquele tempo se cria que o unicórnio mítico podia detectar o veneno com seu chifre. Natural é que as pessoas ficassem ansiosas de obter tais chifres, e a demanda era satisfeita pela venda de chifres de rinocerontes como legítimos chifres de unicórnio.
A demanda especial, contudo, de chifres de rinoceronte surge por causa de sua qualidade reputada de afrodisíaco, algo que restaura a potência sexual desvanecente do homem. O rinoceronte talvez copule por um período de várias horas, e, assim, tem-se sugerido que isto inspirou os homens a tentar obter parte desta potência por ingerir o chifre. É o chifre do rinoceronte capaz de produzir a virilidade sexual, ou é isso simples superstição, sem qualquer base efectiva?

Facto ou Ficção?

A busca dum afrodisíaco tem continuado por muitos séculos, e todas as espécies de partes animais têm sido usadas por vários povos, inclusive uma variedade de chifres. Actualmente, os homens estão em condições de fazer uma análise científica do chifre do rinoceronte e assim determinar se há qualquer base efectiva para tais afirmações.
Chifres semelhantes aos chifres do rinoceronte realmente crescem em outros animais, às vezes até mesmo no homem, mas em tais casos são crescimentos patológicos e amiúde prejudiciais. Dificilmente podemos imaginar que se possam obter benefícios de se comer um tumor ou uma excrescência do corpo de outra pessoa ou animal. Não obstante, Jeremias Diale, basuto da África do Sul, acumulou certa riqueza por vender pedaços de tal chifre que cresceu em sua testa. Viajou pela Índia em 1923 e pedaços de seu “chifre” eram ansiosamente disputados. Algum tempo depois, contudo, morreu de câncer.
Tem-se afirmado que o chifre de rinoceronte pode estimular a potência sexual por agir como irritante ao ser ingerido. Diz-se que o chifre é composto de pelos aglutinados e, quando reduzido a pó, contém diminutas partículas que se diz serem afiadas. Sugere-se que tais partículas, quando engolidas, passam pelo aparelho digestivo até a bexiga, e, ao serem eliminadas, provocam uma irritação da uretra. Na realidade, contudo, isto não pode ser assim. Pois nenhuma partícula sólida pode passar pelo aparelho digestivo para chegar à bexiga. Apenas as substâncias dissolvidas podem fazer isto, e, assim, não é possível causar-se uma irritação dela desta forma. Adicionalmente, o chifre é realmente composto de células da pele, e estas não se rompem em pedaços afiados.
Outra sugestão é que o chifre contém constituintes químicos que reagem de alguma forma sobre o corpo. Será possível, por exemplo, que os hormônios sexuais, tais como a testosterona, sejam contidos na substância do chifre e que eles sejam liberados no sistema da pessoa que ingere?
Para resolver esta questão, o Dr. Werner T. Schaurte, da Fundação de Pesquisas do Rinoceronte, na Alemanha, conduziu testes exaustivos. O Instituto de Fisiologia Animal da Universidade de Munique fez uma análise esteróide do chifre. Não se encontraram vestígios de hormônios. Os resultados dos testes foram conclusivos em estabelecer que não há evidência científica para se aceitar a estória de que o chifre de rinoceronte seja um afrodisíaco.
A preocupação do homem com assuntos sexuais o tem levado a muitas práticas tolas e degradantes. A reflexão no assunto, contudo, deve servir para mostrar o engano de se tentar transferir uma qualidade dum animal para um humano por este comer ou usar certa parte do animal. O homem não pode voar por comer penas de aves, nem pode permanecer indefinidamente debaixo d’água por esfregar escamas de peixe em seu nariz, e nem pode restaurar a potência sexual desvanecente por engolir o chifre dum rinoceronte transformado em pó.
Por outro lado, vir a conhecer o rinoceronte em seu habitat e avaliar a parte desempenhada por tais criaturas no equilíbrio da vida tem valor realmente terapêutico para se lançar fora as preocupações e as frustrações da vida moderna.

Conheça o Rinoceronte em Seu Lar

O rinoceronte de focinho de anzol ou de focinho pontudo alimenta-se de folhas e de raízes novas de arbustos. Para jantar, amiúde usa seu chifre frontal (às vezes atingindo até mais de um metro) para desarraigar e derrubar os arbustos e pequenas árvores. Observemos um rinoceronte se alimentar da acácia espinhosa. Note a forma como seu lábio em forma de anzol circunda os ramos para despojá-los das folhas. Actua quase que como um dedo. Por certo sua boca foi idealmente feita para se alimentar dessa maneira.
Essas aves que pousam nas costas do rinoceronte são tchiluandas, e alimentam-se dos parasitos encontrados na pele e nas orelhas de seu hospedeiro. Essas aves alertas alçam voo, fazendo muito barulho ao sinal de perigo, assim dando um aviso para o rinoceronte.
Ao passo que o olfacto do rinoceronte é acurado, e sua audição é boa, tem dificuldade de distinguir um homem a mais de uns 22 metros. E, se avista um movimento nessa distância, sentir-se-á perto demais do perigo para se sentir confortável, e poderá atirar-se contra tal objecto que se move. Ao invés de o rinoceronte ser um animal de temperamento ruim, alguns naturalistas afirmam que é mais provável que o medo motive o ataque e que a arremetida talvez seja mais defensiva do que agressiva.
Todavia, uns mil e trezentos quilos de rinoceronte, postos em acção, arremetendo-se à velocidade de uns 40 a 56 quilómetros por hora, torna-se formidável inimigo. Uma locomotiva certa vez foi arrancada dos trilhos por um destes enormes rinocerontes. Mas, observe quão contente fica de mordiscar brotos tenros. Sente-se feliz de ficar sozinho. Bem, vamos permitir exactamente isso e ver se podemos encontrar seu primo, o rinoceronte de focinho quadrado.
Este rinoceronte, o maior de todos os rinocerontes, pode chegar a pesar quatro toneladas. Ele é um roçador, alimentando-se de grama. Mas, veja ali. Agora pode ver por que é chamado de “focinho quadrado”. Sua boca é achatada e tem cerca de 25 centímetros de largura, de modo que ele acha fácil alimentar-se de grama. Um chifre recorde de tal rinoceronte mediu 1,57 metros. Felizmente é bem dócil e usualmente correrá se descobrir que estamos por perto. Sua reacção ao perigo, então, é em geral diferente da do rinoceronte de focinho pontudo.
Mas, agora ele se dirige para um lamaçal. Além de lhe dar alívio do calor, a lama serve para outro fim. A camada de lama fará com que os parasitos grossos e pequenos que chupam o sangue se soltem da pele do rinoceronte. O rinoceronte então os remove, junto com a lama, por esfregar-se contra uma pedra ou tronco de árvore. O lamaçal, por sua vez, torna-se cada vez mais profundo à medida que o rinoceronte o usa, e, por fim, se torna uma poça d’água semi-permanente, fornecendo água na estação seca para muitos outros animais.
O macho procura estabelecer seu território, uma área de talvez uns 202 hectares. Tem vários meios de marcar seu território, e o defenderá contra os desafiadores. Uma forma de marcar seu território é por achar um pequeno arbusto; daí, mantendo cada pata traseira firme por sua vez, as arremete contra o arbusto, rebentando-o. Depois disso, urina com um jacto fino de modo que o arbusto inteiro fique cheirando. Daí, qualquer rinoceronte visitante que chegar a tal arbusto, saberá imediatamente que se acha no território de outrem. Mas, como é que o macho saberá quem visitou seu território?
É costume do macho estabelecer estrumeiras ou pilhas de estrume. Qualquer rinoceronte visitante usará a estrumeira e assim deixará evidência de sua presença. O macho do território inspeciona as estrumeiras, sabendo pelo cheiro quem foi que visitou seu território, se são fêmeas ou machos, vizinhos ou estranhos. O estrume é espalhado por um coice das patas traseiras por parte do dono do território, de modo que o rastro do visitante é apagado antes da seguinte visita de inspecção.
Muitas, deveras, são as características interessantes destes enormes animais chifrudos, que agora declinam em número. Por certo, suas vidas devem significar mais do que o valor inflacionado de seus chifres. Que pena que o homem, movido pela superstição, deixe de reconhecer o verdadeiro valor desta terra e das maravilhosas criaturas sobre ela.

in Despertai de 8/12/1972 pp. 9-12

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OBRIGADO RUI COSTA!

AMOR MEU, DOR MINHA

DOR MINHA QUE BATES NO CORAÇÃO,
OLHOS TEUS QUE CRUZAM COM A PAIXÃO;

PARA ONDE FORES CONTIGO IREI,
ONDE ESTIVERES AÍ FICAREI;

NA ROTA DO AMOR BUSCAMOS SINTONIA,
SENDO O MAIS IMPORTANTE A COMPANHIA;

FELIZ AQUELE QUE TE AMA,
E QUE PODE ALIMENTAR A CHAMA;

FICAREI. FELIZ. SINTO O TEU ABRAÇO FORTE,
SINTO QUE O AMOR NÃO ALIMENTA A MORTE;

POR TUDO ISTO UM ADEUS NÃO PERMITO,
NO NOSSO CORAÇÃO O AMOR NÃO É MALDITO.