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quarta-feira, 2 de janeiro de 2008

Intrépidos lutadores contra o mar


BEM distante no passado se acha o apogeu do poderio naval, quando as frotas holandesas singravam os oceanos e desafiavam, uma por vez ou em conjunto, as frotas da Inglaterra, da França, da Espanha e de Portugal. Isso aconteceu na última metade do século dezessete. Mas, desde aquela época até o presente, os neerlandeses se ocuparam continuamente em outro tipo de campanha naval — uma série de batalhas para preservar e estender a terra seca em que vivem e trabalham e se divertem.
Quão bem sucedida tem sido esta guerra? Bem, considere alguns dos fatos surpreendentes sobre os Países-Baixos. Desde o século dezesseis, cerca de 480.000 hectares de terra seca foram tomados ao Mar do Norte. Isso não é muito menos do que a área total do Distrito Federal do Brasil. Cerca de 60 por cento dos holandeses vivem em tais partes tomadas tiradas das águas espumantes e turbulentas. Quarenta por cento da atual área terrestre se acha abaixo do nível do mar, e, todavia, produz vastas quantidades de cereais, além de nutrir a milhões de bulbos florescentes.
Nem os endurecidos holandeses solicitaram uma trégua nessa guerra já de séculos. Com efeito, estão promovendo maior campanha, planejando ações cada vez mais agressivas. E ai deles se não o fizessem! Até mesmo agora as estatísticas indicam que há cerca de nove pessoas para cada acre — consideravelmente maior densidade do que as 5,5 pessoas por área da Grã-Bretanha. Não só isso, mas o preço da indolência é alto demais. O mar rapidamente invadiria tudo de novo e desfaria os esforços de muitas gerações de lutadores contra o mar. Assim, a luta tem de continuar. Mas, que coisa maravilhosa é pensar que este programa de adquisição de terras não perturba quaisquer fronteiras internacionais, não exige nenhuma atividade militar ou naval, e, ainda assim, produz resultados tão tangíveis e benéficos!


Empolderar


O dicionário define um "pôlder" como terreno baixo conquistado de uma massa de água, e o método usado pelos lutadores contra o mar é chamado de "empolderar". O que envolve? Primeiro, e principalmente, o dique. Tem-se de construir um dique por toda a volta da área a ser conquistada, e isto enquanto ela ainda está cheia de água a uma considerável profundidade. Primeiro se tem de preparar um leito para o dique, por se escavar as camadas moles de solo, às vezes a uma profundidade de uns onze metros, e não raro muito mais. Nesta vala submersa se deposita areia — bombeada com boa proporção de água. O alicerce do dique é enchido de areia pura até uns dois metros abaixo do nível da água. Neste ponto, a comoção superficial da água exige que se empreguem materiais mais fortes.
Pense num contínuo dique submerso de areia, bem achatado ao longo de sua crista. Ao longo de ambas as extremidades da crista, são então construídos pequenos diques, mas estes são feitos de argila. O espaço entre estes diques de argila é então enchido de areia, produzindo um dique cujo corpo principal é de areia, mas que tem uma superfície de argila, exposta às águas. Naturalmente, essa superfície de argila não durará muito no meio das águas em movimento, de modo que, à medida que o dique vai surgindo, outros trabalhadores preparam o que poderíamos denominar de enormes "esteiras" feitas de 22 gravetos amarrados fortemente. Estes são amarrados a blocos de basalto e mergulham para a sua posição ao pé do dique. Assim, o dique é protegido do poder minante de uma ressaca.
A seguir, o dique tem de ser protegido com uma armadura mais pesada acima do nível da água, em especial do lado voltado para o mar. Uma fileira de pilares são introduzidos junto à extremidade superior da esteira e junta-se a eles uma muralha de pranchas. Esteiras de palha são colocadas sobre a superfície de argila, daí, salpicadas de cascalho e lascas de tijolos, tendo por fim uma cobertura de blocos de basalto. A coroa do dique é então coberta de argila fértil e semeada de grama. Ou, talvez aconteça que se construa uma estrada ao longo do topo do dique.
A terra é também conquistada por se escoar a água de lagos de água doce ou lagos formados por execrações de turfeiras. O processo geral é construir um dique circular em volta da massa de água, dispondo de um canal do lado de fora para servir como reservatório para a água em excesso. Tal dique não terá de ser tão firme como o descrito acima, visto que não terá de contender com uma massa permanente d’água do lado externo, como o fazem os diques à beira-mar. O seguinte passo é escoar a água, trabalho anteriormente desempenhado pelas bombas de moinhos de vento, mas, atualmente, realizado muito eficientemente por bombas a diesel ou elétricas de alta capacidade.
Daí, visto que a evaporação não basta para se livrar de mais água resultante de chuvas ou de infiltração, tem-se de construir um sistema permanente de drenagem. Um pôlder seco é dividido em partes chamadas kavels. Estas são assinaladas por valas que têm dupla função, para drenagem e para servir de limites. As kavels são divididas em lotes menores por valetas secundárias de drenagem que deságuam nas valas kavel. Por fim, as águas atingem os canais, que servem tanto como vias fluviais como para levar as águas em excesso às instalações de bombeamento.
O que acontece se um pôlder ficar sem água durante uma época de seca? As instalações de bombeamento são construídas de tal modo que podem bombear também na direção contrária, e prover a umidade necessária. E logo que o pôlder tenha sido drenado, o governo assume a responsabilidade de preparar a terra para o cultivo particular tarefa que não é terminada senão depois de uns quatro anos. No outono, plantam-se couve e trigo a serem colhidos na primavera. São colhidos no ano seguinte, e, então, os campos são mantidos em repouso até a semeadura da cevada na primavera do terceiro ano. Durante o quarto ano, aveia, alfafa e linho são semeados. Daí, no quinto ano, a terra é liberada para uso regular.


Afastando o Desastre


Enchentes desastrosas assolaram intermitentemente através dos anos, levando os habitantes das terras baixas a fugir para grandes aterros ou colinas artificiais chamadas terpen. Ali tinham simplesmente de esperar até que as enchentes de novo pudessem ser controladas. Tornou-se evidente que o melhor plano era, de algum jeito, diminuir a costa vulnerável. Mas, como? Se passar os olhos pelo mapa mais antigo dos Países-Baixos, notará que o Zuider Zee é um golfo raso que penetra bastante país adentro. Na maré baixa, sua profundidade é de cerca de quatro metros e meio. Projetou-se um dique de uns trinta quilômetros — um dique que separaria este golfo do mar em seu ponto mais estreito, entre Friesland e a Holanda do Norte.
Iniciado em 1927, este Dique Fechador, como é chamado, ficou pronto em 1932. É uma estrutura maciça, de 100 metros de largura ao nível do mar, e 152 metros no fundo do mar. Acha-se equipado de comportas, de modo a livrar-se das águas fluviais que constantemente são drenadas em direção do mar. Outras comportas admitem a passagem de navios de até 2.000 toneladas. Assim, o comércio pode continuar, diminuem os perigos de extensivo desastre causado por enchentes, ao passo que, ao mesmo tempo, amplos territórios são acrescentados ao Reino dos Países-Baixos. Deveras, uns 125.000 hectares de terra foram assim conquistados do anterior Zuider Zee. Agora, em andamento, acha-se um projeto de 40.000 hectares, e também já se iniciou um projeto de 60.000 hectares. Por fim, tudo que restará do Zuider Zee será um lago de água doce, com uma área de uns 120.000 hectares — o Lago Ijssel.


Outra Frente de Batalha


A mais grave enchente na história neerlandesa assolou as terras por volta dos estuários na parte sudoeste em janeiro de 1953. Ficou inundada uma área de quase 162.000 hectares. A perda de vidas atingiu 1.800. Uma comissão foi formada a fim de estudar a possibilidade de defesa contra futuros desastres nesta frente. O resultado: em 1957, o governo sancionou uma lei que aprovava o que é chamado agora de Plano do Delta — um projeto destinado a fechar os estuários do mar aberto e encurtar o litoral neerlandês em outros 675 quilômetros.
Em 1961, fechou-se o estuário entre Beveland do Norte e Walcheren. Esta abertura para o Mar do Norte, chamada de Veersche Gat, tem menos de três quilômetros de extensão, e 70.000.000 de toneladas métricas de água passam por ela em cada maré. De cada cabeça de praia, construíram-se pogões até que só restavam 300 e poucos metros a ser ligados. Neste estágio, porta-batéis seriam usados. O porta-batel é uma estrutura de uns 45 por 20 metros, tendo 20 metros de altura, construída de tal forma que possa flutuar ou afundar, como se queira. A extremidade longa do porta-batel dispõe de comportas que podem ser levantadas ou abaixadas. Sete deles foram colocados no espaço ainda a ser ligado e submergidos. Daí, quando a maré era a mais favorável possível, os porta-batéis foram firmados e fechadas as comportas. Enorme volume de areia foi então derramado sobre a represa feita de porta-batéis, assim fornecendo um dique que pode resistir às mais furiosas batidas do Mar do Norte.
No ínterim, empreendeu-se a tarefa de represar o estuário de Haringvliet, flanqueado pelas ilhas de Voorne e Putten de um lado, e de Goeree-Overflakkee do outro. Aqui, 260.000.000 de toneladas métricas de água fluem com cada maré através de sua entrada de uns 4.000 metros. A este volume se devem acrescentar as águas do Reno e do Mosa na maré vasante. Uma represa aqui cumprirá dupla tarefa: proteger as cabeceiras dos rios contra o fluxo excessivo de água do mar, e controlar o fluxo, a distribuição e o represamento da água fluvial. Isto exige um complexo de comportas de alta capacidade, que foram construídas agora sobre um alicerce de 22.000 pilares de concreto. O complexo tem uns 1.000 metros de comprimento, tendo dezessete comportas, cada uma com uns 56 metros de largura, com abertura de cada lado, cada uma pesando 467 toneladas. Estas comportas permitem a passagem de quase 18.000.000 de litros de água por segundo.
O represamento de dois outros estuários ainda se acha no estágio de planejamento. Um deles, em Brouwershavense Gat, requererá uma barreira de uns cinco quilômetros e meio. A outra, na entrada do Scheldt Oriental, tem de enfrentar uma maré que derrama 1.100.000.000 de toneladas cúbicas de água no estuário. A título de comparação, o Dique Fechador foi construído na entrada do Zuider Zee, em água que tem em média uns 5 metros, ao passo que a profundidade de Seheldt Oriental Holanda semental é de mais de 17 metros, em média, e, em certos lugares atinge 40 metros. O Dique Fechador tem 150 metros de largura em sua base; esse, em Scheldt Oriental terá de ter 1.100 metros de largura.
Em preparação para estes maiores projetos, duas represas auxiliares se acham incluídas no plano geral: uma delas, já terminada, é conhecida como a Represa Grevelingen, e a outra, perto de ser terminada, entre Goeree-Overflakkee e o continente, é conhecida como Represa Volkerak. Estas devem controlar o fluxo das correntes marítimas durante a construção das represas maiores.
Em Grevelingen, introduziu-se novo método de construção de diques — o uso de um cabo aéreo. Este sistema usou dois cabos transportadores suspensos por torres de aço, cada um com doze carrinhos transportando uma rede com capacidade para dez toneladas de cascalho ou pedra em cada viagem. Resultou bem rápido e eficiente.


Frutos da Vitória


Os intrépidos lutadores contra o mar, nos Países-Baixos, tiveram de batalhar arduamente e por muito tempo. Houve alguns retrocessos e momentos de ansiedade. Mas, os resultados em geral até agora têm sido verdadeiramente frutíferos. Os dois projetos maiores, o Plano do Delta e o Plano de Zuider Zee, resultarão no aumento das reservas de água potável — algo vitalmente necessário tanto para a lavoura como para a crescente indústria. A descarga de água doce dos rios no Zuider Zee por considerável período de tempo produziu uma massa de água doce. Assim, também, quando forem fechados os estuários do sudeste, resultará outro lago de água doce.
O Plano do Delta, especialmente, torna possível a construção de um grandemente aprimorado sistema rodoviário para o sudoeste. Ambos os projetos também têm, como alvo a luta contra a salinação. O sal das marés altas se assenta no leito dos rios, canais e valas de drenagem, infiltra-se no solo e reduz a safra de cereais e outras. Os grandes reservatórios artificiais de água doce produzirão o efeito de se opor à infiltração das águas salgadas da região costeira.

Muito território dos Países-Baixos estaria sob a água caso não houvesse o amplo sistema de diques e dunas que se interpõem entre grande parte de sua população e a infindável pressão e tumulto do Mar do Norte. Por certo, para os lutadores contra o mar, dos Países-Baixos, há muito maior recompensa para seus labores do que as sombrias consecuções de suas campanhas navais mais bem sucedidas.


8/3/70-21

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OBRIGADO RUI COSTA!

AMOR MEU, DOR MINHA

DOR MINHA QUE BATES NO CORAÇÃO,
OLHOS TEUS QUE CRUZAM COM A PAIXÃO;

PARA ONDE FORES CONTIGO IREI,
ONDE ESTIVERES AÍ FICAREI;

NA ROTA DO AMOR BUSCAMOS SINTONIA,
SENDO O MAIS IMPORTANTE A COMPANHIA;

FELIZ AQUELE QUE TE AMA,
E QUE PODE ALIMENTAR A CHAMA;

FICAREI. FELIZ. SINTO O TEU ABRAÇO FORTE,
SINTO QUE O AMOR NÃO ALIMENTA A MORTE;

POR TUDO ISTO UM ADEUS NÃO PERMITO,
NO NOSSO CORAÇÃO O AMOR NÃO É MALDITO.