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quinta-feira, 2 de maio de 2013

O rio gigante da África Central





QUASE que silenciosamente, serpenteando entre a vegetação tropical luxuriante, ele corre. Sua superfície ondulada marrom reflecte os raios do reluzente sol africano. Não se trata duma serpente das selvas, e sim do segundo rio mais comprido do continente africano e o sexto mais extenso do mundo.
Trata-se da poderosa corrente conhecida de muitos como o Rio Congo. O rio foi redenominado de Zaire pela República de Zaire em 1971. Longe de ser um riacho sussurrante, este rio gigantesco tem uma descarga de mais de 37.800.000 litros de água a cada segundo. Em termos de volume de água, é somente excedido pelo Rio Amazonas do Brasil.

Viajando Corrente Acima

A fim de familiarizar-se com esta maravilha natural, venha comigo numa viagem rio acima. Ela nos levará por cerca de 4.800 quilómetros, e verá os panoramas que fascinaram o Dr. Livingstone e Mr. Stanley, famosos exploradores do século dezanove. É deveras o paraíso do explorador.
Antes de começarmos nossa jornada, note quão forte é a corrente do rio em seu estuário. Lançando-se incansavelmente no Atlântico azul, deixou de resto pequeníssimo delta, mas cortou um canhão de uns 1.200 metros na plataforma continental, e suas águas marrons são discerníveis a cento e sessenta quilómetros da costa.
A primeira etapa de nossa viagem nos leva do estuário do rio a uns 130 quilómetros no interior, ao porto de Matadi. Neste ponto, temos de desembarcar, pois as montanhas de Cristal erguem uma barreira natural ao curso do rio. As águas espumantes cascateiam numa série de trinta ou mais cachoeiras conhecidas de forma colectiva como Quedas de Livingstone. Nos pouco mais de 320 quilómetros da capital, Kinshasa, até Matadi, o rio se abaixa mais de 240 metros. Parte desta energia natural é agora captada por turbinas duma hidroeléctrica, mas estas quedas d’água são também o motivo de se saber tão pouco sobre as cabeceiras do rio até há uns cem anos atrás. Actualmente, uma ferrovia é usada para transferir passageiros e carga de um barco para outro entre estes dois pontos.
Pouco acima da primeira das corredeiras, chegamos ao centro governamental de Kinshasa, cidade bem moderna que se espalha sobre uma ribanceira arenosa. Do outro lado desta vasta extensão do rio se acha a pululante cidade de Brazzaville, capital da República do Congo, país que margeia o rio por várias centenas de quilómetros.

Viagem de Barco

Para a segunda etapa de nossa jornada, desejaremos chegar ao ancoradouro dos barcos bem cedo a fim de pegar uma das barcas fluviais. Tudo está sendo colocado nela, pois tais barcas não só transportam pessoas (da primeira à terceira classe), mas também mercadorias e veículos de todos os tipos. Barcaças são também amarradas aos lados, ou na frente ou na traseira, a fim de serem puxadas ou empurradas a lugares distantes. Muitos itens importados, tais como combustíveis e manufacturados, percorrem sua longa jornada rio acima, ao passo que as barcas retornam trazendo as riquezas da bacia em forma de borracha, madeira, café, dendê, e produtos agrícolas.
Soltando as amarras, começamos a deslizar continuamente contra a corrente mais vagarosa, desviando-nos das milhares de ilhotas cobertas de mato que existem no rio. Estas e as enganosas correntes fluviais põem à prova as perícias de navegação até mesmo do capitão e da tripulação mais experientes. Calcula-se que, ao passo que o próprio rio pode receber barcos de carga em aproximadamente 2.700 quilómetros de sua extensão, as águas navegáveis são aumentadas para mais de 12.800 quilómetros quando combinadas com a de seus tributários. Às vezes, o rio se alarga de dezasseis a vinte e quatro quilómetros.

A Terra Intacta

Que vistas apreciamos pelo caminho! Progressivamente, sentimos que deixamos para trás a maior parte do que chamamos de civilização. Apenas as cidades ribeirinhas de Mbandaka e Kisangani, e algumas outras cidades crescentes, abertas nas selvas, nos lembram dos passos do país para viver no século vinte. A maior parte do cenário permanece intacta pela passagem do tempo.
“Mbote!” “Jambo!” Estas são as costumeiras saudações nativas ao atingirmos portos de parada ao longo do caminho. Em cada povoado que passa, grupos de crianças nuas correm à beira do rio, mostrando seus dentes imaculadamente brancos ao sorrirem e gritarem de forma excitada. No fundo, vemos várias casas de barro ou com telhado de colmo, cada uma com sua horta de milho, mandioca, abacaxi e banana.
Ali, vê aquele senhor de idade em pé em sua pequena canoa? Talvez contemple onde possa apanhar melhor seu jantar de hoje. E, mais adiante, um casal de papagaios cinzentos, com penas da cauda de um vermelho brilhante, voam baixo, chalrando estridentemente um para o outro. Ao dobrarmos a curva, um crocodilo desliza silenciosamente da ribanceira à procura de um jantar.
Actualmente, somos afortunados de ver um grupo de hipopótamos chafurdando alegremente nas águas lamacentas. E ali, à distância, um deles nada apenas com os olhos e as orelhas fora d’água.
Os animais e as aves de grande variedade habitam este grande rio do equador. E, ao continuarmos seguindo corrente acima, as árvores e os arbustos se tornam tão prolíficos que o reluzente sol do meio-dia adquire tonalidades escuras quando contemplamos as sombras das margens densamente arborizadas.

Comerciantes Fluviais

Mas, o que está à frente? Parece um comboio de pirogas ou canoas que pertencem aos lokeles, uma das mais de duzentas tribos que vivem em Zaire. Estas pessoas já vivem por séculos quer em suas canoas quer em casebres ribeirinhos. São comerciantes e percorrem o rio, vendendo comida e mercadorias de muitos tipos aos viajantes fluviais.
Para tornar mais fácil o comércio, alguns conseguem prender seus pequenos barcos no lado da barca mais rápida. Veja só aquela piroga ao lado. Pode-se ver que a própria piroga foi escavada numa árvore, sendo longo tronco recto escavado por horas e horas. A maioria delas são manobradas por um remo, mas algumas das maiores hoje em dia possuem motores de popa e deslizam pelas águas marrons como um torpedo, levando às vezes até quarenta ou cinquenta pessoas. São verdadeiros ‘ônibus fluviais’. Numa terra em que são poucas as grandes pontes, a viagem de canoa é um fato diário da vida de muitos.

Trovejantes Corredeiras de Stanley

Chegando a Kisangani, pouco abaixo das Corredeiras de Stanley, viajamos mais de mil e seiscentos quilómetros de barco e ainda assim o ponto que indica a metade do rio ainda está à frente. Nossa barca voltará daqui depois de receber a carga, visto que as sete cataratas que constituem as Corredeiras de Stanley impedem que se continue rio acima. Mesmo neste ponto, bem rio acima, cerca de 17.000.000 de litros de água por segundo rugem e trovejam sobre as falhas naturais rochosas da terra, sendo várias vezes maior a vazão que nas Cataratas do Niágara na América do Norte.
Mas, venha, eu lhe mostrarei uma vista que não desejará perder. Junto das corredeiras vivem os wagenias, que pegam peixes de forma incomum. Desafiando as correntes rápidas, fixam uma rede de varas nas reentrâncias das rochas, às quais prendem cestas em forma de cone, feitas de madeira e cipós, medindo cerca de um metro e oitenta de diâmetro na abertura. Duas vezes por dia, os wagenias inspeccionam suas armadilhas a fim de apanhar os peixes que se alojam nas cestas e que ficam presos ali devido à correnteza forte. Não demonstrando nenhum temor, remam em suas canoas no meio das correntes agitadas e mergulham bem no meio das águas espumantes, seus músculos cor de ébano se encrespando ao pegarem sua presa.

Em Direcção às Cabeceiras

Deixando para trás as Corredeiras de Stanley, continuamos rio acima, mas, agora, viajamos quase que para o sul. Curvando-se como uma gigantesca cimitarra, o curso do rio primeiro vai para o nordeste, mais tarde se volta para o leste, ao cruzar o equador, e então se curva para o sul.
Visto que a bacia fluvial recebe a chuva das épocas de ambos os lados do equador em ocasiões diferentes, não existem os extremos de enchentes e vazantes existentes em muitos outros grandes rios. A proporção de sua vazão mais baixa para a mais alta é de 1 para 3 (o que significa pouca variação sazonal no nível das águas e em seu fluxo), quando comparada com a de 1 para 20 para o Mississippi nos Estados Unidos, e de 1 para 48 no Nilo.
Além das Corredeiras de Stanley, o rio é conhecido localmente como Lualaba. Estendendo-se para o interior de Zaire, chega à vizinhança de Lubumbashi (antiga Elizabethville). No entanto, as cabeceiras mais distantes começam no nordeste de Zâmbia.
Gigantesco rio da África Central! Este é o poderoso Congo, agora conhecido como Rio Zaire, nome igual ao do país que depende grandemente dele para satisfazer suas necessidades diárias. Na verdade, trata-se duma infindável maravilha e de mais um testemunho da sabedoria e força dinâmica dum Criador inteligente.

in Despertai de 22/5/1973 pp. 24-26

1 comentário:

Anónimo disse...

Muito lindo. O q queres q faça ? Ernest

OBRIGADO RUI COSTA!

AMOR MEU, DOR MINHA

DOR MINHA QUE BATES NO CORAÇÃO,
OLHOS TEUS QUE CRUZAM COM A PAIXÃO;

PARA ONDE FORES CONTIGO IREI,
ONDE ESTIVERES AÍ FICAREI;

NA ROTA DO AMOR BUSCAMOS SINTONIA,
SENDO O MAIS IMPORTANTE A COMPANHIA;

FELIZ AQUELE QUE TE AMA,
E QUE PODE ALIMENTAR A CHAMA;

FICAREI. FELIZ. SINTO O TEU ABRAÇO FORTE,
SINTO QUE O AMOR NÃO ALIMENTA A MORTE;

POR TUDO ISTO UM ADEUS NÃO PERMITO,
NO NOSSO CORAÇÃO O AMOR NÃO É MALDITO.