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segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

O Danúbio — gigantesco rio da Europa


OS ÚLTIMOS acordes da valsa de Strauss, Danúbio Azul, desaparecem suavemente. Visitando Viena, estamos ansiosos de saber mais coisas sobre este Danúbio azul, que inspirou valsistas através dos anos. Percorrendo as ruas e avenidas da capital austríaca, inevitavelmente encontramos o rio. Até na bruma do anoitecer acinzentado, o Donau (como é chamado na Alemanha) é interessante.
A fonte do Danúbio se acha na Floresta Negra da Alemanha, onde fios d’água se tornam correntes e onde nascem rios. Este vem a se tornar um gigante de 2.776 metros de extensão, que lança 8.490 metros cúbicos de água no Mar Negro por segundo. É o rio mais importante da Europa quanto ao volume de sua descarga, e o Volga é o único mais extenso do que ele. De Regensburgo, Alemanha, um comboio de barcaças do Danúbio pode transportar uma carga de cinqüenta vagões ferroviários por uns 2.615 quilômetros, através de partes de oito países danubianos, até o Mar Negro.
Sentados aqui em uma das margens, ao cair da noite, observamos um comboio de barcaças assim deslizar sobre a água. As flâmulas de listras vermelhas, brancas e verdes as identificam como sendo húngaras. Os marinheiros a bordo chamam o rio de Duna. Os búlgaros o chamam de Dunav. Os pescadores rumenos lançam suas redes no Dunărea. Os estudantes checos de geografia estudam o Dunaj, e os russos chamam o rio de Dunay. Mas, não importa quão variado seja o nome, ou a forma de os povos viverem ao longo de suas margens, este gigante é uma cadeia vinculadora entre nações.
Observa estes cofres de metal nas barcaças, reluzindo à noite vienense? Estes "cofres de carga" de mais de doze metros de comprimento, conforme são chamados, se destinam a transportar mercadorias por trem, rio e oceano para a Ásia Menor sem serem descarregados. Os países orientais do Danúbio expandem constantemente o comércio com a Europa ocidental, e, semelhantemente, pode-se ver itens do ocidente nas barcaças que deslizam rio abaixo para a Hungria, Bulgária e Romênia.
Ficou frio aqui na margem. Mas, o encanto do Danúbio nos fascina, assim como os acordes da valsa de Strauss ficaram em nossa mente. Decidimos fazer uma viagem de barco rio abaixo pelo Danúbio.


Primeira Etapa da Viagem


Embarcamos num bonito navio de excursão que em seis dias nos levará por mais de 2.000 quilômetros pelo Danúbio até a cidade soviética de Ismail, localizada próximo do estuário do Danúbio, no Mar Negro.
Nosso navio a vapor desce rio abaixo, e imediatamente é acolhido pelo tráfico pesado de um comboio de barcaças sob a bandeira azul, amarela e vermelha da Romênia. Logo passamos para a República Checa, e, a leste de Viena, chegamos a Bratislava.
A largura crescente desta via fluvial começa a nos impressionar. Desde sua infância alemã e de sua juventude austríaca, desenvolveu-se um adulto Danúbio checo. As dores de crescimento de uma corrente afligida pela estreiteza do vale entre a baixa e a alta Áustria ficaram então para trás.
Depois de alguns quilômetros em que corre inteiramente na República Checa, o Danúbio logo se torna divisa entre esse país e a Hungria. Com o tempo, volta-se para o sul, e aumenta nossa expectativa ao nos aproximarmos da capital húngara de Budapeste, uma das cidades mais antigas da Europa. Buda, parte menor situada numa colina, e Peste, a parte maior que se estende pelas planícies, formam uma só grande cidade, parecendo que cada rua e viela se dirigem para o rio e sobre ele.
Podemos sair do navio para visitar os lugares pitorescos. Uma caminhada pela cidade revela europeus orientais que se inclinam grandemente pelos modos ocidentais. Alguns afirmam que Budapeste é a Paris do Oriente, onde as ciganas podem aptamente retratar as vidas das pessoas em seus violinos.
O apito do navio nos priva duma excursão para fora de Budapeste até o Lago Balaton, seus quase 600 quilômetros quadrados o tornando o maior lago da Europa central. Ao invés, o rio nos oferece uma vista das enormes planícies baixas húngaras, chamadas Alföld. À esquerda começam os pastos. Aqui se encontram núcleos de tribos nacionais que permanecem nômades até os nossos dias.


Sob o Signo da Cruz


À medida que o rio continua a alargar-se, vemos uma cruz distante na margem. Este símbolo religioso dirige nossos pensamentos para atemorizante drama de terror. Barcos lotados de cavalos de guerra e carroças desceram este mesmo rio sob o signo da cruz — os cruzados! Godofredo de Bulhões, Duque de Lorena, que deveria tornar-se o primeiro rei ocidental de Jerusalém, usou este rio para alcançar o Mar Negro, antes de velejar para a Terra Santa.
O uso do Danúbio como transporte para os exércitos arrastou-se por séculos, mas suas águas dificilmente poderiam ser culpadas pelas torrentes de sangue humano derramado que resultaram deles. Por fim, no século quatorze, um restante dos cruzados derrotados foram perseguidos corrente acima pelos turcos, cujos sabres floreados impulsionaram o Império Otomano pelo Vale do Danúbio até Viena. O repique dos sinos das igrejas sobre o rio se tornou um alarme, prognosticando desoladoramente a vindoura miséria sobre as águas.


Adiante, Para as Portas de Ferro


Mas, vivemos hoje, e o característico poço e balde cobertos trazem nossa atenção à "puszta" húngara. Aqui, nesta vasta terra pastoril, a criação de cavalos é proeminente. As mulheres, com saias coloridas e os homens em calças largas se movimentam ativamente em suas tarefas, ao passo que vinte garanhões de puro sangue reconhecem nossa presença.
Continuando diretamente para o sul, e, no terceiro dia de nossa viagem, alcançamos Belgrado. Esta cidade detém importante lugar nas escaramuças entre o Oriente e o Ocidente. As calças brilhantemente coloridas dos homens e as mulheres vestidas com vestes alegres refletem a variedade do ambiente, mas uma variedade que tem denominador comum: uma vida de trabalho árduo.
Nosso impressivo gigante de dois quilômetros de largura agora se volta para o oriente. Daí, corajosamente cava seu caminho pelas Montanhas dos Cárpatos.
Nas Portas de Ferro ele se afina, ficando com apenas dezenas de metros de largura. A água turbulenta se rebela, apresentando correntes contrárias, redemoinhos e recifes, um terror para os marujos dos séculos passados. Entretanto, a maioria das obstruções das Portas de Ferro foram removidas a dinamite perto do fim do século dezenove e o canal foi aprofundado. No entanto, todos os passageiros ficam mudos ao ver a poderosa demonstração de força das águas.


Aqui a Romênia, Ali a Bulgária


Perto da antiga cidade romana de Turnu-Severin, o Danúbio vira de novo para o sul. Depois de alguns quilômetros, mais uma vez se volta para o leste e forma a divisa entre a Romênia e a Bulgária. As montanhas e penhascos polidamente abrem alas, ao sermos guiados para as terras baixas, acompanhados pelos alaúdes dos pescadores.
Aqui encontramos pessoas pobres e humildes a serviço dos luxos do mundo. Pescam o esturjão, o que significa caviar para as cozinhas do mundo. São pessoas amigáveis, cujas mãos laboriosas tecem coloridos chales e agasalhos. Alguém entre nós diz: "A Bulgária é pequena, mas seu espírito é grande!" Este espírito promoveu o rápido desenvolvimento do país após a segunda guerra mundial. Começou a industrialização, fábricas foram erguidas e construídas auto-estradas, e elas são muito boas.


Última Etapa da Viagem


Ao invés de continuar sempre para o leste, para o Mar Negro, o Danúbio corta caminho para o norte, correndo através da Romênia, em direção à fronteira russa. Em Cernavoda, o homem construiu a mais extensa ponte sobre o rio. O navio passa para a cidade de Galati, onde viramos para o leste, para o Mar Negro.
Logo notamos que o rio conquista a terra e continua a espalhar-se numa rede de veias e capilares. É o delta! A área do delta, de mais de dois mil e quinhentos quilômetros quadrados, é habitada por pessoas em palhoças de barro, por rãs, peixes, galinholas, gaivotas e cegonhas que instintivamente se apossam das chaminés.
Deixamos o navio para ver mais e para refletir sobre o que já vimos. Sentimos a vida pulsante de cidades movimentadas e a vida campestre simples de camponeses amigáveis. O rio nos levou não só através das fronteiras nacionais, mas também através dos séculos. Não, o Danúbio não nos desapontou.
Este rio, por assim dizer, fala sete línguas, possui cidadãos em oito países e alimenta simultaneamente o camponês búlgaro e o milionário parisiense. Desempenha importante papel na vida do comerciante londrino e do criador de cavalos húngaro. Imparcialmente serviu aos exércitos das tribos nômades e às potências mundiais. Mas, também inspirou o homem a escrever linda música, dançada através do mundo: O Danúbio Azul.


in Despertai de 22/11/1970 pp. 9-12

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OBRIGADO RUI COSTA!

AMOR MEU, DOR MINHA

DOR MINHA QUE BATES NO CORAÇÃO,
OLHOS TEUS QUE CRUZAM COM A PAIXÃO;

PARA ONDE FORES CONTIGO IREI,
ONDE ESTIVERES AÍ FICAREI;

NA ROTA DO AMOR BUSCAMOS SINTONIA,
SENDO O MAIS IMPORTANTE A COMPANHIA;

FELIZ AQUELE QUE TE AMA,
E QUE PODE ALIMENTAR A CHAMA;

FICAREI. FELIZ. SINTO O TEU ABRAÇO FORTE,
SINTO QUE O AMOR NÃO ALIMENTA A MORTE;

POR TUDO ISTO UM ADEUS NÃO PERMITO,
NO NOSSO CORAÇÃO O AMOR NÃO É MALDITO.