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sábado, 12 de março de 2011

Artífices em miniatura



GOSTARIA de me apresentar. Sou um bichinho que rasteja — mais tecnicamente, um inseto. Parece-me que os gigantes da criação suscitam mais reverência do que nós, os insetos. Mas, deveras, nós os insetos possuímos raras credenciais. Poder-se-ia dizer que muitos de nós somos artífices em miniatura. Nesta era de diminutos transistores, nós, artífices miniaturizados e laboriosos, deveríamos suscitar interesse.

Deixe-me falar sobre algumas de minhas primas, as formigas da selva amazônica. Tais artífices constroem jardins suspensos em árvores e arbustos, onde também nidificam. Eis aqui como procedem: Transportam terra para cima e a colocam em crescentes quantidades sobre os ramos. Em seguida, escavam passagens e câmaras de forma hábil e as fortalecem com material semelhante a papel. Daí, plantam sementes especiais de antigos jardins. Os novos jardins aumentam em tamanho e, por fim, cercam o ninho da formiga na árvore, abrigando-o do sol e da chuva intensos.

Estes jardins suspensos deixam intrigados os humanos que nos estudam. Uma razão disso é que as plantas nestes jardins suspensos construídos pelos insetos são, aparentemente, distintas de qualquer outra que cresce em outras partes. Até agora, seus peritos já identificaram quatorze espécies distintas de plantas, e não se encontrou uma sequer que crescesse a não ser nestes jardins suspensos! Talvez apenas as formigas conheçam suas localizações. Os jardins suspensos de Babilônia foram considerados uma das sete maravilhas do mundo antigo, mas realizamos uma maravilha similar durante os séculos, e em miniatura!

Estofadores e Alfaiates

Temos muitos excelentes estofadores dentre a minha família. Conheço uma variedade de abelhas que fazem esplêndido trabalho. Tais artesãos delicados revestem suas inteiras células reprodutoras de camadas sucessivas de uma membrana surpreendentemente delicada que é mais lustrosa do que o mais lindo cetim. Até mesmo chega a reluzir! Imagine só, usam suas próprias línguas como colheres de pedreiro delicadas e produzem no seu próprio corpo todo o material de estofamento, uma secreção especial.

Entre as mamamgabas ou abelhas cortadoras de folhas há uma espécie que não mede mais de treze milímetros. A fêmea ajunta material de longe, ao invés de secretá-lo de seu próprio corpo. O material é uma substância macia que ela obtém de várias plantas. Seu deleite é estofar a base de suas operações. Algumas espécies constroem suas células por revestir bambus ocos, conchas vazias de caracóis ou buracos de minhocas, e até mesmo canos de armas de fogo talvez sejam revestidos.

Outros membros de minha família são alfaiates. Têm de sê-lo, a fim de evitarem ser comidos ou a fim de conseguirem uma refeição. Meus parentes diferem dos alfaiates humanos no sentido de que os alfaiates-insetos fazem roupas só para si mesmos e não para os outros. Fazemos trabalhos requintados.

Talvez a considere uma peste, mas a traça é um bom alfaiate. A larva que ingere tecido desta traça vive dentro dum capucho ou casulo feito de pedacinhos de algodão, pele ou outro pano tecido com seda. À medida que a larva cresce, o capucho fica muito apertado. Visto que não se pode “alargar” nenhuma costura, a larva faz um corte lateral de um extremo até o meio e insere novo material, aumentando o tamanho do capucho. Daí, faz a mesma coisa do outro lado, para preservar a simetria. O resultado? Talvez fique irado, mas minha prima possui um espaçoso casaco feito sem se privar da proteção, durante essa alteração.

Experimentalmente, fez-se com que este pequeno alfaiate tecesse um casaco de muitas cores por se colocá-lo sucessivamente em panos de tonalidades diferentes.

Fico também impressionado com as habilidades da Prima Frigana. A larva da frigana vive usualmente em correntes. Ali constrói para si uma pequenina casa ou casulo, cada espécie construindo sua própria espécie de casa submarina. Primeiro de tudo, a larva constrói um casulo tubular de seda. É preciso que faça mais do que isso, porém, para proteger o corpo deliciosamente macio da frigana dos pretensos engulidores dela, de modo que a frigana fortalece o casulo por adicionar-lhe quaisquer materiais que prefira: pedras, areia, conchas e assim por diante. Algumas espécies fazem para si mesmas uma cobertura protetora de folhas que é enrolada em seu tubo sedoso. Se o material preferido por determinada espécie não estiver disponível, a frigana usará o que houver às mãos.

Uma espécie de frigana prefere ligar a seu casulo sedoso vários pequenos caracóis d’água, cujos moradores ainda se acham lá dentro, plenamente vivos. Tal cobertura protetora de caracóis vivos é, aparentemente, desajeitada, de modo que este alfaiate acrescenta um pouco de gravetos de cada lado, fornecendo a necessária flutuabilidade, embora não seja o bastante para fazer flutuar a estrutura maravilhosamente feita. As longas patas da frigana saem para fora de seu casulo e facilmente arrasta seu lar móvel, ao movimentar-se em busca de alimento. Como se isso não bastasse, esta criaturinha pode aumentar a circunferência e a extensão de seu fabuloso lar, ao mesmo tempo que permanece submersa em água corrente!

Construtores

Nós os insetos somos maravilhosos construtores. E a forma em que construímos é arquiteturalmente o exato para as nossas necessidades. Tomemos um exemplo familiar, a célula do favo de mel. Trata-se duma estrutura sextavada — de um hexágono. Para a abelha melífera é a forma exata necessária! Como vê, uma célula hexagonal detém mais mel do que uma triangular ou quadrada. Também, este formato se fortalece pelo contato com todas as células vizinhas. Naturalmente, as abelhas nada conhecem de geometria, e, assim, este exemplo de artesanato tem sido chamado de “o mais maravilhoso de todos os instintos conhecidos”.

Sim, devido ao instinto com que fomos criados, nós, diminutos artífices realizamos alguns feitos surpreendentes. Tome-se, por exemplo, a arte de fazer teias. Embora as aranhas não sejam tecnicamente classificadas entre nós, os insetos, são artífices em miniatura. Na fabricação de teias acha-se envolvida a medição de distâncias, o cálculo de ângulos, puxar fios paralelos uns aos outros e a intricada geometria da construção. Considere uma teia de uns cinqüenta e cinco centímetros que uma aranha confeccionou. Quanto trabalho foi necessário? Levou apenas trinta e seis minutos. Havia mais de 37 metros de fio, que se achava ligado em 699 lugares. A aranha percorrera mais de 54 metros sem ficar uma vez sequer confusa ou presa!

É interessante que as aranhas lubrificam-se apenas nos lugares que entram em contato com sua teia. Uma aranha da selva indiana, de quinze centímetros começa a lubrificar-se ao pôr do sol por cerca de uma hora, mostrando um instinto que envolve previsão, não permitindo que nada seja desperdiçado.

Nós, insetos, temos entre nós certos cupins na África que constroem cupinzeiros que até mesmo os senhores, humanos, consideram como sendo maravilhas de engenharia. Algumas destas estruturas se assemelham a gigantescos cogumelos. E os estilos arquitetônicos variam segundo as condições enfrentadas. Em certa área, os cupins constroem talvez uma espécie de castelo com torres; em outra área, em solo diferente, o cupinzeiro talvez se pareça a um campanário de seis metros de altura.

Um dos mais surpreendentes montes de terra construído por um inseto se encontra na Austrália. Ali, certos cupins constroem o que chamam de “cupinzeiro-bússola”. Talvez chegue a ter 3,65 metros de altura e 3 metros de comprimento, e é quase sempre construído de modo a encarar o norte-sul; os lados achatados encaram o leste e o oeste. Entendo que seus entomologistas ainda não compreendem realmente por que tais artífices em miniatura constroem seus cupinzeiros à moda de bússola. E, quanto a nós, não iremos contar a razão.

Perfuradores e Mineiros

Daí, há a mosca icnêumone fêmea que possui um tubo capiliforme de cinco a doze centímetros de comprimento. Com o mesmo, ela pode perfurar vários centímetros de um tronco de árvore e atingir o túnel escondido dum inseto que coma madeira. Daí, através do tubo, deposita seus ovos que, quando incubados, comerão os outros insetos. Como consegue perfurar madeira maciça com um tubo delgado? Na ponta do tubo há diminutos dentes que são usados para serrar as fibras. É também surpreendente a capacidade desta mosca de determinar onde perfurar. Simplesmente explora com cuidado a árvore, sondando aqui e acolá com suas antenas. Por fim, fica satisfeita e mete as garras de suas patas na casca da árvore e começa a perfurar o alvo oculto — acertando bem na mosca!

Surpreendentes mineiros são as larvas das vespas da madeira. Em certo caso, a vespa da madeira pôs seus ovos num pedaço de pinho que foi subseqüentemente encerrado em quase quatro centímetros de chumbo (quinze camadas). Quando chegou a hora para as larvas emergirem, escavaram através da madeira e deram com o invólucro de chumbo. Atacando-o vigorosamente com seus maxilares, foram roendo camada após camada, perdendo alguns mortos pelos estágios da jornada, mas outros conseguiram passar por uns quatro centímetros de chumbo maciço. E isso foi feito por filhotes, levados pelo instinto!

Outros mineiros surpreendentes no reino dos insetos são as formigas saúvas e certos cupins. Várias saúvas certa vez escavaram um túnel por baixo do leito do Rio Paraíba, um rio brasileiro tão amplo quanto o Tâmisa na Ponte de Londres. E certos cupins do deserto escavam túneis verticais que chegam a atingir uns 40 metros de profundidade em solo arenoso! Quando atingem a água, levam o que desejam para o ninho.

Há muito mais que eu lhes poderia contar. Afinal de contas, nós, os insetos, ultrapassamos numericamente em muito aos senhores, humanos, de modo que há muitos de nós com que familiarizar-se. Mas, aquilo que já leu basta por hoje. Apreciei muito esta oportunidade de ajudá-lo a familiarizar-se melhor conosco como artífices em miniatura. Espero que isto lhe forneça uma nova perspectiva que nos faça parecer mais maravilhosos do que incomodativos.

in Despertai de 8/4/1972 pp. 18-21

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OBRIGADO RUI COSTA!

AMOR MEU, DOR MINHA

DOR MINHA QUE BATES NO CORAÇÃO,
OLHOS TEUS QUE CRUZAM COM A PAIXÃO;

PARA ONDE FORES CONTIGO IREI,
ONDE ESTIVERES AÍ FICAREI;

NA ROTA DO AMOR BUSCAMOS SINTONIA,
SENDO O MAIS IMPORTANTE A COMPANHIA;

FELIZ AQUELE QUE TE AMA,
E QUE PODE ALIMENTAR A CHAMA;

FICAREI. FELIZ. SINTO O TEU ABRAÇO FORTE,
SINTO QUE O AMOR NÃO ALIMENTA A MORTE;

POR TUDO ISTO UM ADEUS NÃO PERMITO,
NO NOSSO CORAÇÃO O AMOR NÃO É MALDITO.