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segunda-feira, 31 de março de 2008

A vida como ela é em Abidjan


ELEFANTES e marfim! O Monte Kilimanjaro! Febre das selvas! Ouro! Leões! "Dr. Livingstone! acho eu."
Estas são algumas das idéias que talvez lhe encham a mente quando se fala do continente Africano. Mas, os tempos mudaram desde que Stanley palmilhou a selva em busca de Livingstone.
Por que não vem até aqui e aprende por si mesmo qual é a situação da África. Venha a uma reluzente cidade branca da África Ocidental, cheia de árvores e flores, a Abidjan, capital da Costa do Marfim. Espalha-se convidativamente junto a lagoas azuis à beira do mar. Para melhores resultados, deve levantar-se ao nascer do sol.
Se der uma espiada fora de seu mosquiteiro, deixando-o enrolado acima da cama, e for à janela, achará que o ar ainda é fresco e leve. O sol é uma bola flamejante numa bruma de ouro. Uma brisa suave levanta as folhas das árvores e sopra uma fragrância fresca de fumaça de madeira, à medida que nossos vizinhos preparam o desjejum no seu quintal. Nós também tomaremos nosso café da manhã — pão branco francês com bastante casca e café preto. Sim, não faltará o café, pois trata-se do principal produto de exportação da Costa do Marfim. Este e o cacau, os abacaxis e as bananas se combinam para sustentar a economia do país.


Ao Mercado


Depois do café, dirigimo-nos ao mercado para comprar nossas frutas e legumes frescos. Visto que não fica muito longe e ainda não está quente demais, iremos a pé. Passamos pela mesquita, com suas cúpulas em forma de cebola e as multidões de muçulmanos que se sentam no pavimento com seus produtos ajuntados ao redor deles. Vestidos com suas longas vestes brancas e fêzes pequenos, recitam orações juntos ou lêem trechos do Alcorão em árabe. A população aqui é 23 por cento muçulmana, 13 por cento cristã nominal e 61 por cento animista.
Eis o mercado em que chegam os compradores e vendedores. Tomando profundo gole de ar fresco, lançamo-nos lá dentro, onde prevalecem pungentes odores. Passamos pelas sandálias, couros de cobra, montões de roupa, bilhas de barro, grandes cabaças, escovas de dentes e lagartos secos. Finalmente chegamos ao tabuleiro de limão. Depois de franzir sobrancelhas e discutir o preço, obtemos limões a um preço especial. A senhora até mesmo nos dá dois extras como "cadeau", (dádiva). O francês é a língua oficial, mas há mais de sessenta diferentes línguas nativas. Verdadeira Babel!
Passando pela seção em que vendem morcegos defumados e grandes lesmas da floresta, todas vivas, — oh, chegamos à seção de frutas. Ao examinarmos a colorida abundância de frutas frescas, não podemos deixar de pensar no Paraíso e sua abundância de árvores frutíferas.
Uma nota de aviso, porém. Todas estas coisas compradas devem ser primeiro mergulhadas numa solução de alvejante, e então lavadas com água de modo a destruir os parasitas que se apegam às cascas e entre as folhas. Tais parasitas, junto com a febre amarela e a malária, costumavam ser a causa de alta taxa de mortalidade. Atualmente, contudo, medidas higiênicas rígidas, comprimidos diários ou semanais contra a malária e a vacina contra a febre amarela têm operado maravilhas. Mas, ainda lavamos cuidadosamente com alvejante toda folhinha de alface!


Cenas de Rua


Ao nos encaminharmos para casa, notamos muitas mulheres já de volta, e muito ocupadas em bater o fufu para o almoço. Este é feito por se amassar banana cozida de S. Tomé e mandioca com um pilão de madeira e um almofariz até se obter uma consistência suave, como um mingau. As mulheres brandem de forma mui eficiente aquele enorme pilão de madeira semelhante a um porrete. Assim, é bom para os maridos que eles ainda sejam muito respeitados por aqui.
Outra cena comum é a de mendigos enfileirados na praça. São pouco mais do que montões de trapos velhos no pavimento, que agitam diante dos transeuntes contorcidos membros, pernas deformadas, mãos e pés carcomidos, e lançam lamuriosamente bênçãos sobre eles. A maioria deles não são nativos ebúrneos, mas, antes, são profissionais do estrangeiro que vieram compartilhar a prosperidade local.
Há pobreza e doença aqui como na maioria das cidades grandes. Fazem-se esforços de enfrentar tais problemas, mas até mesmo o crescente número de hospitais bem-equipados está longe de ser adequado. Pode-se ver constantemente crianças nas ruas, com corpos cobertos de feridas ou sofrendo de moléstias oculares. Da população do país, composta de quatro milhões de pessoas, quase dois milhões têm menos de quinze anos.


Visita ao ‘Banco’


Ao sairmos de casa depois do almoço, o calor aumenta opressivamente, provindo da pavimentação, e a luz do sol faz reluzirem de modo cegante os edifícios brancos. Isto se dá aqui quase que continuamente na época de calor.
No carro dum amigo, corremos pela velha ponte sobre o lago, passando sobre águas reluzentes que refletem de modo fiel o vivo azul do céu sem nuvens. Estamos a caminho do ‘Banco’, o parque local da cidade, em que foram abertas estradas no meio da floresta, de modo que as pessoas possam aventurar-se nela. Não é preciso preocupar-se, pois não há leões. Não obstante, há cobras. Dentre 3.000 espécies de cobra aqui, cerca de 600 apenas são venenosas, e, dentre estas, apenas algumas são fatais ao homem.
Aqui entramos na floresta, uma floresta equatorial de abundante chuva. Uma vez lá dentro da floresta, a mudança é dramática. Subitamente não há mais o resplendor do sol, não mais se sente o calor o atacando de todos os lados. Tudo é fresco, verde e sombreado. Enormes bambuzais se elevam de ambos os lados e se entrecruzam sobre nossas cabeças. Junto a uma piscina, onde a corrente foi represada para se poder nadar, altas árvores de mogno enchem as beiradas d’água, refletindo-se em sua superfície como sombras verdes. É um tanto assustador para os que não estão acostumados.
As pessoas supersticiosas aqui foram persuadidas a crer que havia deuses da floresta que eram malignos e cruéis. Os baoulés, por exemplo, um dos grupos étnicos da Costa do Marfim, não criam que a morte fosse jamais natural. Alguém que morrera havia sem dúvida sido envenenado por outrem, ou estava sendo punido pelos deuses, em cuja ira incorrera. Não faz muito tempo, os baoulés tinham medo de olhar por muito tempo para a lua, pois se temia que o demônio batuqueiro, Konan Djeti, que supostamente mora nela, fizesse uma batucada de uma canção de morte para aqueles que fossem curiosos demais.
Os senoufos, um dos grupos tribais do norte, crêem que o matagal é habitado por pequenos duendes, os "badegale", diminutos gênios grotescos que assombram os habitantes dos povoados e supostamente têm os pés virados para trás. Tais crenças ainda exercem forte domínio sobre os ignorantes. Em certas partes de Abidjan ainda encontrará vendedores ambulantes cujos produtos são encantamentos e amuletos de todos os tipos para proteção contra os espíritos.
Quer seja botânico ou "jardineiro" amador, este lugar tem muito a oferecer-lhe. Plantas de todas as espécies o convidam a examiná-las. Muito, muito acima se acham os topos das árvores altas, entremeados de trepadeiras e cipós, amiúde criados de fungos de vários tipos. E, no meio de todo o verde acima, o sol penetra difuso, de um pequeno espaço azul, até a parte escura interior, tingindo tudo de dourado e lanceando a água com luz. Plantas que apodrecem e folhagem verde fresca combinam seus odores. Perto do solo da floresta há sombras de verde-marinho, aqui e ali aliviadas pela coloração dos insetos e das flores, iluminadas pelos raios de luz do sol.
Ao voltarmos para casa, o ar da noite fica cheio de deliciosas fragrâncias de banana de S. Tomé e inhame frito, à medida que o povo se senta no chão, perto de seus fogareiros e os cozinha lá mesmo. Pode-se ouvir a batida rítmica de tambores, à medida que conjuntos instrumentais tocam em cada canto e as lojas de música ressoam com a música mais recente da parada Africana de sucessos. Mas, perto da beira d’água, tudo é quieto e pacífico.


Resolvendo Problemas


Para o visitante, talvez pareça que Abidjan é meio caminho andado para o paraíso. Há vida, cor e beleza, mas também doença e pobreza, analfabetismo e outros problemas. Naturalmente, Abidjan não é toda a Costa do Marfim. Nem a Costa do Marfim é toda a África, mas seus problemas e suas belezas são típicos. As nações da África todas têm problemas. Embora tenham insuficientes trabalhadores treinados, procuram resolver tais problemas.


22/5/70-13

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OBRIGADO RUI COSTA!

AMOR MEU, DOR MINHA

DOR MINHA QUE BATES NO CORAÇÃO,
OLHOS TEUS QUE CRUZAM COM A PAIXÃO;

PARA ONDE FORES CONTIGO IREI,
ONDE ESTIVERES AÍ FICAREI;

NA ROTA DO AMOR BUSCAMOS SINTONIA,
SENDO O MAIS IMPORTANTE A COMPANHIA;

FELIZ AQUELE QUE TE AMA,
E QUE PODE ALIMENTAR A CHAMA;

FICAREI. FELIZ. SINTO O TEU ABRAÇO FORTE,
SINTO QUE O AMOR NÃO ALIMENTA A MORTE;

POR TUDO ISTO UM ADEUS NÃO PERMITO,
NO NOSSO CORAÇÃO O AMOR NÃO É MALDITO.