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segunda-feira, 28 de abril de 2008

Convívio com o rikki-tikki-tavi


TALVEZ já leu o conto de Rudyard Kipling sobre o mangusto corajoso, Rikki-tikki-tavi. Ao encontrar-se com uma naja indiana, o Rikki de Kipling se desviou agilmente dos repetidos botes do réptil até o momento oportuno, e então o mangusto pulou rapidamente e cravou suas mandíbulas na cabeça da cobra cansada! Como serviria tal potencial eliminador de cobras como animal caseiro de estimação? Meu marido achou que valia a pena tentar e assim um belo dia voltou para casa carregando afetuosamente um filhotinho de mangusto nos braços.
Com otimismo, demos ao nosso novo animal de estimação o mesmo nome do herói de Kipling. Nosso Rikki era uma variedade africana do mangusto, medindo cerca de trinta e cinco centímetros do focinho à ponta da cauda. Era, portanto, bem pequeno em comparação com os de noventa centímetros encontrados na Índia. Sua face era longa e pontuda, com orelhinhas redondas, e sua cauda grossa tinha quase o mesmo comprimento de seu corpo. Pernas muito curtas sustentavam sua estrutura delgada, coberta de áspero pelo cinzento. Cariciável? Com um pouco de receio segurei-o junto a mim. Ele gostou muito disso, assim como um bebê.
Em realidade, Rikki mais do que compensou sua aparência de roedor com seus modos afetuosos. Toda noitinha, como gesto de boas-vindas, esticava-se e se esfregava todo nos pés, calçados de meias, do meu marido. Nosso mangusto gostava que esfregássemos nossos pés para cima e para baixo nas suas costas como se fosse capacho. Escapando sinuosamente, pulava para cima a fim de investigar cada bolso com seu longo focinho pontudo, retirando canetas, lápis ou chaves. De repente saía correndo com um desses. Não raro, era tarde demais ver onde o veloz ‘mangustinho’ escondera sua presa.
Rikki gostava muito de cavar. Certa vez, pulando no colo duma visita, o tratantezinho enfiou o focinho debaixo do suéter do convidado e subiu rapidamente até seu ombro e, daí, atravessou suas costas, indo sair por fim no peito do homem apavorado. Nosso novo bichinho de estimação exigia atenção, e sem nos darmos conta, estávamos assentindo aos seus desejos e pensando no que fazer para ele a seguir.
Logo que chegou, Rikki apropriou-se duma gaveta do guarda-louça da cozinha. Diferente da maioria dos animais caseiros de estimação, nosso mangusto não era noturno. Ao contrário, sua hora de recolher-se era às 7 da noite. Se ninguém bulisse na gaveta, ferrava no sono até que a família se pusesse de pé lá pelas 6 da manhã. Daí, depois de uma exibição de espreguiçamentos e bocejos na mais letárgica das maneiras, Rikki tomava seu chá matinal e com freqüência ia dormir de novo.
Uma vez bem desperto, o dia de Rikki era uma rodada de atividades, investigando tudo, perseguindo tudo que se movia, fazendo buracos no jardim, e geralmente amolando qualquer visitante que chegasse à casa. Com pesar dei-me conta do valor de pôr as coisas bem no alto, fora de seu alcance, especialmente depois que arrancou o miolo dum bolo saído do forno e virou o leite e o açúcar antes de voar para trás da geladeira para esconder-se até que passasse o perigo. Reaparecendo algum tempo depois, afetuoso como sempre, fez-me logo esquecer a minha raiva.
De ordinário, o falatório de Rikki se aproximava do som de "rikki-tik-rikki-tik" entremeado de trêmulos assobios baixos. Mas, quando ficava aborrecido ou enfezado, rosnava que nem gato bravo e até cuspia. E não eram infreqüentes os seus queixumes. Por exemplo, certa vez veio bisbilhotar enquanto eu assava um bolo, acabando por escorregar e cair dentro do depósito de farinha. Ver surgir o mangusto, branco da cabeça à cauda e furioso com sua desventura, provocou umas boas gargalhadas!
Rikki se distinguiu qual gracioso e inteligente animal de estimação. Sendo novo, não tinha forte odor animal, que, porém, tornar-se-ia mais perceptível com a idade. Era feliz de ser tratado como parte da família. Quando meu marido decidiu que Rikki devia passar mais tempo fora de casa e lhe construiu uma casinha, ficou muitíssimo desgostoso. Isto foi completamente prejudicial ao seu ego.
Insaciável é quase a melhor palavra que descreve o apetite do mangusto. A dieta de Rikki em nossa casa incluía carne, crua ou cozida, todas as espécies de legumes, bolo, ovos, fruta, e até as cascas de batatas e pepinos crus. Em adição, o voraz mangusto nunca recusava lagartixas, rãs, gafanhotos, e todos os tipos de insetos.
Pelos livros aprendi que o mangusto é grande predador de pássaros, caranguejos, aranhas, ratos, camundongos e cobras pequenas. É interessante observar um mangusto partir um ovo ou uma concha. Segura o objeto entre as patas dianteiras e, como um jogador de futebol americano, passa-o vigorosamente pelas patas traseiras, de encontro a uma pedra.


Protetor da Casa?


Se uma cobra perigosa fosse entrar em nossa casa, poderíamos depender de Rikki para matá-la ou pelo menos expulsá-la? Muitas vezes me perguntei qual seria o resultado de tal encontro. Rikki era bom em expulsar gatos e cachorros indesejáveis, mas nunca testemunhei um confronto com uma cobra. A pesquisa sobre o assunto revelou alguns fatos esclarecedores.
A naja indiana ou asiática que o Rikki de Kipling derrotou é considerada por especialistas como réptil um tanto lento. Segundo James A. Oliver, Diretor da Seção de Répteis da Sociedade Zoológica de Nova Iorque, o bote da naja indiana, de uma posição alta para baixo, é apenas cerca de um sexto tão rápido como o da cascavel norte-americana ou da caiçaca ou da surucucu da Índia Ocidental. Também, ao passo que o veneno da naja se situa num lugar que dificulta seu uso com eficácia, os últimos répteis possuem presas venenosas que apontam direto para suas vítimas ao arremeterem a cabeça com considerável força. Por essas razões, pensa-se que um mangusto levaria a pior num encontro com um bom número de cobras perigosas.
Num espetacular embate entre um mangusto e uma naja grande, ambas as criaturas lutaram por cinqüenta minutos até ficarem exaustos, sem que nenhum dos dois fosse o vencedor. Em Trinidad, usam-se as jibóias para controlar a população dos mangustos. Depois de se considerarem todas as coisas, então, seria erro crer que os mangustos são os nêmeses naturais de cobras de todo o tipo e tamanho.
Naturalmente, um mangusto faminto não deixará passar uma cobra pequena ou lenta. Depois de matar uma cobra venenosa, a cabeça é engolida primeiro. Um mangusto pode engolir presas venenosas sem maus efeitos, embora não seja imune ao veneno inoculado pelas presas.
Fiquei sabendo, também, que os mangustos foram importados para a Jamaica em 1872 para dar um jeito nos ratos nos canaviais. Mais tarde, foram trazidos ao Havaí, para no fim tornar-se o mamífero mais comum das ilhas. A população de roedores foi substancialmente reduzida em algumas áreas, embora nunca completamente exterminada. No reverso da moeda, as depredações da parte dos mangustos resultaram no extermínio total de certas espécies de aves. Considerados, portanto, qual indesejável ameaça à vida animal e avícola, proíbe-se estritamente a entrada de mangustos nos Estados Unidos continentais.
Por fim chegou-nos o dia de decidirmos a sorte de Rikki-tikki-tavi. Rikki crescia depressa, e continuar com ele como mangusto adulto apresentaria problemas. Assim, com tristeza, mandamos Rikki embora e preenchemos a lacuna o melhor que pudemos com um animal mais convencional. Mas, nenhum amigo peludo jamais tornou-nos tão constantemente cônscios de sua presença como Rikki, o mangusto. Como animal de estimação brincalhão, excedeu nossas expectativas.

8/6/70-15

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OBRIGADO RUI COSTA!

AMOR MEU, DOR MINHA

DOR MINHA QUE BATES NO CORAÇÃO,
OLHOS TEUS QUE CRUZAM COM A PAIXÃO;

PARA ONDE FORES CONTIGO IREI,
ONDE ESTIVERES AÍ FICAREI;

NA ROTA DO AMOR BUSCAMOS SINTONIA,
SENDO O MAIS IMPORTANTE A COMPANHIA;

FELIZ AQUELE QUE TE AMA,
E QUE PODE ALIMENTAR A CHAMA;

FICAREI. FELIZ. SINTO O TEU ABRAÇO FORTE,
SINTO QUE O AMOR NÃO ALIMENTA A MORTE;

POR TUDO ISTO UM ADEUS NÃO PERMITO,
NO NOSSO CORAÇÃO O AMOR NÃO É MALDITO.