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quarta-feira, 11 de abril de 2012

A bolekaja — a jardineira da África Ocidental





HÁ MUITOS meios de transporte usados na Nigéria. No entanto, viajar a pé tem continuado, em muitas partes, a ser a forma mais fidedigna, e, às vezes, a mais rápida e mais confortável. Depois disso há a Bolekaja — nome ioruba de um meio de transporte muito popular, também conhecido na África Ocidental como jardineira.
A Bolekaja, ou jardineira, é um caminhão leve ou caminhão aberto que foi convertido para levar passageiros. Na capital nigeriana de Lagos, onde tenho vivido por vinte e cinco anos, ou ali por perto, muitos ainda a preferem, apesar de haver também muitos ônibus e táxis. Por quê? — talvez pergunte.

Razões da Popularidade

Bem, para apanhar o ônibus a pessoa tem de ir ao ponto de ônibus e, em alguns casos, isso significa andar longa distância. Mas, não precisa fazer isso se estiver preparado para viajar de bolekaja. Ela pára em qualquer lugar da estrada em que houver passageiros.
Também, a bolekaja não se apega a nenhum itinerário, e, assim, toma atalhos, que pode ser de real vantagem nas horas de maior movimento. Os operários não raro verificam ser um meio de transporte mais rápido para suas fábricas do que os ônibus, que também são de menor número. Assim, se a pessoa deseja chegar a tempo no seu destino, a resposta amiúde é: Tome a bolekaja.
Outra vantagem deste meio de transporte é que a pessoa pode, por certa taxa, levar com ela cargas pesadas. Não se permite fazer isso nos ônibus. Visto que a bolekaja opera entre os mercados, as mulheres africanas acham-nas convenientes pára transportar bens de ida e volta do mercado. O uso freqüente delas para este fim é a razão pela qual são também chamadas em inglês de “mammy wagons”.

Descrição e Operação

Embora não haja nada mui atraente ou luxuoso nela, a bolekaja sobreviveu como o meio mais popular de transporte, até mesmo numa cidade grande como Lagos.
Suas cadeiras são simples tábuas, como bancos. Há uma fila de cadeiras de cada lado, e também no meio, de modo que os passageiros no meio possam sentar-se encarando as pessoas dos lados. Embaixo das cadeiras há espaço para cargas.
O teto é feito de compensado, coberto com um encerado alcatroado. Os lados superiores são abertos na maior parte, fornecendo bastante ar. Na parte de trás há uma porta. Nos anos recentes um tipo melhorado de bolekaja foi construído, chamado Mauler.
Cada bolekaja tem motorista e trocador ou aprendiz, cujo dever é cuidar da retaguarda. O trocador tem uma corda que leva a um sino na parte da frente da bolekaja, de modo a informar ao motorista quando parar e quando seguir caminho. Também tem um curto bloco pesado de madeira para enfiar sob as rodas quando param para apanhar passageiros. Isto serve para impedir que o veículo recue, visto que, às vezes, não se pode confiar nos freios.
O trocador senta ou fica em pé nos degraus, dependendo de quão lotada esteja a bolekaja. É uma pessoa bem ocupada, pois, além de ser os olhos e os ouvidos do motorista para a traseira, também cuida dos passageiros e recebe as passagens. Não se trata duma tarefa fácil, visto que, às vezes, tem de brigar para receber o dinheiro das passagens de passageiros teimosos. E, destas freqüentes altercações provém o nome Bolekaja, significando simplesmente: “Vamos descer e brigar.”
Naturalmente, o nome bolekaja não está escrito no caminhão aberto apenas o apelido dado a ele por aqueles que têm experiência em viajar nele. E o fato é que todos os que já viveram em povoados ao longo da costa ocidental da África estão bem familiarizados com este meio de transporte. Bolekajas e maulers freqüentemente têm títulos ou lemas escritos dos lados, tais como “O homem põe, Deus dispõe”, “Não é telefone pro Céu”, “O temor de Deus”. “Sem dinheiro não há amigos”, “A simplicidade é um talento”, e assim por diante.
A lei permite que uma bolekaja leve cerca de trinta e nove passageiros, inclusive o motorista e o cobrador. Mas, enquanto houver passageiros, o cobrador os comprimirá até que alguns dificilmente consigam respirar. Qualquer número, de quarenta e cinco a cinqüenta pessoas, são freqüentemente comprimidas ali dentro. O limite de velocidade na cidade é de 56 km/h, mas não é incomum encontrar-se a Bolekaja a oitenta ou noventa e cinco por hora!
As bolekajas freqüentemente são descuidadas quanto à mecânica, não só tendo freios ruins, mas às vezes tendo pouco combustível para a viagem inteira. Quando falham os freios ou ficam sem gasolina entre os postos, fazem-se ali mesmo tentativas de conserto, ao passo que os passageiros ficam esperando. E não são devolvidas as passagens caso a pessoa decida sair para tentar encontrar outro meio de transporte — fator que também contribui para brigas constantes.

Longo Tempo de Uso Pessoal

Já viajei muitas vezes de bolekaja nos últimos vinte e cinco anos. Em 1956, foi obrigado a mudar-me da Ilha de Lagos para um subúrbio distante uns dezesseis quilômetros do meu escritório. Aconteceu que, naquele tempo, o único transporte que ousava enfrentar a estrada deste pequeno povoado até Lagos era a bolekaja. A primeira sempre partia por volta das cinco da manhã. O ruído dela e das vozes barulhentas dos trovadores despertavam as pessoas que moravam ao longo da estrada.
Por volta das seis da manhã, eu usualmente estava pronto para uma caminhada de alguns minutos até o ponto. Eu ia até lá porque era mais fácil determinar o preço correto da passagem desde o ponto inicial até a última estação dentro de Lagos. Aqueles que pegavam a bolekaja ao longo da estrada tinham que depender do bom julgamento do cobrador quanto à quantia a ser paga, e os desacordos levavam a freqüentes brigas. Uma viagem na Bolekaja ficou particularmente na memória.

Viagem ao Escritório

Foi numa segunda-feira de manhã. Eu acordei bem tarde e corri para o ponto. Ali, encontrei apenas uma bolekaja. O motor estava roncando, o motorista estava pronto em seu lugar, e o veículo estava, como de costume, cheio de pessoas. Eu não tentaria entrar nele se não fosse o cobrador que, sentado na ponta extrema do veículo, ainda chamava mais passageiro s.
Assim, com uma pasta numa das mãos e segurando a porta de madeira com a outra, coloquei um pé no degrau, de modo a espreitar lá dentro e ver se ainda havia algum lugar. Naquele instante, o veículo começou a andar. Quando me dei conta de que não havia lugar vago lá dentro, o motorista já corria a uns 80 ou 90 km/h numa estrada bem acidentada!
Minha gravata voava no ar e meu paletó desabotoado estava todo virado para um lado. Todavia, o cobrador nem pensava em meus apuros. Exigia que eu pagasse a passagem, embora pudesse ver, achava eu, que se eu soltasse a mão da porta, isso significaria queda instantânea e minha morte! Sem embargo, tive o cuidado de não dizer nada que talvez provocasse uma briga. Simplesmente orei para não cair. Depois de alguns quilômetros, paramos para deixar alguns passageiros, e tive oportunidade de sentar lá dentro e pagar minha passagem.
A um senhor, que acabara de entrar e se sentara bem em frente a mim, foi cobrada a passagem. No entanto, teimosamente recusou-se a pará-la até chegar ao seu destino. Não sei porque ele se recusou, mas talvez tenha sido por ter tomado recentemente uma bolekaja que quebrou antes de chegar ao destino e, segundo o costume, não lhe devolveram o dinheiro da passagem.
De qualquer modo, o cobrador insiste agora que pague ali mesmo. Depois de trocarem algumas palavras nada lisonjeiras, começaram a dar empurrões um no outro, e outros na jardineira tomaram lados. Dentro em pouco, o veículo parou, e o motorista foi lá atrás. Juntou-se em exigir que a passagem fosse paga, ou o homem fosse posto fora. O motorista e o cobrador tentaram arrastá-lo para fora, e então sucedeu o costumeiro. Houve uma briga. Todos nós tivemos de esperar enquanto algumas pessoas que passavam por ali ajudaram a acabar com a disputa. A passagem foi por fim paga, e partimos de novo. Mas, fiquei uma hora atrasado ao chegar ao escritório naquele dia.
Há algum tempo, a bolekaja e o mauler foram banidos de rodarem em Lagos por causa do congestionamento na ponte e por causa da hora de maior movimento de manhã bem cedo, mas esta lei foi abertamente desafiada e nunca foi realmente posta em vigor.
Estou certo de que, se visitar os países da África Ocidental, e especialmente a Nigéria, ainda encontrará as bolekajas e os maulers em operação. Enquanto houver pessoas pobres no país, e os outros meios de transporte forem inadequados, a jardineira da África Ocidental sem dúvida continuará a florescer.

in Despertai de 8/9/1972 pp. 24-26

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OBRIGADO RUI COSTA!

AMOR MEU, DOR MINHA

DOR MINHA QUE BATES NO CORAÇÃO,
OLHOS TEUS QUE CRUZAM COM A PAIXÃO;

PARA ONDE FORES CONTIGO IREI,
ONDE ESTIVERES AÍ FICAREI;

NA ROTA DO AMOR BUSCAMOS SINTONIA,
SENDO O MAIS IMPORTANTE A COMPANHIA;

FELIZ AQUELE QUE TE AMA,
E QUE PODE ALIMENTAR A CHAMA;

FICAREI. FELIZ. SINTO O TEU ABRAÇO FORTE,
SINTO QUE O AMOR NÃO ALIMENTA A MORTE;

POR TUDO ISTO UM ADEUS NÃO PERMITO,
NO NOSSO CORAÇÃO O AMOR NÃO É MALDITO.