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sábado, 9 de abril de 2011

As águas da terra — uma solução para a escassez de alimentos?




A AVOLUMANTE população da terra significa dezenas de milhares de novas bocas a alimentar a cada ano. Todavia, até mesmo agora, muitas pessoas morrem de fome, e outras estão famintas. Onde pode ser obtido o alimento para satisfazer a todos?

Crê-se comumente que as águas da terra sejam a fonte adequada. Certo escritor asseverou: “Não há necessidade de que ninguém passe fome na terra quando há uma reserva ampla, praticamente inexplorada e possivelmente ilimitada de alimento no mar.” Mas, será isso verdade? Dispõem os mares de suficiente reserva de alimentos?

Potencial Alimentar dos Mares

A quantidade de alimentos tirados das águas da terra aumenta dramaticamente. De menos de 19 milhões de toneladas métricas em 1950, a colheita anual aumentou para mais de 60 milhões de toneladas métricas. Isto talvez pareça uma grande quantidade. No entanto, calcula-se que equivale a pouco mais de 3 por cento do alimento humano total produzido. Pode o mar produzir muito mais?

Alguns, observando a amplitude do mar — cobre cerca de três quartos da terra — afirmam que pode. Mas, há um fato que alguns deixam de considerar. E este é que a maior parte do mar é virtualmente improdutiva de alimento, assim como a maior parte do solo.

O novo livro Environment — Resources, Pollution & Society (Ambiente — Recursos, Poluição e Sociedade), editado por W. W. Murdoch, observa: “O alto mar — calculadamente 90 por cento do oceano — é considerado um deserto biológico, contribuindo quase que nada para a atual pesca mundial e oferecendo pouco potencial para o futuro.” A maioria das criaturas marinhas vivem e são apanhadas nas relativamente rasas águas costeiras. Com efeito, os peixes se concentram em certas áreas próximas da costa. Por quê?

As áreas muito piscosas dispõem da correta combinação de vento, correntes e a inclinação da plataforma continental que traz das profundezas oceânicas a água carregada de nutrientes da vida marinha decomposta. Ao atingir os níveis do oceano em que a luz solar penetra, os nutrientes “ressurgentes” resultam da rápida proliferação das diminutas plantas e animais flutuantes de que se alimentam os peixes. Assim, a fonte acima-citada observa: “As áreas ressurgentes formam apenas cerca de 0,1 por cento do oceano, mas produzem a metade das reservas piscosas do mundo.”

De que significado é a concentração dos peixes em pequenas áreas do oceano e sua escassez nas demais partes? É como o biólogo William Ricker, especialista em pesca, avisou: O mar não é “um reservatório ilimitado de energia alimentar”. E o explorador submarino Jacques-Yves Costeau avisou, ao voltar de uma exploração mundial submarina, de que a vida nos oceanos diminuiu em 40 por cento desde 1950 devido à pesca em demasia e à poluição.

Assim, aparentemente, o homem não pode contar com os métodos convencionais de pesca a fim de aumentar grandemente as suas reservas alimentares. Com efeito, baseados em relatórios tais como o de Costeau, há perigo de que menos alimento se torne disponível nos mares, no futuro.

Outro Método

Todavia, alguns ainda acham que as águas da terra apresentam a solução para a escassez de alimentos. Observam que frotas pesqueiras singram os mares à procura de sua presa, assim como certa vez era comum os homens caçarem animais na terra. Mas, maior produtividade alimentar foi conseguida quando se transferiu a ênfase para a criação de animais terrestres, ao invés de caçá-los. Acha-se que similar transferência de ênfase poderia aumentar a produtividade do mar. O método de criar criaturas marinhas em cativeiro é chamado aqüicultura (cultura da água) ou maricultura (cultura do mar).

A aqüicultura recentemente captou a curiosidade pública. Mas, quais são suas perspectivas? Podem as criaturas que vivem na água ser criadas para servir de alimento, assim como o são o gado, porcos e outros animais terrestres? O que já tem sido feito neste campo? Será a aqüicultura a solução para se aliviar a escassez mundial de alimentos?

Prática Antiga, Todavia Produtiva

A aqüicultura é realmente uma prática antiga. Já por volta de 475 A. E. C., foi escrito na China, por Fan Li, um tratado sobre a criação de peixes. Outros povos, inclusive os antigos gregos e romanos, também praticavam tal arte.

Na China, a aqüicultura tem sido desenvolvida de modo que é importante fonte alimentar. Cerca de 1,5 milhões de toneladas métricas de carpas e peixes semelhantes são produzidos ali cada ano. Isso representa a maior parte da produção mundial, anual, da aqüicultura, de mais de 2 milhões de toneladas métricas.

O interior da China está pontilhado de tanques de água doce em que são criadas as carpas. A carpa foi reproduzida seletivamente a fim de produzir peixe de rápido crescimento e carnudo, com um mínimo de escamas. E os chineses tomam cuidado para impedir a sua reversão ao tipo selvagem. Que isto pode ocorrer rapidamente é demonstrado pelo que aconteceu quando a carpa foi introduzida nos EUA em 1877, e se permitiu que escapasse para os rios e lagos. Reverteu à variedade selvagem ossuda e escamosa que é com freqüência encontrada nas águas usadas para a pesca esportiva legal.

A aqüicultura também é praticada em ampla escala na Indonésia, nas Filipinas e em Formosa, e, bem extensivamente, na parte setentrional da Itália. Próximo das costas destes países, mantêm-se tanques de água salobre por centenas de hectares. Neles, os peixes-leite (um peixe tropical parecido a um grande arenque) e mugens são criados. Visto que a criação destes peixes em cativeiro se acha em estágio experimental, os filhotes têm de ser apanhados junto às margens e transferidos para tanques para amadurecer.

A produtividade nestes tanques torna proveitoso o esforço. Nas Filipinas, por exemplo, a colheita anual de peixes-leite é de cerca de 19 milhões de quilogramas, dando a média de uns 570 quilos por hectare. Na Indonésia, onde se desviam esgotos para os tanques, a produção anual às vezes excede 4.500 quilos por hectare. Tais peixes, contudo, precisam ser bem cozidos antes de serem comidos.

Cascudos, Trutas e Salmões

Nos EUA, avanços significativos foram obtidos em se criar peixes para alimento. Na última década, a aqüicultura de cascudos progrediu de apenas um punhado de aqüicultores que aprenderam a arte por errarem até acertarem até tornar-se uma indústria de vertiginoso crescimento. Por volta de 1970, havia uns 23.500 hectares de tanques, principalmente na área do delta do Mississipi. Tais tanques produziam cerca de 35 mil toneladas de cascudos! Isto representa uma colheita de quase 1.500 quilos por hectare, muito mais que os 340 a 570 quilos de carne de vaca por hectare produzidos no bom pasto.

A truta e o salmão também são importantes na aqüicultura, especialmente a truta arco-íris. No Vale do Rio das Cobras, em Idaho, EUA, vasto lago submarino torna possível rápido fluxo de água na temperatura correta (14,4° C) para os tanques de peixes, o que é ideal para a criação de trutas. E, por fornecer uma dieta especial às trutas arco-íris, obtém-se uma fantástica colheita anual de mais de 450.000 quilos de peixes por hectare! Colheitas similares por hectare têm sido conseguidas na Indonésia por se confinar a carpa em gaiolas de bambu numa corrente que corre rapidamente, e que é rica em dejeções.

Criar salmões envolve mais a técnica de “viveiros” que a de “cultura”. O salmão procria nos rios, emigra para o mar a fim de amadurecer e, levado pelo instinto, volta a seu lugar de nascimento anos depois para desovar. Pela seleção e alimentação especial, o salmão de rápido crescimento e robusto tem sido desenvolvido. Assim, ao invés de gastar os quatro anos usuais no oceano para amadurecer, alguns da nova variedade voltam a seu local de nascimento em apenas um ano. Visualiza-se que grandes cardumes artificiais de salmões serão produzidos, os quais poderão ser colhidos ao voltarem para sua casa, depois de um ano mais ou menos de pastagem no mar.

Cultivar Moluscos

A maioria dos moluscos, entre 4 a 5 milhões de toneladas métricas por ano, são tirados do mar pelos métodos convencionais de pesca. Mas, a cultura de ostras, camarões e outros moluscos também se torna comum, sendo que os japoneses lideram os progressos. Por exemplo, foram pioneiros no uso de culturas em suspensão para as ostras, práticas que agora se espalha para o resto do mundo.

Depois de sua incubação, as diminutas larvas de ostras nadam brevemente de um lado para outro em busca dum objeto duro adequado para se fixarem permanentemente nele a fim de se transformarem em forma adulta. No Japão, aperfeiçoou-se a prática de suspender fios de balsas de bambu em águas até com quinze metros de profundidade. Penduram-se nestes fios conchas de mexilhões espacejadas. As larvas de ostras, que se fixam às conchas de mexilhões aos bilhões são, depois de algumas semanas, reduzidas pelos cultivadores à densidade apropriada. À medida que as ostras crescem, adicionam-se flutuadores às balsas para evitar que afundem devido ao peso crescente.

Este método de suspensão possui várias vantagens. Protege as ostras dos predadores e de se depositarem no fundo do mar. E também permite que as ostras se alimentem do alimento suspenso na inteira coluna d’água. Usando este método, a colheita anual da Bacia de Hiroxima, no Japão, atinge até mais 56.500 quilos de carne de ostras por hectare!

Os crustáceos que se movem, tais como o camarão, são difíceis de cultivar. Por séculos, têm sido capturados camarões pequenos nas águas costeiras do Extremo Oriente e levados para tanques de água salobre para ali amadurecer até o tamanho de mercado. Não obstante, no Japão, a verdadeira maricultura de camarão é praticada com êxito em escala comercial. Ali, produzem-se camarões agora sob controle, desde os ovos até o mercado.

As fêmeas portadoras de ovos são apanhadas e mantidas em tanques de água do mar cuidadosamente controlados, onde liberam seus ovos. Antes de atingirem a madureza, os filhotes atravessam diversos estágios de larvas, durante os quais são mantidos em tanques interiores de água aquecida. Mais tarde, são transferidos para tanques ao ar livre, com arranjos para arejamento e circulação da água, a fim de amadurecerem para o mercado. Há agora várias fazendas de cultura de camarão no Japão, mas a maioria delas obtém o camarão quando ainda pequeno, visto que não possuem o equipamento técnico para criá-los desde o ovo.

A Verdadeira Maricultura Se Acha na Infância

Como se pode ver, a produção de alimentos pela aqüicultura provém principalmente de tanques de água doce e salobre. O verdadeiro cultivo do mar — a verdadeira maricultura — tem produzido pouca coisa. A maioria dos esforços de cultivar o mar têm sido experimentais, ou se acham apenas no estágio dos planos. Os ilhéus japoneses, que dependem do mar para obter 60 por cento de suas proteínas ingeridas, são especialmente ativos nesta pesquisa.

Represar áreas do mar para reter peixes não é, compreensivelmente, um projeto nada pequeno. No entanto, no Mar Interior de Seto, no Japão, tem sido feito — acham-se em operação fazendas do mar. Em uma fazenda, 72 hectares foram represados por cercas de fios ou redes em águas elevadas e seis hectares em águas rasas. Os olhetes, que crescem ao tamanho de mercado em questão de oito ou nove meses, são criados em alta densidade nestas fazendas fechadas.

Fechar uma área do mar é um verdadeiro desafio. Tem-se visualizado o fechamento de áreas por se lançar uma mangueira de plástico no leito do mar, pontilhada de pequenos buracos e ligada a um reservatório de ar. As bolhas de ar que subam serviriam qual cortina para manter afastada a indesejável vida marinha, e para prender os animais da fazenda.

Tem-se também observado que, no Oceano Pacífico, há atóis de coral em que anéis de recifes coralinos cercam lagoas rasas. Cientistas japoneses propuseram a criação de atum — peixe que pode alcançar centenas de quilos — em tais atóis selados.

Outra via de investigação tem sido a fertilização da água para sustentar os peixes. Em uma experiência, um cano de plástico de uns 9 centímetros foi estendido por cerca de um quilômetro e meio ao largo de Sta. Cruz, nas Ilhas Virgens. A água fria, rica em nutrientes, lançada nos tanques à beira-mar logo pululou de diminutas plantas, tornando-se ideal para a produção de peixes. Um cientista propôs uma draga marinha que trouxesse nutrientes das profundezas do mar e os distribuísse próximo da superfície. Daí, os peixes que talvez pululassem na área, devido ao “ressurgimento” artificial, poderiam ser colhidos.

Na Escócia, conseguiu-se êxito experimental na maricultura por se usar a descarga de água quente de uma usina de energia atômica. Por elevar a temperatura da água numa área fechada do mar, tanto a taxa de metabolismo como o apetite dos peixes — neste caso, solha e linguado — aumentaram, acelerando grandemente seu crescimento. No entanto, ao comentar esta experiência bem sucedida, a revista Sea Frontiers (Fronteiras do Mar) observou de forma interessante:

“‘Cultivar o mar’ é uma frase vista com freqüência, como se isto fosse uma extensão fácil do cultivo do solo. Com efeito, no tempo atual, os problemas são mais comuns do que os resultados, e a criação comercial de uma única espécie sequer representa tremendo esforço.” Assim, lembra-se-nos que a maricultura ainda se acha em sua infância.

Solução Para a Escassez de Alimentos?

No entanto, a necessidade de mais alimento é imediata, visto que muitos dentre a humanidade já estão passando fome. Pode o cultivo dos mares ser desenvolvido para suprir essa necessidade?

Os indícios são de que não pode. Conforme observou a revista BioScience: “É urgente afirmar, neste ponto, que a volta imediata da maricultura provavelmente contribua muito pouco para aliviar a fome dos povos subnutridos do mundo. É improvável que as exigências calóricas dos povos famintos do mundo possam jamais ser satisfeitas pelo mar. A contribuição para o alívio imediato da fome de proteínas será, no máximo, pequena.”

As melhores perspectivas para o cultivo da água parecem se achar no interior, onde, no presente, é muitíssimo produtivo. Isto se dá especialmente em vista da ameaça de que a poluição talvez arruíne o mar como fonte segura de alimento.

Sem dúvida, no futuro, muito mais será feito para se desenvolver a arte da aqüicultura, e muitas pessoas serão beneficiadas. Mas, não se pode depender dela para solucionar a crítica escassez de alimentos por parte do homem.

in Despertai de 8/5/1972 pp. 17-21

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OBRIGADO RUI COSTA!

AMOR MEU, DOR MINHA

DOR MINHA QUE BATES NO CORAÇÃO,
OLHOS TEUS QUE CRUZAM COM A PAIXÃO;

PARA ONDE FORES CONTIGO IREI,
ONDE ESTIVERES AÍ FICAREI;

NA ROTA DO AMOR BUSCAMOS SINTONIA,
SENDO O MAIS IMPORTANTE A COMPANHIA;

FELIZ AQUELE QUE TE AMA,
E QUE PODE ALIMENTAR A CHAMA;

FICAREI. FELIZ. SINTO O TEU ABRAÇO FORTE,
SINTO QUE O AMOR NÃO ALIMENTA A MORTE;

POR TUDO ISTO UM ADEUS NÃO PERMITO,
NO NOSSO CORAÇÃO O AMOR NÃO É MALDITO.