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sábado, 5 de março de 2011
Como considera os costumes dos outros?
NUM luxuoso restaurante de Londres, um inglês e um africano começaram a saborear seu jantar. À medida que o africano destramente pegou a comida com a mão, os olhos do gerente reluziram de ira. “Muito bem”, disse ao inglês, “tenho que pedir ao cavalheiro que saia daqui — e leve seu amigo consigo”. Uma senhora retorquiu: “Por que não aprendem a comer corretamente?”
Os dois se levantaram e saíram, à medida que todos os olhos os seguiam. O que saíra errado? Não estavam bem vestidos e foram polidos? Ah, mas as mãos! Não é considerado correto comer com as mãos!
Não raro, as pessoas não estão cônscias de quão peculiares ou ofensivos seus costumes podem ser para pessoas de outra formação. Isto foi também ilustrado há alguns anos atrás quando um visitante do Canadá teve uma audiência com um chefe africano em Gana.
O canadense gesticulou livremente com a mão esquerda. Também apresentou um livro ao chefe com a mão esquerda. Isto deixou abalados os anciãos tribais. Falando ao chefe em sua língua nativa, exigiram que se corrigisse tal homem quanto às maneiras corretas.
Como vê, para os ganenses a mão esquerda é impura. Isto se dá por estar associada com seu uso no banheiro. Assim, nunca é usada para dar ou receber coisas, ou para ingerir alimento. Muito embora a pessoa lave ambas as mãos igualmente bem, segundo o costume ganense a esquerda ainda é considerada impura.
Os costumes variam grandemente, visto que as pessoas gozam de ampla variedade de formações e educações. Acha que seus próprios costumes são necessariamente os melhores? Ou considera que há mérito nos modos e nas práticas de outros povos? Examinemos alguns costumes. Isto nos ajudará a responder a tais perguntas.
Costumes de Presentear
Considere, por exemplo, os diferentes costumes relativos a presentear. Os europeus e americanos inclinam-se a selecionar presentes ajustados à pessoa, à necessidade ou ao sentimento. Em geral removem o talão do preço, visto que usualmente o costume não é oferecer presentes reconhecidos segundo seu valor. Em Gana, contudo, o dinheiro é um presente adequado para toda ocasião.
Quando pensa nisso, não é prático o costume ganense? Não economiza bastante tempo e esforço? Todavia, por outro lado, não há algo de acalentador em receber-se um ótimo presente pessoalmente escolhido por um amigo? Na realidade, ambos os costumes têm seu mérito, não têm?
Até os modos costumeiros em que pessoas recebem presentes variam. Um americano ou europeu polido geralmente abrirá um presente com óbvio deleite, agradecendo profusamente ao dador e daí, provavelmente, ficará cônscio da necessidade de retribuir de alguma forma para mostrar que a amizade é mútua. Mas, o que acontecerá se der um presente a um ganense?
Ele provavelmente lhe agradecerá de forma breve, meterá o presente debaixo do braço e o abrirá quando chegar em casa. Na manhã seguinte, quando talvez concluiu que ele não aprecia realmente os presentes, ele volta para lhe agradecer formalmente. E, de alguma forma, este esforço extra faz os agradecimentos parecerem um pouco mais genuínos. Também, o ganense não sentirá a necessidade de retribuir — pelo menos não tão cedo. Ele lhe concede a honra de ser seu benfeitor.
Conceitos Quanto à Vestimenta e Hospitalidade
Em Gana, uma senhora, quando vestida, costuma ter suas pernas cobertas, mas não necessariamente a parte superior do corpo. Assim, a mãe conversará com um visitante ao alimentar no seio seu bebê. E, dentro de casa, talvez encontre uma senhora mais idosa trabalhando coberta apenas da cintura para baixo. Considera isso chocante? Talvez. Mas, não é chocante para pessoas criadas numa comunidade em que este é o modo costumeiro de vestir-se.
Por outro lado, considere o ganense que visite uma casa européia ou americana. Talvez encontre a dona de casa de shorts. E, em certas comunidades talvez a veja sair em público com esta mesma vestimenta. Ao passo que este comportamento talvez seja aceitável para um americano, o africano pensaria: “Apresentando-se em público com sua roupa de baixo!” Assim, como vê, a formação da pessoa influi grandemente no que ela considera apropriado.
O que dizer se chegasse à casa de seu anfitrião e lhe fosse oferecido um banho? Ficaria talvez ofendido, considerando que isto dava a entender que cheirava mal? Ou aceitaria a oferta qual gesto de hospitalidade? Os ganenses se banham duas vezes por dia, e mostram sua hospitalidade aos convidados por lhes oferecerem um banho. Se visitasse o país quente de Gana, provável é que concordasse que se trata dum costume excelente, visto que um banho é deveras revigorante!
Nos EUA, as saudações se inclinam a ser breves. Talvez sejam simplesmente um rápido “Hello”, e daí as pessoas continuam em suas tarefas ou diversões. Em Gana, por outro lado, oferece-se ao convidado uma cadeira confortável, e gasta-se certo tempo em saudá-lo formalmente e em lhe dar boas-vindas. Tradicionalmente, oferece-se-lhe também um copo d’água.
Talvez tenha definida preferência por um costume. Talvez ache que a acolhida demorada é desperdício de tempo. Ou, talvez seu conceito seja de que a saudação breve é apressada demais, ou até mesmo rude. Mas, pode ser tolerante para com as maneiras dos outros? Isso contribuirá para melhores relações.
Ritmo de Vida e Pormenores
O costume de saudar formalmente as pessoas de modo demorado pode ser melhor entendido quando se considera o ritmo de vida em Gana. Parece que, numa sociedade altamente industrializada as pessoas costumeiramente fazem um horário para suas atividades e efetuam pequenas corridas contra o relógio o dia inteiro. Mas, isto não se dá com os ganenses. Geralmente levam a vida lenta e calmamente. Acha ser frustradora a sua despreocupação com o tempo? Ou vê méritos em sua forma descontraída de vida?
Os americanos e europeus também ficam preocupados com pontos específicos e pormenores. Dão atenção às estatísticas de população, a tabelas precisas de viagem, a tonalidades, a nomes das plantas e assim por diante. Mas, o ganense em geral não se importa com os pormenores. Por exemplo, talvez se pergunte a um ganense a respeito da morte de uma pessoa: “Que idade tinha o cavalheiro?”
“Oh, era bem idoso, tinha uns 120 anos”, talvez seja a resposta. Mas, isso só quer dizer idoso. Ninguém realmente calculou os anos. Simplesmente não é considerado importante aqui.
Examinando mais a fundo o assunto, poder-se-ia perguntar: “Qual foi a causa de sua morte?”
“A febre”, ou: “Não sabemos”, talvez seja a resposta resignada. E, afinal de contas, realmente importa? O resultado é tão final se a pessoa souber ou não souber a causa. Pelo menos é assim que os ganenses costumeiramente arrazoam.
A Família
Em Gana, família é um grande clã que funciona bem semelhante a uma firma. Diversas gerações de parentes costumeiramente vivem juntas num cercado da família. Isto representa segurança, pois, teoricamente, a pessoa goza do apoio do inteiro grupo de parentes, cujo número, riqueza e poder se acham sempre à sua disposição. O ganense apresentará alguém, dizendo: “Este é meu irmão.” Mas, tecnicamente, a pessoa talvez seja apenas um primo.
Em outros lugares do mundo as famílias são usualmente menores e menos intimamente unidas. Ao falar de sua família, o europeu ou americano mencionará que sua mãe passa bem. “Ela tem sua própria casa e vive sozinha”, talvez diga a seus amigos ganenses.
“Ela não vive inteiramente sozinha?” — interrompe alguém.
“Oh, sim, ela é bem capaz de cuidar de si mesma”, é a resposta.
“Que coisa terrível! Quão solitária! Como é cruel deixar sua mãe viver sozinha, e não cercada de filhos e netos, sobrinhas e sobrinhos!” — será a reação.
A pessoa talvez se arrependa de ter mencionado sua mãe. E fica cuidadoso de não dizer uma palavra sequer sobre os asilos de velhos que são comuns lá em seu país. Inclina-se a achar méritos no estilo de vida familiar africano, com sua íntima associação?
Para o americano ou europeu, a poligamia deveras poderá parecer algo estranho, mas, na África, é uma forma de vida comum e aceitável. A facilidade com que é aceita é indicada por estas apresentações comuns: “Esta é a esposa de meu pai”, ou: “Este é meu irmão — por parte de pai, mais tem outra mãe.”
Consciência do Nível Social e Empregados
Os ganenses são muito cônscios do nível social. A idade concede à pessoa um alto nível. O dinheiro também. Os homens são tidos como num nível mais elevado que as mulheres. E as pessoas cultas são consideradas em melhor nível que as incultas. Os membros mais jovens da família, embora adultos, têm pouca influência. Aprova tal consciência do nível social?
Uma ajuda para se manter o nível social em Gana é a disponibilidade de empregados baratos. Segundo seus recursos, um homem gradualmente tem um empregado doméstico, um garoto para lavar, um jardineiro, um motorista, e assim por diante. Quase toda dona de casa de recursos moderados possui empregada. Usualmente ela é adquirida quando jovem, sendo possível que tenha de oito a dez anos de idade. Ela recebe muito pouco de salário, e espera-se muita coisa dela no cumprimento das tarefas domésticas. Sente pena da empregadinha?
No entanto, a mocinha obtém benefícios. Sua patroa é responsável de que obtenha educação básica, ou, pelo menos, de que se lhe ensine uma profissão tal como costurar, vender ou seja lá o que for que a própria senhora faça. Cuida-se dela como parte da família. Ela aprende a assumir responsabilidade, a cozinhar e cuidar duma casa, treinamento este que a tornará uma esposa desejável.
Costumes de Casamento
Em Gana, é costumeiro pagar-se o preço da noiva. O preço comum para a noiva varia grandemente segundo a comunidade, o nível social de sua família, sua instrução e sua beleza. Será que este costume de comprar a noiva lhe parece um pouquinho interesseiro? Mas, possui realmente aspectos práticos.
O dinheiro fornecerá à noiva as coisas necessárias, tais como utensílios de cozinha e outros itens domésticos para começar seu novo lar. No preço da noiva talvez esteja incluída fazenda para vestidos, habilitando-a a vestir-se bem depois do casamento. Muitos membros da grande família contribuíram para a educação e treinamento da jovem, assim, o prospectivo noivo mostra sua apreciação por lhes dar um presente. Todos estes arranjos levam tempo, às vezes anos, em especial se o homem não estiver muito bem de finanças e tiver de pagar a prestação.
Quando finalmente chega o dia do casamento, o casal é apresentado publicamente no seu melhor. Os amigos íntimos acompanham os recém-casados até seu novo lar. Os dias seguintes são costumeiramente gastos pelo casal em visitar aqueles que ajudaram a fazer os arranjos e lhes agradecer. Os amigos, também, os saúdam em seu novo lar, e especialmente a noiva deve visitá-los diariamente para ver que tudo esteja bem.
Será que pensa: “Que coisa horrível! Tão pouca privatividade”? Pensará assim se for americano. Mas, em Gana, sair em lua-de-mel seria visto com suspeita. De que estão fugindo? — ficariam pensando as pessoas. Que costume prefere?
Ter e Criar Filhos
Para alguns, o companheirismo é considerado de importância máxima no casamento. Os ganenses, contudo, dão importância primária a ter filhos. Com efeito, quando a mãe dá à luz dez filhos, há uma celebração em que uma ovelha é dada de presente. “À mulher, naturalmente, por toda a dureza que enfrentou dez vezes”, talvez conclua. Não, mas antes é dada ao homem. Isto é porque cuidou de dez filhos, e estes, segundo o antigo sistema de clã, aumentarão a população e o prestígio da clã da mãe.
Um ganense que visitou Nova Iorque não apreciou o costume ali de se cuidar das crianças, observando que muitas mulheres “puxavam seu bebê numa caixa na frente delas e seguravam seu cachorrinho no colo”. Em Gana os bebês são usualmente presos às costas da mãe. O bebê fica seguro, as mãos da mãe ficam livres e as parafernálias são reduzidas ao mínimo. Sem dúvida concordará que há mérito neste costume.
Também, o ganense bem que poderia ficar perturbado com o costume americano ou europeu de dar muitos brinquedos às crianças, ou de favorecê-las com seu próprio prato especial, sua própria cadeira e até mesmo seu próprio quarto. Não se está cuidando da criança como se fosse um adulto? — talvez pergunte.
A criança africana, por outro lado, é apenas um do grupo. Ao invés de ter um quarto só para si, compartilha sua esteira de dormir e faz jus a uma banqueta para sentar se nenhum adulto precisar dela. Vê-se cercada por uma multidão de parentes, e come da mesma tigela que seus pais e amigos. Dispõe de poucos brinquedos comerciais, mas utiliza sua imaginação e engenho para fabricar seus próprios brinquedos. É amada e se cuida bem dela, mas não é mimada. Há mais probabilidade de que cresça sentindo respeito a todos os adultos.
Não raro, quando chega a aprender sobre os costumes de outros povos, a pessoa os considera estranhos ou até mesmo objetáveis. Mas, quando os examina mais criteriosamente e de forma objetiva, com freqüência acha méritos neles, efetivamente, a ponto de apreciar mais alguns deles do que os seus próprios costumes. Verificou ser este o caso?
in Despertai de 8/4/1972 pp. 5-8
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OBRIGADO RUI COSTA!
AMOR MEU, DOR MINHA
DOR MINHA QUE BATES NO CORAÇÃO,
OLHOS TEUS QUE CRUZAM COM A PAIXÃO;
PARA ONDE FORES CONTIGO IREI,
ONDE ESTIVERES AÍ FICAREI;
NA ROTA DO AMOR BUSCAMOS SINTONIA,
SENDO O MAIS IMPORTANTE A COMPANHIA;
FELIZ AQUELE QUE TE AMA,
E QUE PODE ALIMENTAR A CHAMA;
FICAREI. FELIZ. SINTO O TEU ABRAÇO FORTE,
SINTO QUE O AMOR NÃO ALIMENTA A MORTE;
POR TUDO ISTO UM ADEUS NÃO PERMITO,
NO NOSSO CORAÇÃO O AMOR NÃO É MALDITO.
OLHOS TEUS QUE CRUZAM COM A PAIXÃO;
PARA ONDE FORES CONTIGO IREI,
ONDE ESTIVERES AÍ FICAREI;
NA ROTA DO AMOR BUSCAMOS SINTONIA,
SENDO O MAIS IMPORTANTE A COMPANHIA;
FELIZ AQUELE QUE TE AMA,
E QUE PODE ALIMENTAR A CHAMA;
FICAREI. FELIZ. SINTO O TEU ABRAÇO FORTE,
SINTO QUE O AMOR NÃO ALIMENTA A MORTE;
POR TUDO ISTO UM ADEUS NÃO PERMITO,
NO NOSSO CORAÇÃO O AMOR NÃO É MALDITO.
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